Sem consciência de classe, trabalhadores seguem explorados, enquanto elites se protegem com poder e dinheiro,
O Brasil vive uma crise de memória e de consciência de classe. A primeira se reflete na falta de conhecimento sobre a própria história, o que nos condena a repetir os mesmos erros. A segunda é o reflexo de um país onde os trabalhadores, muitas vezes, não percebem que fazem parte de um embate permanente entre quem detém o poder e quem sustenta a economia com seu suor.
Memória seletiva e justiça desigual
O caso dos atos golpistas de 8 de janeiro expõe essa desigualdade. Enquanto centenas de manifestantes muitos levados pelo discurso de um “patriotismo” manipulado amargam prisão e até alegam envenenamento nas celas, Jair Bolsonaro (PL), gastou R$ 8 milhões com advogados para defendê-lo. O ex-presidente, que passou anos insuflando sua base contra as instituições, agora busca escapar das consequências, enquanto seus seguidores enfrentam a dureza da lei.
A história está repleta de exemplos parecidos. Líderes políticos usam a massa trabalhadora como escudo para seus interesses, mas, na hora da queda, abandonam aqueles que os seguiram cegamente. Isso aconteceu na República Velha, no golpe de 1964 e na Ditadura Militar, e segue acontecendo hoje.
O trabalhador e a luta de classes
A classe trabalhadora precisa entender que seus desafios não se resolvem com discursos vazios de “amor à pátria” que só beneficiam os donos do poder. A luta de classes é uma realidade histórica: os trabalhadores sempre tiveram que se organizar para conquistar direitos, desde a jornada de 8 horas até o direito a férias e aposentadoria. Hoje, com a precarização do trabalho e a retirada de direitos, essa luta se torna ainda mais urgente.
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Mas o que vemos? Um Brasil onde boa parte da população é levada a acreditar que os ricos e poderosos estão do seu lado, enquanto políticas públicas são desmontadas e a desigualdade cresce.
O Brasil precisa olhar para sua história e enxergar que os trabalhadores só avançam quando se organizam e compreendem seu papel. Não há “herói” político que resolverá os problemas do povo sem que o próprio povo tome consciência de seus direitos e lutas.
Enquanto a elite protege seus interesses, a classe trabalhadora segue iludida por promessas vazias e distrações que só a enfraquecem. O despertar para a realidade da luta de classes é urgente. Sem isso, continuaremos a repetir os erros do passado, sempre pagando o preço mais alto.
O risco silencioso dos jogos online
Enquanto a elite move as peças do tabuleiro, um novo problema afeta a classe trabalhadora: o endividamento e os transtornos causados pelos jogos online. Plataformas de apostas, disfarçadas de entretenimento, viciam jovens e adultos, levando muitos à ruína financeira. O apelo da “fácil riqueza” prende trabalhadores já explorados em um ciclo de perdas e frustrações.
Aqui também há um reflexo da luta de classes: empresas de apostas lucram bilhões enquanto o pequeno apostador perde o pouco que tem. Enquanto isso, transtornos como ansiedade, depressão e compulsão por jogos crescem sem que o Estado tome medidas eficazes.
Samuel Costa é rondoniense, advogado, professor e jornalista com especialidade em Ciência Política
