Deputado de Rondônia se manifesta após medidas cautelares contra Bolsonaro; senador Carlos Portinho tenta redirecionar tema
Porto Velho, RO – Durante entrevista coletiva realizada por parlamentares da oposição no Senado Federal, o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) mencionou o golpe de 1964, fez apelos às Forças Armadas e gerou reações entre os presentes. O evento foi convocado em razão das medidas cautelares impostas pela Polícia Federal ao ex-presidente Jair Bolsonaro, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As medidas incluem uso de tornozeleira eletrônica, entrega do passaporte e restrição de contatos.
Ao iniciar sua fala, Chrisóstomo criticou a decisão judicial. “Brasileiro não aceita isso, não somente nós parlamentares aqui do Congresso Nacional, mas chega!”, disse. Em seguida, declarou que Bolsonaro “sempre nos orienta” a agir corretamente e afirmou que “o Brasil quer paz”.
O deputado também mencionou seu papel como relator de uma proposta sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que teria reunido 383 assinaturas e, segundo ele, foi anulada por decisão judicial. “Quanta tristeza a gente lutar, fazer um relatório pensando no Brasil, nos mais pobres, e um único cidadão derruba a vontade de 383 deputados e praticamente a aclamação do Senado”, declarou.
Na parte mais controversa do pronunciamento, Chrisóstomo citou diretamente o golpe militar. “E na década de 60 e 64, a imprensa agiu em favor do povo. Está na hora da imprensa brasileira agir em favor do povo brasileiro”, afirmou. Ele prosseguiu: “Porque o comunismo já está à porta. Eu só quero fazer o último pedido aqui agora para as Forças Armadas. […] Me orgulhei das Forças Armadas em 64, embora fosse ainda menino.”
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Diante das falas, um jornalista presente questionou: “Deputado, o senhor falou de 64 […] agora o senhor está invocando as Forças Armadas para ficar do lado do povo. O que o senhor quer, basicamente, com isso, fazendo referência a 64 duas vezes?”
O senador Carlos Portinho (PL-RJ), também presente, tentou afastar o foco do tema. “O órgão com relação às Forças Armadas foi dito, inclusive, na minha manifestação. Há generais de alta patente presos e há um corte sucessivo no orçamento das nossas Forças Armadas”, disse. Sem entrar no mérito da fala de Chrisóstomo, completou: “Isso é suficiente a resposta. O assunto não é esse. Vamos ao assunto e à posição das lideranças que manifestaram pelo conjunto.”
Outro jornalista questionou se havia, por parte dos parlamentares, defesa de uma intervenção militar. Portinho respondeu: “O que a gente quer é democracia. O que a gente não tem no país hoje é uma democracia real.”
A entrevista coletiva ocorreu um dia após a Polícia Federal cumprir as medidas cautelares contra o ex-presidente, autorizadas no contexto de inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal.