PF conclui que ex-presidente liderou plano de golpe; Marcos Rogério questiona
Porto Velho, RO – A Polícia Federal (PF) concluiu, em relatório de 884 páginas, que o ex-presidente Jair Bolsonaro teve participação ativa na organização e planejamento de um golpe de Estado contra o governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva. O documento, assinado por delegados, aponta a existência de um plano detalhado envolvendo militares e integrantes do governo, com ações que incluíam a prisão e execução de autoridades como Lula, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
Durante pronunciamento no Senado Federal, o senador Marcos Rogério (PL-RO) criticou o indiciamento do ex-presidente e colocou em dúvida as provas apresentadas. “As acusações parecem baseadas mais em conjecturas do que em provas robustas”, afirmou, questionando: “Onde estão as evidências de que houve uma tentativa de golpe? Golpe de quê? Golpe de narrativa.”
Relatório da PF descreve organização criminosa e trama violenta
No relatório, os delegados Rodrigo Morais Fernandes, Elias Milhomens de Araújo, Luciana Caires e Fábio Shor detalham que “os elementos de prova obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que Jair Messias Bolsonaro planejou, atuou e teve o domínio direto dos atos executórios realizados pela organização criminosa”.
Entre as evidências coletadas estão mensagens e registros de reuniões que descrevem o plano operacional denominado “Punhal Verde Amarelo”. Esse plano previa ações violentas, uso de força armada e a neutralização de adversários políticos. O documento também aponta que o ex-presidente participou de encontros com comandantes militares, nos quais pressionou por apoio às iniciativas golpistas.
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As provas incluem trocas de mensagens entre militares e integrantes do governo que discutiam medidas drásticas, como a prisão e execução de autoridades. Apesar da frustração inicial do plano, o relatório indica que aliados de Bolsonaro continuaram a planejar ações subversivas.
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Senador refuta provas e questiona narrativa
Marcos Rogério, em seu discurso, classificou o relatório como um exemplo de “uso político das instituições” e refutou a narrativa de golpe. “Sem Forças, sem armas, não tem tentativa, não tem golpe”, declarou o senador. Ele também afirmou que “Bolsonaro não deu aval para maluquices”.
Essas declarações contrastam com as informações do relatório, que sustentam que Bolsonaro não apenas tinha ciência das ações planejadas, como também participou ativamente de sua concepção e execução.
Encaminhamento ao STF e impacto político
O relatório foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para análise, enquanto o discurso do senador Marcos Rogério reflete a polarização em torno das investigações. A PF afirmou que “os elementos de prova colhidos corroboram as hipóteses criminais enunciadas na presente investigação, demonstrando autoria e materialidade dos fatos apurados”.
Sobre os indiciados, segundo a PF
1. Ailton Gonçalves Moraes Barros
- Articulou adesão de militares ao golpe.
- Direcionou ataques a comandantes das Forças Armadas contrários ao plano.
- Trabalhou sob ordens de Braga Netto para desestabilizar lideranças militares.
2. Alexandre Castilho Bittencourt da Silva
- Coronel responsável pela elaboração da “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa”.
- Pressionou o Alto Comando do Exército a apoiar a tentativa de ruptura democrática.
3. Alexandre Rodrigues Ramagem
- Como chefe da ABIN, produziu relatórios para subsidiar ataques às urnas eletrônicas e ao STF.
- Planejou ações para coagir autoridades policiais e desacreditar o sistema eleitoral.
4. Almir Garnier Santos
- Comandante da Marinha, apoiou o plano golpista.
- Colocou tropas à disposição de Bolsonaro para implementar as medidas golpistas.
5. Amauri Feres Saad
- Participou da elaboração de minutas golpistas, distorcendo o artigo 142 da Constituição.
- Atuou em reuniões para estruturar juridicamente o plano.
6. Anderson Gustavo Torres
- Ex-ministro da Justiça, integrou os núcleos jurídico e de desinformação.
- Elaborou decretos golpistas e disseminou narrativas falsas sobre as urnas.
7. Anderson Lima de Moura
- Coronel envolvido na redação da “Carta ao Comandante do Exército”.
- Incitou militares a aderirem ao plano antidemocrático.
8. Ângelo Martins Denicoli
- Major da reserva, colaborou na disseminação de fake news sobre urnas eletrônicas.
- Atuou com Fernando Cerimedo em plataformas digitais para atacar o sistema eleitoral.
9. Augusto Heleno Ribeiro Pereira
- General e chefe do GSI, liderou estratégias para desacreditar o processo eleitoral.
- Planejou medidas golpistas e a criação de um gabinete de crise pós-golpe.
10. Bernardo Romão Corrêa Netto
- Coronel que organizou reuniões estratégicas para pressionar comandantes militares.
- Disseminou fake news e coordenou ataques a lideranças contrárias ao golpe.
11. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
- Representante do IVL, divulgou informações falsas sobre as urnas eletrônicas.
- Colaborou diretamente com Valdemar Costa Neto e Bolsonaro.
12. Carlos Giovani Delevati Pasini
- Coronel central na elaboração da “Carta ao Comandante do Exército”.
- Incitou militares e civis a apoiar o golpe, mantendo mobilizações antidemocráticas.
13. Cleverson Ney Magalhães
- Coronel de Infantaria, participou de reuniões para pressionar comandantes militares.
- Planejou neutralizar o ministro Alexandre de Moraes.
14. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
- General e comandante do COTER, colocou tropas à disposição de Bolsonaro.
15. Fabrício Moreira de Bastos
- Coronel e analista do Centro de Inteligência do Exército, elaborou diretrizes para o golpe.
- Propagou desinformação contra comandantes resistentes ao plano.
16. Filipe Garcia Martins
- Assessor da Presidência, participou da elaboração de minutas golpistas.
- Coordenou encontros em Brasília para articular o plano.
17. Fernando Cerimedo
- Argentino que disseminou fake news sobre urnas eletrônicas.
- Coordenou campanhas de desinformação com o Gabinete do Ódio.
18. Giancarlo Gomes Rodrigues
- Subtenente do Exército, atuou na produção de desinformação direcionada ao STF.
- Propagou narrativas falsas em redes sociais e grupos infiltrados.
19. Guilherme Marques de Almeida
- Tenente-coronel especializado em Operações Psicológicas.
- Propagou desinformação e manteve narrativas antidemocráticas.
20. Hélio Ferreira Lima
- Tenente-coronel que elaborou o plano “Punhal Verde Amarelo”.
- Planejou ações clandestinas contra o STF e o presidente eleito.
21. Jair Messias Bolsonaro
- Liderou e coordenou as ações do grupo.
- Participou da disseminação de desinformação e reuniões estratégicas.
22. José Eduardo de Oliveira e Silva
- Elaborou minuta de golpe de Estado com Filipe Martins.
- Atuou em Brasília entre outubro e dezembro de 2022 para estruturar juridicamente o plano.
23. Laercio Vergilio
- General da reserva que incitou militares a aderirem ao golpe.
- Tentou persuadir comandantes das Forças Armadas a apoiar o plano.
24. Marcelo Bormevet
- Policial federal cedido à ABIN, disseminou desinformação contra o STF.
- Participou da organização criminosa ciente das minutas golpistas.
25. Marcelo Costa Câmara
- Assessor presidencial que integrou o núcleo de inteligência paralela.
- Coordenou monitoramento de Alexandre de Moraes e compartilhou itinerários de autoridades.
26. Mario Fernandes
- General da reserva e idealizador do plano “Punhal Verde Amarelo”.
- Coordenou ações para assassinar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.
27. Mauro Cesar Barbosa Cid
- Tenente-coronel que implementou estratégias golpistas.
- Monitorou autoridades e disseminou desinformação sobre urnas eletrônicas.
28. Nilton Diniz Rodrigues
- Coronel e atual General, articulou reunião de 28 de novembro de 2022 para pressionar comandantes do Exército.
29. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
- Economista que divulgou fake news para incitar adesão militar ao golpe.
- Publicou ataques contra comandantes militares resistentes ao plano.
30. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
- General da reserva e então Ministro da Defesa.
- Pressionou comandantes das Forças Armadas a apoiarem o golpe.
31. Rafael Martins de Oliveira
- Tenente-coronel que integrou ações operacionais do golpe.
- Monitorou autoridades e coordenou logística de ações clandestinas.
32. Ronald Ferreira de Araujo Junior
- Tenente-coronel que elaborou a “Carta ao Comandante do Exército”.
- Vazou estrategicamente o documento para criar pressão sobre o Alto Comando.
33. Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
- Coronel que coletou assinaturas para a carta antidemocrática e pressionou o Alto Comando.
34. Tércio Arnaud Tomaz
- Assessor presidencial, editou e propagou conteúdos falsos sobre urnas eletrônicas.
35. Valdemar Costa Neto
- Presidente do PL, promoveu narrativas de fraude eleitoral e ajuizou ações com base em dados falsos.
36. Walter Braga Netto
- General da reserva e ex-candidato a vice-presidente.
- Coordenou estratégias para pressionar líderes militares e implementar o golpe.
37. Wladimir Matos Soares
- Agente da Polícia Federal que forneceu informações sobre a segurança de Lula.
- Demonstrou apoio ao golpe e articulou logística de defesa do Palácio do Planalto.
AUTOR: INFORMA RONDÔNIA