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RESENHA POLÍTICA
Família Bolsonaro conspira; mudanças na Ficha Limpa não habilita Cassol; e Vinícius acerta índices de queimada em agosto

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Conspiração familiar, autodefesa legislativa e dilemas da moralidade eleitoral se misturam às análises sobre meio ambiente e política nacional.

Por Robson Oliveira - quarta-feira, 03/09/2025 - 08h45

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Nesta edição de Resenha Política, Robson Oliveira aborda os movimentos de Eduardo Bolsonaro no cenário internacional, a discussão no Congresso sobre blindagem parlamentar e mudanças na Lei da Ficha Limpa, além de reflexões sobre queimadas em Porto Velho e os efeitos das políticas ambientais adotadas na capital.

CONSPIRAÇÃO

A defesa intransigente das tarifas americanas por Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não é um ato isolado de subserviência ideológica, mas parte de uma engrenagem maior. Ao se alinhar de corpo e alma aos interesses de Trump e da extrema-direita norte-americana, o filho 03 pavimenta uma via de mão dupla: em troca da lealdade cega, busca mobilizar pressão externa contra o Judiciário brasileiro, justamente no momento em que o STF conduz o julgamento que pode levar Jair Bolsonaro à condenação. Ou seja, a trama não é apenas para livrar o próprio pescoço, mas para tentar blindar o pai. Trata-se de uma conspiração de família que instrumentaliza a soberania nacional como moeda de troca — vendida a preço vil em nome da impunidade.

TRAIDOR

Os movimentos de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ultrapassam qualquer limite do debate democrático. Não se trata apenas de opiniões controversas ou de alinhamentos ideológicos: ao conspirar com potências estrangeiras contra a economia e o sistema de Justiça do Brasil, o deputado incorre em atos de traição à Pátria.

CASSAÇÃO

A Constituição é clara ao prever a perda de mandato para quem atenta contra a soberania nacional. O Congresso, que já fechou os olhos para muitos abusos, tem diante de si a oportunidade de mostrar se ainda serve ao país ou se continuará refém da família Bolsonaro. A cassação de Eduardo não seria vingança política, mas um gesto mínimo de defesa da República. Não se critica aqui a defesa do pai feita por um filho. Mas os meios utilizados pelo filho para alcançar os objetivos do pai não são toleráveis.  Todas as pesquisas revelam que a maioria da população reprova a ação traidora do parlamentar brasileiro. A saíde é cassação.

BLINDAGEM

O Congresso Nacional, essa redoma de engravatadas, dedica-se agora a um projeto de lei que tem a delicadeza de pensar no sofrimento dos verdadeiramente esquecidos da pátria: os próprios parlamentares. Não bastava o foro privilegiado, as regalias monárquicas, os auxílios que dariam inveja a um marajá da Índia colonial. Era preciso mais: uma blindagem total, uma redoma de cristal contra qualquer curiosidade inconveniente da Justiça.

HERÓIS

O Brasil tem 33 milhões de famintos? Detalhe. Hospitais sem gaze, sem médicos, sem teto? Pormenor. Escolas caindo aos pedaços? Trivialidade. Mas imagine o suplício de uma Excelência ter de responder a um inquérito, ser chamado a explicar movimentações suspeitas, atender a um delegado ousado? Horror! Inaceitável! É preciso proteger esses heróis nacionais da brutalidade da lei.

CINISMO

O projeto é, em essência, a consagração de um cinismo já praticado à luz do dia. A política brasileira sempre foi um teatro de máscaras, mas agora as máscaras caíram, e os atores continuam no palco como se nada tivesse acontecido. O público — nós — assiste, paga o ingresso compulsório via impostos e ainda aplaude, porque no Brasil a indignação dura menos que trending topic.

DECADÊNCIA

Paulo Queiroz, escriba mais ácido e genial que viveu em Rondônia,  diria que vivemos uma ópera bufa de quinta categoria, encenada por pigmeus morais com ares de estadistas. Eu diria apenas que estamos diante de um espetáculo deprimente: o Legislativo legislando para si mesmo, como se fosse um sindicato de aristocratas decadentes.

FARSA

E nós? Continuamos tropeçando na vida real, sem blindagem contra a inflação, a violência, o desemprego. Somos carne de pescoço, enquanto eles se protegem com couraça de ouro. O nome disso não é democracia, é farsa com crachá oficial.

FICHA LIMPA

No Senado, aprovou projeto que modificou a Lei da Ficha Limpa, flexibilizando prazos e reduzindo as restrições a candidatos condenados. Mas colocou travas quanto aos crimes de improbidade, entre outros. A medida divide opiniões: de um lado, parlamentares alegam necessidade de corrigir excessos e evitar punições desproporcionais; de outro, críticos denunciam retrocesso ético, que fragiliza a moralidade eleitoral e abre espaço para a volta de figuras carimbadas pela Justiça. Flexibilizar regras em nome da conveniência pode custar caro à credibilidade da política.

RISCOS 

O debate em torno da Ficha Limpa revela um dilema profundo: o sistema político busca reduzir a judicialização da política, mas corre o risco de ampliar a presença de condenados nas urnas. Em ano de tensão institucional, a mudança pode soar como autodefesa corporativa do Congresso, em desconexão com a opinião pública que ainda cobra moralização da vida pública. Não há democracia sólida sem a confiança de que as regras valem para todos.

HABILITAÇÃO                             

Pelo projeto aprovado, a princípio, não habilita Ivo Cassol para as eleições de 2026, uma vez que a condenação que o inabilitou deriva das exceções que a nova lei deixou fora da nova regra. Crimes de improbidade, entre outros, permanecem hígidos na regra anterior. Ademais, caberá ao presidente Lula sancionar ou vetar a mudança. É lorota que a mudança põe o ex-governador de volta à cena eleitoral .

QUEIMADAS

Confirmaram-se as previsões feitas pelo secretário municipal de Meio Ambiente de Porto Velho, Vinicius Miguel: este ano registramos o menor índice de queimadas. Agosto passou sem repetir o cenário caótico do ano passado, quando a fumaça sufocava a cidade, superlotava postos de saúde e hospitais, fechava por várias vezes o aeroporto e ainda produzia reflexos nocivos sobre a economia estadual.

AÇÕES

Em 2024, o quadro foi outro. O mês se encerrou de forma mais amena, sem o colapso no atendimento hospitalar e sem os prejuízos à logística e ao comércio. Uma mudança que, além de refletir condições climáticas menos adversas, também revela os efeitos de políticas ambientais e preventivas conduzidas pela gestão municipal.

NEGACIONISMO

Curioso é que, mesmo diante de evidências tão claras, ainda há quem insista no negacionismo barato, tratando políticas ambientais como “desperdício de recursos” ou “agenda ideológica”. É a mesma turma que fecha os olhos para a fumaça, mas reclama quando o aeroporto atrasa voos; que nega os impactos das queimadas, mas corre para o pronto-socorro quando a tosse aperta. Em Porto Velho, pelo menos neste agosto, a realidade foi mais convincente do que qualquer discurso raso.

AVISO

Se no ano passado a capital parecia refém das chamas, neste ano respira um ar diferente — mais limpo e, sobretudo, mais esperançoso. Em maio, no podcast Resenha Política, Vini anunciou as primeiras medidas preventivas e repressivas para conter as queimadas na capital. Todas as políticas adotadas neste sentido estão surtindo os efeitos anunciados. Quando o poder público faz sua parte, as pessoas seguem o exemplo. Simples, assim.

AUTOR: ROBSON OLIVEIRA





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