Ex-governador de Rondônia afirma ter cumprido prazo de inelegibilidade e diz aguardar sanção presidencial para definir futuro político
Porto Velho, RO – O ex-governador Ivo Cassol (PP) voltou a se posicionar publicamente sobre sua situação jurídica e política durante entrevista concedida ao programa Vale Tudo, da Rádio Planalto, em Vilhena. Questionado sobre a alteração na Lei da Ficha Limpa aprovada pelo Senado, Cassol afirmou que já cumpriu os oito anos de inelegibilidade previstos e aguarda a sanção presidencial para saber se poderá disputar eleições futuras.
Cassol relatou o histórico de sua condenação, frisando que não envolveu corrupção ou desvio de recursos. “Eu tive uma condenação, não por corrupção, não por desvio de dinheiro, não por pagamento de obra executada, foi por enfrentamento, por fazer as coisas acontecerem”, declarou. Ele disse que, durante a gestão como prefeito e governador, tomou decisões que, à época, foram classificadas como improbidade administrativa, mas que hoje teriam outro entendimento jurídico. “Graças a Deus, teve o entendimento já mudado nessas ações de improbidade e a situação é outra”, afirmou.
Segundo o ex-governador, o prazo de inelegibilidade começou a ser aplicado após a aprovação da Lei da Ficha Limpa em 2010. “Eu cumpri meus oito anos”, reforçou, explicando que, mesmo após esse período, houve interpretações que o mantiveram fora do processo eleitoral. Ele destacou que o Projeto de Lei Complementar nº 192/2023, aprovado no Senado, redefine a contagem do prazo, mas que ainda depende da análise da Câmara e da sanção presidencial. “Agora vem os juristas de plantão, advogados, que vão entender o que é a lei”, disse. “Vou ficar assistindo até que seja publicado para saber o que foi vetado, o que foi aprovado e o que foi escrito”.
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Durante a entrevista, Cassol também criticou o que chamou de tentativas de impedir candidaturas por meios jurídicos. “Qualquer um que cometeu algum erro, depois é reintegrado de volta na sociedade. A lei abre isso. Cumpriu a pena, tá de volta”, afirmou, citando exemplos de políticos que estariam retornando à vida pública após condenações.
Ao comentar a votação do PLP 192/2023 no Senado, Cassol elogiou o senador Marcos Rogério (PL-RO), a quem disse dever “admiração e compromisso”. Por outro lado, foi duro com o senador Jaime Bagattoli (PL-RO). “Ô, decepção, senador Jaime. Me desculpa, mas você é uma decepção”, afirmou, relembrando episódios do passado em que, segundo ele, ajudou Bagattoli a se filiar ao PL. Cassol acusou o parlamentar de não cumprir compromissos e o chamou de “falso moralista” e “covarde”. “Você só é senador da República hoje por causa de mim”, disse, acrescentando que dispõe de provas sobre sua participação no processo de filiação de Bagattoli ao partido em 2022.
Cassol aproveitou para estender as críticas à condução política nacional. Referindo-se ao ex-presidente Jair Bolsonaro, disse: “O Bolsonaro é um saco de ignorância? É. Mas é um cara sério? É. E o que estão fazendo com ele é uma injustiça”. O ex-governador ainda acusou o Senado Federal de fragilidade institucional. “Tem muito floxo lá dentro. Um bando de pessoal que tá com o rabo preso”, afirmou.
Apesar da pressão popular que, segundo ele, pede seu retorno, Cassol não confirmou se será candidato. “Eu não decidi ainda se volto ou não volto. Eu tô envolvido numa usina, tô cuidando da minha fazenda, ajudando a cuidar das empresas do Grupo Cassol”, disse, mencionando atividades empresariais e compromissos familiares.
O ex-governador concluiu ressaltando que eventuais candidaturas devem ser decididas nas urnas e não por restrições judiciais. “O povo que tem que tirar. Agora, ficar tirando no tapetão, isso é absurdo”, afirmou, antes de reiterar suas críticas a Bagattoli e encerrar o bloco com um desabafo sobre a política local e nacional.