Parlamentar do Republicanos de Rondônia criticou decisões do ministro Alexandre de Moraes, defendeu obstrução e acusou mídia de atuar em defesa do Supremo; vídeo foi publicado enquanto sessões estavam suspensas
Porto Velho, RO – O deputado federal Thiago Flores, do Republicanos de Rondônia, publicou na última quarta-feira, 6 de agosto, um vídeo em sua conta no TikTok no qual critica duramente o Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente o ministro Alexandre de Moraes, e acusa a imprensa de agir em conluio com o governo federal. A publicação ocorreu durante a paralisação das sessões do Congresso Nacional, provocada por obstrução promovida por partidos da oposição.
“Fala Rondônia, agora são oito e meia da noite e, como vocês devem estar acompanhando, os presidentes das casas, tanto da Câmara Federal como também do Senado Federal, cancelaram todas as sessões do Congresso hoje”, iniciou Flores no vídeo. Segundo ele, a suspensão se deu em razão da obstrução liderada por parlamentares oposicionistas, “de maneira legítima” e com base no regimento interno das casas legislativas.
Ao justificar a medida, o deputado afirmou: “Se nós esperássemos nos socorrer do STF para haver reconhecido algum direito que lhe é da oposição, sabe quando isso aconteceria? Nunca, nunca.”
Flores destacou que a obstrução não era exclusiva do Partido Liberal (PL), mas contou com apoio de outras legendas. “É uma obstrução sem data pra acabar”, declarou, acrescentando que a medida era uma reação às ações do ministro Alexandre de Moraes, que, segundo ele, pratica “severas atrocidades reiteradas”.
Durante a gravação, Thiago Flores direcionou críticas à imprensa nacional, afirmando que veículos de comunicação estariam sendo financiados com recursos públicos e contratando advogados “com um viés de esquerda indisfarçável” para defender as decisões de Moraes.
“O engraçado é que eles fazem verdadeiros malabarismos jurídicos para dar a impressão à sociedade de que as decisões tomadas pelo Alexandre Moraes são todas corretas, amparadas em lei”, disse o parlamentar.
AS ÚLTIMAS OPINIÕES
Na parte mais contundente do vídeo, Flores comentou sobre juristas que consideram “questionáveis” algumas decisões do ministro. Em tom provocativo, afirmou: “Pessoal, questionável é o meu ovo.”
Na sequência, apresentou uma série de críticas à atuação de Moraes, citando decisões como a proibição de contato entre pai e filho em sede de medida cautelar, o uso de tornozeleira eletrônica contra um réu que, segundo ele, comparece a todos os atos do processo, e a decretação de prisão domiciliar sem manifestação prévia do Ministério Público. “Você concentrar na mesma figura as funções de vítima, de acusador e de juiz, como o faz o ministro Alexandre de Moraes, sem cerimônia alguma, isso é questionável?”, perguntou o deputado. “Não, definitivamente não. O que eu acabei de mencionar aqui são uma série de ilegalidades passíveis de responsabilização.”
Flores encerrou o vídeo pedindo ao presidente do Senado que coloque em pauta o processo de impeachment de Alexandre de Moraes. “Senhor presidente do Senado, faça o que a sociedade espera do senhor. Coloque em pauta o impeachment e fora Moraes”, concluiu.
Contexto
A publicação do deputado Thiago Flores ocorreu durante o período de obstrução dos trabalhos legislativos na Câmara dos Deputados, iniciado por parlamentares da oposição em protesto contra decisões do STF e, em especial, contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes.
Segundo reportagem publicada pelo jornal *O Globo* às 1h da madrugada de 7 de agosto de 2025, a obstrução foi encerrada após acordo entre líderes partidários. O presidente da Câmara, Hugo Motta, anunciou que deverá discutir, em nova reunião com os líderes, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe o fim do foro privilegiado — um dos principais temas de interesse dos parlamentares bolsonaristas.
A obstrução havia sido mantida mesmo após advertências de que os deputados poderiam ter seus mandatos suspensos caso insistissem em ocupar a mesa diretora da Câmara. O acordo que encerrou a paralisação incluiu, entre outros pontos, a possibilidade de votação da PEC que restringe o foro por prerrogativa de função, preservando-o apenas para chefes dos três Poderes.
Embora os debates sobre a proposta tenham avançado, líderes partidários avaliam que não haverá tempo hábil para qualquer mudança que afete o julgamento de Jair Bolsonaro, previsto para setembro no STF.