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UTI fechada em Cacoal: quando o direito à saúde pede socorro

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Crise na saúde e manobras políticas marcam o cenário de Rondônia, enquanto o Ministério Público reage ao fechamento de UTIs em Cacoal e Acir Gurgacz tenta costurar o retorno ao tabuleiro eleitoral pressionando Confúcio Moura

Por Cícero Moura - quinta-feira, 23/10/2025 - 11h07

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Nesta quinta-feira, 23, o jornalista Cícero Moura aborda dois temas que expõem as fragilidades e contradições de Rondônia: de um lado, a ação civil pública do Ministério Público que exige a reativação imediata de dez leitos de UTI no Hospital Regional de Cacoal, após o colapso do atendimento intensivo no interior; de outro, o movimento político de Acir Gurgacz, que, mesmo inelegível, volta a articular bastidores em busca de palanque ao Senado, pressionando Confúcio Moura a disputar o governo em 2026 — uma estratégia que remete ao episódio em que Daniel Pereira, por lealdade, acabou sacrificando sua reeleição.

MEDIDA

O Ministério Público de Rondônia entrou em cena com uma ação civil pública que escancara uma ferida já exposta há tempos. A precariedade da rede de saúde no interior do Estado.

MEDIDA 2

A decisão de fechar uma ala inteira de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com dez leitos no Hospital Regional de Cacoal (Heuro), não é apenas um problema administrativo – é um atentado silencioso contra vidas que dependem de atendimento imediato e qualificado.

PROMOTORIA

O promotor de Justiça Marcos Ranulfo Ferreira foi taxativo: não se pode tolerar que um hospital construído justamente para descentralizar o atendimento de média e alta complexidade funcione com tamanha limitação.

HISTÓRICO

Entre janeiro e junho de 2025, nada menos que 636 pacientes precisaram ser transferidos para outras unidades por falta de leito de UTI em Cacoal.

DRAMA

São números que traduzem não apenas estatísticas, mas angústia de famílias, riscos adicionais no transporte e, em alguns casos, a perda irreversível daquilo que é mais sagrado: a vida.

LEI

A Constituição brasileira é clara: saúde é direito de todos e dever do Estado.

COMPROMETIMENTO

Quando o poder público permite que leitos de UTI fiquem desativados em plena região central de Rondônia, compromete diretamente princípios constitucionais.

COMPROMETIMENTO 2

Entre eles a dignidade da pessoa humana, a eficiência da administração e a igualdade de acesso aos serviços de saúde.

IMEDIATAMENTE

O MP pede o óbvio – e ao mesmo tempo o essencial: que o Estado reative imediatamente os dez leitos da UTI do Hospital Regional.

OBSERVAÇÃO

São necessárias condições adequadas, e que não se maquie a situação atrás de paliativos como a compra de vagas em hospitais privados.

PALANQUE

O fortalecimento da rede pública precisa ser prioridade, não apenas discurso em épocas de campanha.

COLETIVO

A ação do MP, neste caso, representa a voz coletiva de uma população que não aguenta mais ver direitos fundamentais transformados em promessas vazias.

REALIDADE

Não se trata de números em planilhas, mas de pessoas que, a cada dia, precisam contar com sorte para encontrar um leito quando a urgência bate à porta.

CONTRADITÓRIO

O Estado de Rondônia, que se orgulha de avanços em áreas estratégicas como agronegócio e infraestrutura, não pode aceitar conviver com retrocessos tão graves no que diz respeito à saúde pública.

CONFLITANTE

É contraditório falar em desenvolvimento sustentável e progresso quando o básico – o cuidado com a vida – está em falta.

OPINIÃO

Não é apenas a reativação imediata de dez leitos que está em jogo. É a definição do tipo de sociedade que queremos construir.

OPINIÃO 2

Uma sociedade que transfere pacientes de cidade em cidade como peças de um tabuleiro, ou uma sociedade que assume a saúde como prioridade absoluta, com investimentos consistentes, planejamento e respeito à população.

OPINIÃO 3

Se a liminar for concedida, será apenas o primeiro passo de uma luta maior: garantir que Rondônia não trate seus cidadãos como estatísticas de um sistema sobrecarregado, mas como pessoas dignas de um atendimento justo, humano e eficiente.

OPINIÃO 4

É compreensível o desabafo do promotor Marcos Ranulfo, que além de demonstrar austeridade se solidariza com a sociedade que tanto necessita de atendimento satisfatório e não somente limitado.

CACIQUE

O amigo Herbet Lins (coluna Falando Sério) lembrou que o ex-senador Acir Gurgacz (PDT) tenta se recolocar no tabuleiro político de Rondônia.

IMPEDIDO

Mesmo inelegível, Acir volta a pressionar e costurar articulações, agora mirando uma vaga ao Senado na frente de esquerda.

ALVO

Para isso, insiste que o senador Confúcio Moura (MDB) dispute novamente o governo em 2026, criando um arranjo que lhe garanta palanque. A história, no entanto, ensina: quando Acir entra no jogo, nem sempre seus aliados saem ilesos.

ALVO 2

O exemplo mais claro é o do ex-governador Daniel Pereira (Solidariedade). Homem de palavra, Daniel poderia ter buscado a reeleição com chances reais de vitória em 2018.

HONRA

Popular, governava em clima de estabilidade e tinha credibilidade para avançar em um projeto próprio. Mas preferiu cumprir o acordo com Acir: não concorreu, entregou a cabeça de chapa ao pedetista e assistiu, de camarote, a um fiasco eleitoral.

INELEGÍVEL

O ex-senador estava inelegível e arrastou consigo qualquer chance de vitória. Daniel saiu de cena enfraquecido e, em 2022, quando tentou voltar, já não contava com o mesmo apoio de outrora.

AGORA É CONFÚCIO

A teimosia de Acir não ameaça apenas seu próprio futuro, mas pode comprometer também a candidatura de Confúcio Moura, que tem chances reais de reeleição ao Senado.

PRESSÃO

Pressionado, o emedebista se vê diante de uma armadilha: se ceder ao jogo de Acir, corre o risco de repetir a sina de Daniel Pereira, sendo arranhado por uma aliança marcada por cálculos pessoais e por uma teimosia que ignora a realidade jurídica e eleitoral.

PESO DA PALAVRA

A política, mais do que acordos de ocasião, se sustenta na palavra. Palavra que negocia, convence, constrói alianças e, principalmente, mantém a credibilidade. Daniel cumpriu a sua e foi abandonado.

MEMÓRIA

Acir, por outro lado, fez da insistência e do litígio judicial sua marca, sempre tentando voltar ao jogo por meio de atalhos. O eleitor, no entanto, não esquece.

OPINIÃO

A história se repete em Rondônia como farsa e tragédia. O que em 2018 foi a implosão de uma candidatura viável pode, em 2026, ser o arranhão fatal a um senador que tem chances sólidas de permanecer em Brasília.

OPINIÃO 2

Acir parece não ter aprendido a lição: sua teimosia tem um custo, e geralmente não é ele quem paga a conta.

FRASE

A política perde seu sentido quando a lealdade não é a um projeto, mas à oportunidade mais vantajosa.

AUTOR: CÍCERO MOURA





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