Paulo Pimenta acusa parlamentar rondoniense de divulgar informações falsas e anuncia representação no Conselho de Ética
Porto Velho, RO – A sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do INSS realizada na última segunda-feira, 29 de setembro, foi marcada por tensão e troca de acusações. O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) dirigiu duras críticas ao colega Coronel Chrisóstomo (PL-RO), a quem se referiu de forma pejorativa como “Sargento Pincel”, durante sua fala no colegiado.
Pimenta iniciou sua manifestação relatando o que considerou uma grave distorção feita por Chrisóstomo em publicações nas redes sociais. O petista afirmou que o deputado rondoniense divulgou a imagem de parlamentares, incluindo senadores e deputados membros da CPMI, com a acusação de que eles teriam votado “para blindar os bandidos do INSS” em requerimentos analisados na comissão. “Isso é mentira. Não há relatório algum da CPI que tenha decidido posição sobre pessoas investigadas. Os requerimentos não se referiam a investigados”, destacou Pimenta, acrescentando que tal conduta feria as prerrogativas parlamentares e manchava a imagem da comissão.
O parlamentar gaúcho anunciou que vai representar contra Chrisóstomo no Conselho de Ética da Câmara e afirmou já ter comunicado o presidente da Casa, bem como o presidente do Senado. “Não vai ser o Sargento Pincel que vai vir aqui gritar e achar que pode intimidar alguém distribuindo mentiras na internet”, disse, em tom de indignação, pedindo ainda que outros membros da comissão se unissem ao movimento de responsabilização.
O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), respondeu às colocações de Pimenta ressaltando que não cabe à presidência intervir em publicações de caráter pessoal nas redes sociais dos parlamentares, mas reconheceu que o caminho adequado para questionamentos é o Conselho de Ética.
Na sequência, Coronel Chrisóstomo pediu a palavra e defendeu sua postura. O deputado do PL afirmou que não citou nominalmente colegas, mas destacou que precisava expor o posicionamento dos parlamentares que, segundo ele, teriam se recusado a convocar suspeitos de desvios no INSS. “Eu não poderia deixar de apresentar os parlamentares que não quiseram convocar um suspeito que está roubando os nossos velhinhos e velhinhas de Rondônia e do Brasil”, justificou.
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Chrisóstomo afirmou não ter cometido nenhuma ofensa direta e declarou manter respeito a todos os colegas. O deputado também ressaltou que, em sua visão, a população de Rondônia cobra firmeza no combate a irregularidades no órgão previdenciário. “Nada de errado eu fiz. O meu respeito vai continuar a todos os parlamentares. Mas Rondônia não aceita votar contra a convocação de suspeitos”, declarou.
O embate expôs a divisão interna da comissão e ampliou o clima de confronto político em torno da investigação. Enquanto Pimenta reforçou a intenção de buscar punição no Conselho de Ética, Chrisóstomo manteve o tom de defesa de suas declarações, alegando estar do lado da população que exige rigor nas apurações.
Quem é o “Sargento Pincel” e por que a referência é jocosa
O apelido utilizado por Paulo Pimenta faz referência a um personagem da televisão brasileira. O Sargento Pincel foi interpretado pelo ator Roberto Guilherme (1938–2022) no programa humorístico “Os Trapalhões”, exibido entre as décadas de 1970 e 1990.
Na atração, o personagem era um militar de baixa patente, retratado como subordinado do atrapalhado Sargento Tainha, ambos presentes nos esquetes que satirizavam a vida no quartel. O papel de Pincel era essencialmente cômico: ele aparecia como ingênuo, obediente, por vezes atrapalhado, servindo de escada para as piadas dos demais integrantes do grupo.
Ao chamar Coronel Chrisóstomo de “Sargento Pincel”, Pimenta buscou diminuir o colega, rebaixando seu posto militar e associando sua figura a um personagem de humor marcado por ingenuidade e falta de seriedade. A intenção foi usar a comparação como forma de deboche, transformando uma crítica política em uma ofensa de caráter jocoso.