Derrotado nas urnas e na Justiça, senador tenta provocar o governador com post irônico nas redes sociais, mas recebe resposta direta e ácida: “fraqueza moral”
Porto Velho, RO – O senador Marcos Rogério (PL) escolheu o 1º de abril, o Dia da Mentira, para atacar novamente o governador de Rondônia, Coronel Marcos Rocha (União Brasil). Em publicação no Instagram, estampou sua própria imagem sorridente ao lado da frase “Nesse 1º de abril dedicamos essa homenagem…”, num gesto claro de tentativa de desgaste político. O alvo da vez é o mandatário estadual, potencial candidato ao Senado Federal em 2026.
O ataque vem no mesmo momento em que Rogério tenta se reafirmar como nome viável da ala bolsonarista no estado. Autoproclamado um dos candidatos do ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador sequer foi mencionado por ele durante participação no podcast “Inteligência Limitada”. Na ocasião, o único nome citado foi o do pecuarista Bruno Scheid, anunciado como aposta do ex-morador do Alvorada para uma das vagas ao Senado de Rondônia.
Ignorado, Rogério voltou ao velho método: provocar adversários diretos para se manter no jogo. A estratégia espelha a de Scheid, que, ao ser chancelado por Bolsonaro, mirou seus ataques no senador Confúcio Moura (MDB), também possível candidato à reeleição. Com isso, os dois aliados evitam bater em Jaime Bagattoli, senador do mesmo partido, com mandato até 2030. O plano de guerra é dividido: Scheid contra Confúcio; Rogério contra Rocha.
A tática, porém, parece estar envelhecendo mal. O senador acumula uma sequência de quatro derrotas eleitorais. Foi superado por Rocha no primeiro turno de 2022. Caiu de novo no segundo turno. Tentou reverter o resultado na Justiça, mas foi derrotado em primeira instância. No recurso, mais uma derrota. Ainda assim, o senador parece disposto a emplacar o “quinto turno” — agora no campo simbólico e virtual, com frases de efeito e provocações nas redes.
A publicação, com tom irônico, foi acompanhada da legenda: “Hoje é 1º de abril e não posso deixar essa data passar sem lembrar de algumas promessas feitas pelo governador de Rondônia durante a campanha, mas que nunca foram cumpridas. Não é com prazer que falo sobre isso, mas com responsabilidade.”
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Apesar da tentativa de parecer técnico e institucional, o gesto teve resposta imediata. Nos comentários da própria postagem, Marcos Rocha devolveu: “Não ligo para esses bullings [sic], pois sofri isso a minha vida toda. É só mais um fraco demonstrando sua fraqueza moral e jogando para outros a sua própria característica.” A declaração funcionou como um verdadeiro “chá revelação” de caráter político — direto, pontual e sem disfarces.

O episódio também expõe uma contradição profunda na trajetória de Marcos Rogério. Sua ascensão partidária mais recente não se deu nas urnas, mas no “tapetão”. Em aliança com Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, tomou o comando da sigla em Rondônia das mãos do senador Jaime Bagattoli. Não houve votação, nem debate interno. Foi um movimento vertical, que motivou o desabafo público de Bagattoli: “Eu não tenho forças.”
Além disso, Rogério carrega um histórico político que contradiz sua atual persona. Começou no PDT de Leonel Brizola, sob o ideário do trabalhismo. Depois, migrou para o DEM, símbolo do Centrão, e finalmente abraçou o bolsonarismo ideológico. No entanto, sua adaptação ao espectro mais radical da direita não trouxe vitórias — apenas derrotas e desconfiança.
A insistência em provocar, atacar e tentar se reposicionar pela retórica não é nova, mas tem perdido fôlego. Em 2022, Marcos Rocha venceu sem apoio direto de Bolsonaro e também por adotar uma postura mais pragmática. Sua campanha conseguiu atrair eleitores moderados e herdou parte do capital político de Léo Moraes (Podemos), que teve mais de 119 mil votos, e Daniel Pereira (PSB), que obteve mais de 81 mil.
Enquanto isso, Marcos Rogério parece preso à própria caricatura: o paladino da nova direita que briga com tudo e com todos, sem apresentar projetos sólidos ou conquistas de gestão. No embate do 1º de abril, a tentativa de tachar o governador como mentiroso saiu pela culatra. Recebeu uma resposta dura, que o expôs não apenas como provocador, mas como figura esvaziada de conteúdo.
A esta altura, não se trata apenas de disputa por espaço. Trata-se de uma diferença fundamental de estratégias. O eleitor rondoniense já entendeu o recado. O tempo das bravatas passou. Discurso sem entrega não convence mais. Quem insiste nesse caminho — como faz Marcos Rogério — arrisca transformar toda nova tentativa de eleição numa repetição das derrotas anteriores. Ou, como ficou claro nesse 1º de abril: numa revelação involuntária de si mesmo. Foi buscar lã e saiu tosquiado.
