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VISÃO PERIFÉRICA
E se todo político se tornar um influenciador digital?

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É lamentável a confusão que se faz entre conceitos de marketing político pessoal digital e comunicação institucional.

Imagine em 1994 se Fernando Henrique Cardoso, o FHC, divulgasse o Plano Real dançando break em cadeia nacional; ou, melhor ainda, usando e abusando de efeitos da época para difundir um espancamento à inflação. Um tipo ornamentado por onomatopeias, efeitos de fumacê produzidos com gelo seco e uns letterings precários saídos diretamente do Word 95 cumpririam bem a proposta de brincar com o ideário brasileiro.

Esse personagem, caricato, existiu. E era trazido à baila diante da audiência pelo saudoso e eterno Casseta & Planeta, na era de ouro da Rede Globo de Televisão.

Assim como FHC, outros tantos como o próprio Itamar Franco ou mesmo Lula em seu primeiro mandato, no comecinho do novo milênio.

Hoje, a sátira não é mais pela gozação. É para informar! Acredite se quiser. Os políticos compreenderam o vício em tela e eles próprios se tornaram mercadoria gratuita de conteúdo cibernético.

Rodrigo Manga, o prefeito de Sorocaba, usa e abusa do método; Léo Moraes, do Podemos, alcaide em Porto Velho, idem.

Ambos soam como atores espontâneos de si próprios. Se postam naturalmente diante de roteiros criados minuciosamente para torná-los celebridades da edificação, da produção, dos resultados — enfim, do empírico.

Com isso, houve a redução exponencial entre os olhos do espectador, leia-se, eleitor, ou, melhor dizendo, potencial eleitor, e os seus representantes escolhidos a dedo. Curiosamente, o mesmo dedo que rola a tela apreciando montanhas homéricas de façanhas. Eles sabem o que estão fazendo e o fazem com maestria.

Ainda que efetivo, o método não serve a qualquer um. Sem uma natureza comunicativa enérgica e objetiva sobra um bicho-preguiça lerdo, inexpressivo e com o carisma de um prego enfiado no pé.

O cidadão espera confronto. E, na ausência dele, qualquer coisa que injete a adrenalina e faça valer esses vídeos memetizados e virais.

Quando Léo Moraes começa um vídeo dizendo: “Acabou!”, de forma enfática e ligeiramente raivosa, subentende-se um conflito, antagonismo com algo ou alguém. E a briga, seja real ou com o vento, é a mola propulsora dos desejos mais remotos do público médio.

Lado outro, quando se fala em administração — jornalismo institucional, no caso — até vale uma brincadeirinha ali e acolá. Porém, definitivamente não é o lugar certo para experimentar, por exemplo, botar o Coronel Jefferson para rebolar no canal oficial da Secretaria de Estado (Sesau/RO) anunciando um novo hospital pra Rondônia com trendizinha musical.

De forma resumida e chegando aos finalmentes, são coisas distintas. Uma coisa é uma coisa; coisa outra é coisa outra. O trabalho sério de gestão, a meu ver, tem de ser preservado de maneira séria, informativa e clássica.

Agora, se o político quiser requebrar, interpretar, fingir que é o Jiraiya, dar voleio nos inimigos, descer até o chão à base de Oruam.mp3, aí são outros quinhentos.

AUTOR: VINICIUS CANOVA

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