Construído em 1950 para abrigar a administração da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, edifício se tornou marco arquitetônico e histórico da capital
Porto Velho, RO – Inaugurado em 15 de janeiro de 1950, o Prédio do Relógio chegou aos 75 anos em 2025. A cerimônia de abertura contou com a presença do então governador do Território Federal do Guaporé, Joaquim Araújo Lima, e do diretor da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), Ananias Ferreira de Andrade. A construção tinha como objetivo sediar a administração da ferrovia.
O projeto, elaborado na década de 1940 pelo arquiteto carioca Armando Costa, foi concebido no formato estilizado de uma locomotiva. Com 1.500 metros quadrados distribuídos em dois pavimentos, o prédio se tornou um dos representantes do estilo Art Déco em Porto Velho, segundo o historiador Aleks Palitot. Ele afirma que a estrutura reflete a modernidade da primeira metade do século XX. “Esse prédio representa um marco para construções na época na região. Se você olhar ele de forma frontal vai ver que o engenheiro e arquiteto da época tentaram projetar uma locomotiva. A gente vê a sala do maquinista onde fica o prefeito, a caldeira onde ficam algumas secretarias e a chaminé que é a torre do relógio, então é o formato de uma locomotiva”, disse.
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Localizado no cruzamento das avenidas Farquar e Sete de Setembro, próximo ao Complexo Madeira-Mamoré, o edifício abriga em sua torre um relógio que deu origem ao nome popular. Durante décadas, o equipamento marcou o horário para a população. A máquina, de fabricação francesa da marca Jacques Perret, foi adquirida no Rio de Janeiro em 1949. Historiadores relatam que o relógio estava ligado a um sino que tocava a cada quinze minutos. Gravados na estrutura estão os nomes das autoridades que o inauguraram. Em paralelo, a ferrovia acionava sua sirene no início e no fim da jornada de trabalho. Após mais de duas décadas parado, o relógio voltou a funcionar recentemente, com maquinário substituído.
A entrada principal do prédio chama atenção pelos vitrais que retratam os ciclos econômicos da região. Entre as imagens estão o trajeto da ferrovia de Porto Velho a Guajará-Mirim, o rio Madeira, fauna e flora amazônica, indígenas, seringueiros e uma locomotiva. Palitot destaca que muitos desconhecem o vitral existente no andar superior, próximo ao gabinete do prefeito, onde também há um mapa ilustrando o percurso da estrada de ferro e operários da Madeira-Mamoré.
Outro destaque do edifício é a galeria de prefeitos e administradores instalada no salão nobre desde 2019. As fotografias estão dispostas em ordem cronológica, iniciando pelo Major Fernando Guapindaia, ainda no período em que Porto Velho pertencia ao Amazonas, passando pelos gestores do Território Federal do Guaporé e chegando aos prefeitos da capital já como Estado de Rondônia.
O prédio já teve diferentes usos após deixar de sediar a EFMM. Em 1981 recebeu a presidência do Banco do Estado de Rondônia (Beron). Na década de 1990 abrigou a Fundação Cultural e Turística (Funcetur). Nos anos 2000 passou por restauração para receber a Biblioteca Pública Estadual Dr. José Pontes Pinto, o Centro de Documentação Histórico, os Museus do Estado de Rondônia e o Geológico. Em 2003 sediou a Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer e a Superintendência de Turismo (Setur). Desde 2019, tornou-se sede oficial da Prefeitura de Porto Velho e da Secretaria-Geral de Governo (SGG).