Navios militares israelenses pararam embarcações da Flotilha Global Sumud, que levava ativistas e ajuda humanitária, incluindo a sueca Greta Thunberg
Porto Velho, RO – A flotilha internacional que partiu de Barcelona em setembro com destino à Faixa de Gaza foi interceptada nesta quarta-feira (1º) por forças navais israelenses. A missão, denominada Flotilha Global Sumud, reunia cerca de 45 a 50 embarcações e aproximadamente 500 pessoas de 40 países, entre elas parlamentares, advogados, ativistas e a sueca Greta Thunberg.
Segundo informações divulgadas pelos organizadores, navios como o Sirius, o Alma e o Adara foram cercados e abordados em águas internacionais, a cerca de 70 milhas náuticas (129 quilômetros) da costa de Gaza. O grupo relatou que, após as intercepções, transmissões ao vivo e comunicações com parte das embarcações foram interrompidas.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel confirmou a operação, informando que os navios foram levados para um porto israelense e que os passageiros, incluindo Greta Thunberg, estavam “seguros e saudáveis”. Em publicação nas redes sociais, a chancelaria israelense acrescentou que os ocupantes da flotilha seriam deportados nos próximos dias.
Os organizadores, por outro lado, classificaram a abordagem como ilegal e afirmaram que os barcos transportavam suprimentos como alimentos, água potável e medicamentos. Estimativas apontam que a flotilha levava aproximadamente 300 toneladas de itens essenciais.
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Antes de chegar à região onde ocorreu a interceptação, a flotilha havia relatado episódios de drones sobrevoando embarcações durante uma parada de 10 dias na Tunísia, em setembro, além de manobras de intimidação próximas à Grécia. A missão insistia em definir sua atuação como pacífica e não violenta, declarando o objetivo de romper o bloqueio naval imposto por Israel a Gaza.
Vídeos divulgados pelo governo israelense mostraram militares armados ao lado de passageiros e, em outra gravação, uma oficial da Marinha solicitando que as embarcações alterassem o curso para o porto de Ashdod, alegando que estavam se aproximando de uma zona bloqueada.
Entre os passageiros, estavam ativistas e políticos de diferentes nacionalidades, incluindo brasileiros como Thiago Ávila, Mariana Conti, Gabrielle Tolotti, Mohamad El Kadri e Magno de Carvalho Costa. O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, afirmou que a operação deveria durar entre duas e três horas, com os barcos sendo rebocados até Ashdod.
A interceptação foi criticada pela Turquia, cujo Ministério do Exterior classificou a ação como “ato de terrorismo” e anunciou iniciativas para garantir a libertação de seus cidadãos e demais participantes retidos. Espanha e Itália, que haviam enviado escoltas navais, também pediram que a flotilha interrompesse o trajeto antes de alcançar a zona de exclusão declarada por Israel.
Essa não foi a primeira tentativa de romper o bloqueio naval. Flotilhas anteriores, desde 2008, foram interceptadas pelas forças israelenses, incluindo o episódio de 2010 envolvendo o navio Mavi Marmara, no qual 10 ativistas morreram. Desde então, missões semelhantes foram repetidamente impedidas de chegar a Gaza. Greta Thunberg já havia participado de outra missão em junho deste ano, também interceptada, cujos integrantes acabaram deportados.