Diretor da companhia afirma que senador Confúcio Moura é responsável pela devolução de R$ 800 milhões em investimentos
Porto Velho, RO – O diretor técnico-operacional da Companhia de Águas e Esgotos do Estado de Rondônia (Caerd), Lauro Fernandes da Silva Júnior, fez duras críticas ao senador Confúcio Moura (MDB), ex-governador do Estado, e ao ex-prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), durante entrevista ao podcast Resenha Política. Em sua fala, Fernandes atribuiu à gestão de Confúcio a perda de cerca de R$ 800 milhões em recursos federais que seriam destinados ao saneamento básico. Já sobre Hildon, afirmou que o ex-prefeito será alvo de ação judicial movida pela própria Caerd por declarações ofensivas contra a empresa.
“Foi um dos maiores repasses da União para empresas públicas de saneamento, e infelizmente os projetos não foram executados”, disse Fernandes, ao relembrar a passagem de Iacira Azamor pela presidência da estatal no governo Confúcio. Segundo ele, a ausência de compromisso com a execução orçamentária comprometeu obras estruturantes, como a construção de lagoas de tratamento de esgoto em Porto Velho, que hoje estão sendo retomadas com apoio do governo Marcos Rocha (União Brasil).
Durante o programa, o diretor também confirmou que a Caerd ingressou com ação contra Hildon Chaves por danos morais. A motivação seriam falas públicas nas quais o ex-prefeito classificou a empresa como “falida”. “Na época, o Hildon Chaves, com toda aquela arrogância dele, inclusive está respondendo judicialmente por isso. Ele propagou informações falsas e a população acreditou”, afirmou. Fernandes ainda acrescentou que o município deixou de repassar R$ 12,5 milhões à companhia, valor que acabou prescrito.
A entrevista trouxe ainda dados sobre o funcionamento atual da Caerd. A empresa opera em 35 dos 52 municípios rondonienses, e sua arrecadação teria subido de R$ 9 milhões para R$ 18 milhões mensais após reforço na fiscalização, parcerias com órgãos de controle e renegociações com credores. Um dos principais marcos da atual administração foi a redução de uma dívida com a União de R$ 1,6 bilhão para cerca de R$ 300 milhões, o que, segundo o diretor, devolveu à estatal a condição de obter certidões positivas e retomar investimentos.
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Entre as obras em execução, Fernandes citou um projeto de R$ 240 milhões em Porto Velho para ampliar a capacidade de fornecimento de água, com financiamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Uma nova estação de tratamento foi instalada e já opera com capacidade de até mil litros por segundo. A expectativa, conforme relatado, é abastecer bairros ainda sem acesso à rede nos próximos 90 dias.
O diretor também abordou o processo de regionalização do saneamento básico no estado. Ele explicou que, embora a Caerd possua concessões em 35 municípios, a condução do processo está a cargo do governo estadual, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec). A proposta discutida é de uma concessão plena, elaborada com apoio técnico do BNDES, mas Fernandes defendeu um modelo híbrido, em que a Caerd cuide da produção de água e o setor privado da distribuição, similar ao que ocorre com a Energisa.
A resistência de prefeitos à proposta, segundo ele, se deve à desinformação e à ausência de participação ativa nas etapas anteriores do processo. “Muitos gestores sequer compareceram às reuniões e agora demonstram desconhecimento sobre a Lei Complementar nº 1.200/2023”, comentou.
Ainda sobre o tema, Fernandes rebateu críticas do vereador Tiago Tesari sobre o suposto desperdício de 70% da água produzida pela companhia. Ele negou o percentual e esclareceu que os dados de perdas mais recentes giram em torno de 55% a 60%, causadas principalmente pela ausência de hidrômetros e por ligações clandestinas. “É diferente de desperdício. A perda é técnica e se deve, em grande parte, à falta de medição real do consumo”, explicou.
O diretor finalizou apontando riscos sanitários relacionados aos poços artesianos domiciliares, que estariam captando água contaminada sem tratamento adequado. Ele defendeu a expansão da rede pública de abastecimento e reafirmou o compromisso da atual gestão com a melhoria do serviço. “A Caerd tem condições de operar, desde que haja responsabilidade e vontade de fazer acontecer”, declarou.