Após relatar “puxada de tapete” em 2024, deputado mais votado de Rondônia fala como protagonista, condiciona palanque ao governador e reafirma posições firmes em temas polêmicos
Porto Velho, RO – Em 2024, Fernando Máximo foi enfático: sofreu uma “puxada de tapete” dentro do União Brasil. O parlamentar recorda que, apesar de ser o deputado federal mais votado do estado em 2022, não apenas foi preterido como candidato à prefeitura de Porto Velho, mas também excluído da distribuição do fundo eleitoral, diferentemente dos colegas de bancada. “Todos receberam, exceto o Fernando Máximo”, resumiu.
Dois anos depois, a entrevista concedida ao Resenha Política, apresentado por Robson Oliveira em parceria com o Rondônia Dinâmica, mostra um personagem em posição oposta. Se antes era alvo de manobras internas, agora é ele quem impõe condições. O exemplo mais simbólico foi o convite que recebeu do governador Coronel Marcos Rocha para liderar uma composição em 2026 como candidato ao governo. Máximo não rejeitou a proposta, mas foi direto: “Nós temos que sentar numa mesa maior agora. Eu tenho dois grandes aliados, chamados Marcos Rogério e Léo Moraes, e nós precisamos trazê-los para a conversa.” A mensagem é clara: não há palanque conjunto sem a presença do senador do PL e do prefeito da capital.
A firmeza se repete em outros pontos da entrevista. Questionado sobre drogas, Máximo afirmou ser “veementemente contra” qualquer descriminalização ou legalização da maconha, citando relatórios da ONU e estudos de Oxford e do Canadá. Para sustentar a posição, usou dados: “O índice de depressão é 37% maior naqueles que começaram a fumar maconha, e a tentativa de suicídio é 246% maior.” Mas, ao mesmo tempo, diferenciou o uso medicinal do canabidiol: “Eu sou a favor daquilo que tem comprovação científica.” Assim, projeta-se como voz dura no debate de costumes, mas sem abrir mão do respaldo técnico.
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Na área da saúde, outro tema inevitável pela sua passagem na Sesau, o deputado defendeu a lisura da licitação do Hospital de Urgência e Emergência (HEURO) via Bolsa de Valores (B3), rebateu críticas sobre o terreno e lembrou conquistas de sua gestão, como a compra do Hospital Regina Pacis. Mais uma vez, sua postura não foi defensiva, mas de contra-ataque: apresentou números, decisões do Tribunal de Contas e exemplos de entregas, deixando a impressão de que, ao ser questionado, responde com dados e narrativas que reforçam autoridade.
Até mesmo em relação às emendas parlamentares, Máximo fez questão de mostrar abrangência. Citou recursos destinados aos 52 municípios do estado, defendeu programas como o “Enxergando com Amor”, que realizou 16 mil avaliações oftalmológicas em crianças, e detalhou projetos de castração animal e de cirurgias eletivas. Ao listar números, mostrou-se não apenas gestor, mas alguém que pretende construir imagem de político capaz de entregar em todas as frentes.
O contraste com 2024 é gritante. Aquele que foi sabotado pelo próprio partido agora fala como protagonista, não mais pedindo espaço, mas ditando regras. Nem mesmo o governador, que um dia o indicou para a Sesau, está acima dessa lógica: se quiser composição, terá de sentar à mesa ampliada por Máximo.
A entrevista, portanto, revela uma mudança de status. De alvo de manobras internas, Fernando Máximo passou a ser o jogador que decide quais peças podem entrar em campo. O tom firme sobre alianças, drogas, saúde e emendas mostra que ele não pretende apenas disputar 2026: pretende conduzi-la.
