Evento simbólico em Guajará-Mirim reuniu lideranças locais, ativistas e pesquisadores para denunciar os impactos ambientais e sociais das mudanças climáticas em Rondônia
AS INFORMAÇÕES SÃO DE BLOG DA LUCIANA OLIVEIRA
Porto Velho, RO – Em uma iniciativa promovida pelo Comitê de Defesa da Vida Amazônica (COMVIDA), diversas comunidades da bacia do rio Madeira se reuniram no auditório do Ministério Público em Guajará-Mirim para participar do Tribunal Popular Pelas Águas e pelo Clima. O evento simbólico teve como objetivo julgar os responsáveis pelos efeitos das mudanças climáticas na região, denunciando os impactos socioambientais sentidos por populações urbanas, rurais e florestais.
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A programação incluiu três mesas de debate, com relatos de indígenas, ribeirinhos, extrativistas e pequenos produtores, que compartilharam experiências de convivência com secas prolongadas, enchentes intensas e alterações na qualidade e disponibilidade da água. Os participantes descreveram como essas mudanças têm afetado diretamente a rotina e a sobrevivência de suas comunidades, gerando isolamento e dificultando o acesso a serviços básicos.
Além dos depoimentos, pesquisadores convidados discutiram as consequências de grandes empreendimentos de integração regional e a expansão do modelo agroexportador na bacia do Madeira. Foram apontados como fatores de agravamento da crise a contaminação dos rios por mercúrio e a pressão crescente sobre os territórios tradicionais.
A condução dos trabalhos do tribunal ficou sob responsabilidade de Amanda Michalski, Ouvidora Externa da Defensoria Pública de Rondônia. Em sua sentença simbólica, ela afirmou que há negligência por parte do Estado em todas as esferas, destacando que “o Estado permite que grandes empresários usem a máquina pública para apagar comunidades e degradar o meio ambiente”. Michalski defendeu ainda o respeito aos direitos territoriais, a equidade no acesso às políticas públicas e o cumprimento do contrato social.
O veredicto final foi pronunciado em coro pelos presentes: “Águas para a vida e não para a morte”. A manifestação marcou o encerramento do ato, que reuniu dezenas de pessoas e teve público rotativo devido à lotação do espaço.