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111 ANOS DE PORTO VELHO
Prefeito Léo Moraes declara: “Nós pegamos a saúde de Porto Velho como a pior entre todas as capitais do Brasil”

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Em entrevista ao programa A Voz do Povo, na Rádio Caiari e Rondonotícias, o chefe do Executivo afirmou que relatório do Ministério Público apontou 13 unidades em ruínas e mais de 100 mil pessoas sem atendimento diário na capital

Por Informa Rondônia - sexta-feira, 03/10/2025 - 14h22

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Porto Velho, RO – “Nós pegamos a saúde de Porto Velho como a pior entre todas as capitais do Brasil.” A frase, dita pelo prefeito Léo Moraes (Podemos) durante entrevista nesta sexta-feira, 3 de outubro, ao jornalista Arimar Souza de Sá no programa A Voz do Povo, sintetizou um dos pontos mais polêmicos de sua gestão até aqui. Ao mesmo tempo em que a capital celebrava os 111 anos com shows, bolo de 111 metros e a volta da locomotiva 18, o gestor reconhece gargalos históricos “herdados” pela sua administração nos serviços públicos, sobretudo na saúde e no saneamento.

Ainda no início da conversa, Léo detalhou os problemas da rede municipal de saúde. Segundo ele, relatório do Ministério Público apontou “13 unidades em completas ruínas”, além de um “vazio assistencial de mais de 100 mil pessoas”. “A realidade é de uma pessoa que sai lá do Morar Melhor, pega uma bicicleta, coloca três e meia da manhã a criança na garupa, pra ir lá no posto de saúde do Nacional pra tentar a sorte com três, quatro, cinco senhas”, afirmou.

O prefeito disse ter implantado medidas emergenciais, como o “corujão” em unidades da zona Leste e Sul, climatização do Hamilton Gondim, contratação de pediatras e médicos especialistas e inauguração da Unidade de Especialidades Rafael Vezes Silva, com mais de 20 áreas de atendimento. Também destacou a entrega de novas máquinas de raio-x — sete equipamentos de última geração, segundo ele, que fornecem laudos imediatamente — e o retorno de exames de mamografia, inexistentes havia três anos. Anunciou ainda a assinatura de contrato para uma policlínica de R$ 16 milhões e planos de integração com a Universidade Federal de Rondônia por meio da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). “Porto Velho é a única capital que não tem um hospital municipal, e menos ainda o hospital universitário”, declarou.

Outro ponto de destaque foi o saneamento. Léo afirmou que a responsabilidade deixou de ser municipal antes de sua posse: “O saneamento básico anterior à nossa posse […] foi assinado […]. Foi aprovado na Assembleia Legislativa e hoje é responsabilidade do Estado”. Embora reconheça que a Prefeitura perdeu a execução direta, cobrou celeridade no processo de leilão e alertou: “Porto Velho é a pior capital do Brasil em saneamento básico, […] com 3, 4% de esgoto sanitário e menos de 35% de água tratada”.

Na limpeza urbana, o prefeito anunciou a transição contratual do serviço. A empresa Marquise saiu e a EcoPVH assumiu, sob monitoramento de órgãos de controle. O contrato, segundo ele, caiu de R$ 5,5 milhões para R$ 3,2 milhões mensais. “Essa diferença será reinvestida em outros setores da administração”, garantiu. Em paralelo, disse que a cidade passa pela “maior operação de limpeza da história”, com a retirada de 80 mil toneladas de entulho e lixo em ruas, igarapés e bocas de lobo.

Sobre drenagem e alagações, o prefeito citou ações em pontos críticos, como no bairro Três Marias e na avenida Rio de Janeiro, onde foram instalados eco-boeiros e manilhas. Afirmou que, em alguns locais, o tempo de escoamento da água caiu de oito horas para duas horas. Acrescentou que o município conseguiu acessar R$ 200 milhões do novo PAC para obras de macrodrenagem, classificadas como estruturais e de longo prazo.

Léo também abordou o transporte coletivo, defendendo a redução da tarifa. “O ônibus hoje é o mais barato entre todas as capitais do Brasil. Nós saímos de ter a segunda tarifa mais cara do Brasil para hoje ser a tarifa mais barata entre as capitais do Brasil.” Segundo ele, a mudança beneficia trabalhadores que dependem do transporte e empregadores que arcam com vale-transporte.

Apesar dos problemas estruturais, a entrevista foi marcada por balanços positivos sobre os eventos dos 111 anos da cidade. Léo destacou a revitalização da praça Jonatas Pedrosa, primeira construída em Rondônia em 1915, entregue em 25 dias por R$ 200 mil — contra previsão inicial de nove meses e custo de R$ 1,2 milhão. Disse ainda que, em oito meses, foram “requalificadas, refeitas ou criadas” 35 praças e equipamentos comunitários.

O prefeito também deu ênfase à retomada da locomotiva 18, Barão do Rio Branco, da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. “Muitos desacreditaram, estavam incrédulos, outros debochavam, desprezavam o nosso sonho”, disse, lembrando que a equipe municipal trabalhou desde fevereiro com a Associação Brasileira de Preservação de Ferrovias. “Ambicioso? Sim. Audacioso? Sem dúvidas”, completou, ao relatar a emoção da população com o apito e o funcionamento da máquina.

No campo cultural, destacou o show da cantora Joelma, que segundo estimativas reuniu entre 60 e 90 mil pessoas na avenida Farquhar, além da distribuição de um bolo de 111 metros e seis toneladas, que teria servido até 20 mil pessoas. “É alimentar o corpo, mas principalmente alimentar a alma”, disse ao agradecer parcerias do Senac, do Sistema Fecomércio e de supermercados locais que doaram os ingredientes.

Durante a participação de ouvintes no programa, surgiram também questionamentos políticos. Arimar Souza de Sá citou boatos sobre apoio a Fernando Máximo ao governo. Léo respondeu: “Não há nada definido. Eu acredito muito que o Fernando pode colaborar […] mas ninguém tem procuração para falar em meu nome.” Disse ainda que sua prioridade é executar projetos da capital, destacando emendas parlamentares já recebidas. Citou valores enviados pelo coronel Crisóstomo (R$ 41 milhões), Fernando Máximo (R$ 25 milhões), senador Confúcio Moura (cerca de R$ 20 milhões) e deputada federal Cristiane Lopes (R$ 8 milhões). “Acabou essa história de execução de emenda dos amiguinhos e da panelinha. Isso daí pra mim é lesa pátria. […] Deveria ser considerado improbidade”, afirmou.

Sobre educação, reconheceu baixos índices no IDEB, mas disse que programas de contraturno, lanche extra, cinema para crianças e bonificação a professores e alunos serão diferenciais a partir de 2026. Também destacou o cumprimento da promessa de pagar o piso nacional do magistério “nos primeiros seis meses” de gestão.

Ao final da entrevista, Léo Moraes pediu apoio da população e ressaltou o caráter simbólico das entregas realizadas durante os 111 anos da cidade. “São centenas de entregas nos primeiros nove meses de trabalho e a gente fica muito feliz por isso”, afirmou. Reforçou ainda a programação cultural do fim de semana, com o Beiradão Cultural e apresentações da locomotiva 18. “Nós pegamos a saúde como a pior do Brasil, mas estamos transformando Porto Velho e queremos que a cidade volte a sorrir.”

AUTOR: INFORMA RONDÔNIA





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