Racha na direita e embates por protagonismo expõem bastidores da política rondoniense às vésperas de 2026
AUTOFAGIA
A cada dia a relação entre o governador Marcos Rocha e seu vice Sérgio Gonçalves fica de mal a pior. Na medida que se aproximam as eleições de 2026, as pretensões de Rocha em disputar uma vaga senatorial e Gonçalves a sucessão governamental estão cada vez mais difíceis devido a uma autofagia que azedou este convívio, principalmente após a defenestração de Junior Gonçalves da Casa Civil, e que se aprofunda com acusações de supostos malfeitos ocorridos no âmbito governamental.
VIAJANDO
A coluna ouviu um relato de um deputado estadual sobre as viagens do governador Marco Rocha que, se tornado público, abala em muito o bordão sobre valores cristãos e familiares forjado pelo espectro ideológico ao qual o governador se filiou para vencer duas eleições.
TRAGÉDIA
O que está acontecendo nas hostes governamentais é um replay da deterioração de um grupo que por sete anos se manteve coeso e fechado na administração estadual e que começa a ruir em razão dos interesses agora contrariados. É também o começo do fim de um grupo que não soube conter os egos superlativos que afloraram, na medida que perceberam que o poder é finito e cada qual que salve o seu glúteo. Essa repetição autofágica da política é bem conhecida aos olhos dos observadores e o epílogo não raro é uma tragédia anunciada.
REAÇÃO
Junior Gonçalves, ex faz tudo do governo, tem dito por aí que vem sendo alvo de membros do grupo ao qual foi um dos seus comandantes e que vai reagir aos ataques apontando os algozes e as razões pelas quais querem lhe aniquilar moralmente.
SOPAPOS
Na história da literatura política, a briga entre membros da mesma organização revela muito mais coisas do que a imaginação popular alcança. E nessa confusão que se instalou em Rondônia, cabe a este cabeça chata torcer pela briga porque somente assim será possível conhecer a verdade e a ‘verdade salvará’… (pelo menos os interesses da população).
SENADO
Há três coisas que não voltam atrás: a flecha lançada, a palavra dita e a oportunidade perdida. Esta frase é um provérbio que alerta para a importância de pensar antes de agir, falar e aproveitar a oportunidade.
TRADUÇÃO
Uma vez a flecha atirada, não há como mudar de direção. O mesmo se aplica a ações e decisões que são tomadas sem reflexão, visto que as consequências são imprevisíveis. A palavra, quando pronunciada, não pode ser apagada ou recolhida. Uma vez falada, mesmo que o arrependimento surja ao meio do caminho, sua sonoridade já fez o efeito desejado. E a oportunidade quando perdida é a prova cabal de que o tempo é finito. Faltou ao governo de plantão traduzir o provérbio e aplicar com cautela aos seus membros. Hoje, o que assistimos em público, é um bando de gente atirando um contra o outro e que se comentava apenas em privado. Aguardemos, pois, este final autofágico dos governistas.
REFLEXOS
AS ÚLTIMAS OPINIÕES
++++
Junior Gonçalves foi coordenador da campanha de reeleição de Marcos Rocha e responsável por contratar e pagar todas as despesas do pleito e é, portanto, depositário de informações que poucos na campanha tiveram conhecimento, incluídos aí o candidato. Fustigar ele com vara curta para força-lo recolher o flap não é a estratégia mais inteligente a ser adotada. Em conversa informal com a coluna ele revelou que vai reagir as acusações e estuda fazer uma live para explicar os fatos. Os reflexos desta guerra declarada pelos governistas contra seu principal articulador das da reeleição são imprevisíveis.
FARPAS
A última ligação entre o prefeito Léo Moraes e o deputado federal Maurício Carvalho não foi um diálogo de elogios. O prefeito da capital não gostou da acusação que o parlamentar fez nas mídias sociais de que inaugura obras com emendas da sua autoria e da irmã sem citar seus nomes.
BOICOTADO
Léo não gostou da acusação e ligou direto ao Maurício e travou uma fala sem meias palavras com adjetivos impublicáveis. Segundo o prefeito, a toda obra na capital oriunda de emendas parlamentares será dado o crédito ao autor porque ele, quando deputado federal, colocou emendas para Porto Velho e foi boicotado pelo ex-prefeito nas inaugurações.
POPULARIDADE
A coluna obteve acesso a duas pesquisas que tabularam os números dos principais prefeitos rondonienses e que revelam o excelente desempenho que estão tendo em suas administrações os prefeitos Léo Moraes (PVH), Adailton Fúria (Cacoal) e Flori Cordeiro (Vilhena). Com os três com popularidade nas alturas, os dois últimos ensaiam renunciar aos mandatos em abril do próximo ano para disputarem as eleições estaduais.
IMPOPULAR
Quem não anda muito bem entre os eleitores é o prefeito de Ji-Paraná, Afonso Cândido. Assumiu uma prefeitura destroçada por uma administração desastrada e envolta em escândalos, mas Afonso está sendo incapaz de consertar o estrago. Razão pela qual é o prefeito menos avaliado entre os eleitos.
RESSOA
A reação do bolsonarista Bruno Scheid a uma entrevista do ex-senador Valdir Raupp ao programa “Dinos”, na SIC TV, demonstra que uma fala do ex-senador ainda ressoa na política estadual.
BOLHA
Ao ouvir a crítica de Raupp de que a candidatura ao Senado tem como única e exclusiva intenção cassar ministros da Suprema Corte, Scheid foi às redes sociais para declarar à “bolha” que o senador tem a mais absoluta razão e que a principal tarefa é cassar mesmo ministros do STF, caso seja eleito senador. Bruno Scheid é o mais novo pupilo em Rondônia de Jair Bolsonaro e tem seu apoio irrestrito para a disputa.
RETROCESSO
Na hipótese de Bruno Scheid ser eleito, Rondônia passa a ceder mais um senador aos interesses bolsonaristas a despeito dos interesses do povo rondoniense uma vez que, Jaime Bagatolli, atualmente senador, é uma nulidade como parlamentar para os interesses estaduais e um prócere defensor das pautas da ‘bolha’ bolsonarista que atua em nível nacional sobre costumes e comportamentos. Tais pautas políticas não refletem as pautas desenvolvimentistas essenciais à economia estadual.
CINISMO
Quem assistiu ao depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro ao ministro Alexandre Moraes percebeu a forma pela qual o capitão trata hoje com desprezo os insurretos que ocuparam a frente dos quartéis para impedir a posse do presidente Lula. Bolsonaro chamou aqueles extremistas de malucos, morfologicamente tascou a maluquice dos seguidores na forma adjetiva e substantiva. Já o pedido formal de desculpa ao ministro do STF soou como cinismo. Os malucos merecem o mito que possuem. E o mico em que se transformou a tentativa de uma insurreição tupiniquim.
