Símbolo histórico da capital, máquina restaurada atrai visitantes e reforça o valor da preservação cultural
Porto Velho, RO – O som do apito e o movimento dos trilhos voltaram a fazer parte do cenário da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré durante as celebrações pelos 111 anos de Porto Velho. Depois de passar cerca de um mês sob os cuidados da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), a Locomotiva 18 foi entregue à população restaurada e operacional, com o apito emprestado da Locomotiva 12, que permanece em exposição no museu ferroviário. O primeiro passeio ocorreu no dia 2 de outubro, data do aniversário da cidade, e a máquina voltou aos trilhos novamente na sexta-feira (3), atraindo moradores e turistas ao complexo histórico.
Entre os visitantes, o servidor público Caio Guedes, natural da Paraíba e residente em Porto Velho, acompanhou com entusiasmo o retorno da locomotiva. “Me sinto feliz e orgulhoso por ver que, aqui, tem se dado valor ao resgate da cultura e da história do nosso povo, que é um só. Confesso que me senti como uma criança aqui, vendo o trem andar novamente”, relatou. Ele acrescentou que se sente parte do povo de Rondônia e que considera o momento uma forma de valorização das raízes locais.
Também emocionado, o turista Neri Antônio Mayer, de Brasnorte (MT), destacou a importância do evento para a preservação da memória da cidade. “Estou visitando minha filha que mora aqui e não podia deixar de participar do evento. Achei muito bacana essa volta da cultura e das coisas de antigamente, como a linha de ferro. A gente viu ao vivo o trem andando, estou emocionado, é um prazer enorme”, afirmou.
Durante a cerimônia, o prefeito Léo Moraes ressaltou o significado simbólico da reativação da locomotiva. “Mais do que um trem voltando aos trilhos, o que vimos aqui foi a história de um povo ganhando vida novamente. A Locomotiva 18 representa o início de tudo: a origem de Porto Velho, o suor dos nossos trabalhadores, o orgulho da nossa gente. Investir na preservação da nossa cultura é investir na autoestima do povo rondoniense. Ver tantas famílias reunidas, emocionadas, é a prova de que cuidar da memória também é fazer política com responsabilidade e afeto”, declarou.
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O secretário municipal de Turismo, Esporte e Lazer (Semtel), Paulo Moraes Júnior, também destacou a relevância da iniciativa. “A gente traz hoje não apenas o berço de Porto Velho, não apenas o sentimento de pertencimento. A gente tem o compromisso de devolver para a população o real sentido, a nossa história começou aqui, na beira do rio e diante de um trem”, afirmou.
As comemorações ainda contaram com a exposição de veículos antigos promovida pelo Clube do Fusca, que reuniu famílias e colecionadores na área da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Um dos participantes, o estudante Fernando Botelho, de 17 anos, contou que herdou a paixão pelo Fusca do pai e do avô. “A gente participa dos eventos da Prefeitura há mais de cinco anos, é um amor que veio do meu pai e do meu avô”, disse.
Encerrando a programação, o público pôde participar de mais uma edição do Tacacá Musical, organizado pela Semtel em parceria com a Funcultural, que levou música e culinária regional para o fim de tarde à beira do rio Madeira.
A segurança do evento contou com apoio da Associação de Brigadistas de Incêndios e Emergências Florestais da Amazônia (Abiefa), subordinada à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema). O coordenador da equipe, Luís Henrique de Souza, explicou o trabalho realizado durante a atividade. “Estamos presentes para garantir a contenção do público ao redor dos trilhos que passam a locomotiva, prezando pela segurança, principalmente das crianças que se encantam e querem chegar perto do trem”, informou.