Bolsonaro e o bolsonarismo não morreram
CARO LEITOR, a morte política do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) ainda não foi concluída. Porém, mesmo que perca toda força e interlocução, deixará o fascismo tropical aceso e a extrema-direita organizada para novos golpes à democracia. Políticos como Bolsonaro conseguem se perpetuar na história independentemente do legado deixado à humanidade. No caso particular do Brasil, existem políticos lembrados pela História por conta da ascensão e queda, a exemplo de Getúlio Vargas, Jânio Quadros, Juscelino Kubitschek, Fernando Collor de Mello, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, que tiveram trajetórias políticas com momentos épicos, com passagens dignas de serem retratadas em filmes, documentários, artigos científicos, dissertação de mestrado, teses de doutorados e livros, mas com quedas também marcantes. Bolsonaro foi um deputado do baixo clero, que durante 28 anos na Câmara dos Deputados não apresentou qualquer projeto relevante. Envolvido com milícias no Rio de Janeiro e denúncias de rachadinhas, ficou conhecido pelas suas falas preconceituosas, racistas, homofóbicas, machistas, armamentistas e pelo revisionismo das atrocidades cometidas pelo Regime Militar. Bolsonaro, representando tudo isso, chegou à presidência do Brasil e, mesmo estando opaco no cenário político, os representantes da extrema-direita seguirão com os mesmos valores e as mesmas pautas cheias de ódio e preconceito.
Quadros
Existem casos emblemáticos na história política brasileira, como o do ex-presidente Jânio Quadros. O homem que chegou à presidência com uma vassoura na mão para varrer a corrupção e renunciou sem que os motivos ficassem claros.
Lula
Atualmente, o presidente Lula (PT-SP), cumprindo o seu terceiro mandato, da condição de um dos políticos mais respeitados no mundo, viu sua vida mudar completamente ao ser investigado, condenado e preso por conta da Operação Lava-Jato. Em seguida, retornou à Presidência da República num cenário sombrio da política brasileira.
Confortável
Falando em cenário, o mais confortável entre os possíveis candidatos majoritários nas próximas eleições é do senador Marcos Rogério (PL-Ji-Paraná). Segundo pesquisas atuais de intenção e voto, ele pode disputar a reeleição ao Senado e o governo com grandes chances de vitória. Ele só não pode errar na estratégia e não ficar fechado para costura de alianças como ficou nas eleições passadas.
Recall
Por que essa afirmação? O senador Marcos Rogério (DEM-Ji-Paraná) foi eleito para o Senado no pleito eleitoral de 2018 com 324.939 votos (24,06%). Quando disputou o governo em 2022, o senador Marcos Rogério (PL-Ji-Paraná) obteve 315.035 votos (37,05%) no primeiro turno e 415.278 votos (47,53%) no segundo turno. Neste caso, Rogério manteve uma média considerável de votos, consequentemente, não desidratou e possui recall eleitoral.
Onda
No pleito de 2018, o governador Coronel Marcos Rocha (PSL-Porto Velho), na onda bolsonarista, conquistou 183.691 votos (23,99%) no primeiro turno e o seu adversário, ex-senador Expedito Júnior (PSDB-Rolim de Moura), 241.885 votos (31,59%). No segundo turno, Rocha foi eleito com 530.188 votos (66,34%) contra 269.032 votos (33,66%) do ex-senador Expedito Júnior.
Gordura
Nas eleições de 2022, o governador Coronel Marcos Rocha (União Brasil-Porto Velho) conquistou no primeiro turno 330.656 votos (38,88%), já no segundo turno conquistou 458.370 votos (52,47%). Diante desses números, Rocha tem recall eleitoral e gordura para disputar uma vaga ao Senado nas eleições de 2026.
Observando
Por que trazer esses cenários para uma reflexão? Porque, observando os números do pleito eleitoral de 2018 e 2022, a direita e a extrema-direita em Rondônia levaram dois candidatos ao segundo turno, respectivamente. Neste caso, o governador Coronel Marcos Rocha (União Brasil-Porto Velho) representa a direita e o senador Marcos Rogério (PL-Ji-Paraná) a extrema-direita.
Dificilmente
A última vez que um candidato de centro-direita chegou ao segundo turno das eleições em Rondônia foi com o ex-senador Expedito Júnior (PSDB-Rolim de Moura) no pleito eleitoral de 2018. Dificilmente, um candidato de esquerda, centro-esquerda, centro e centro-direita, conseguirá vencer as eleições de 2026 analisando os resultados dos últimos pleitos eleitorais.
Hoje
Se as eleições fossem hoje para governador e considerando os resultados eleitorais dos candidatos a governador de direita e extrema-direita disputando o segundo turno das eleições em Rondônia, o senador Marcos Rogério (PL-Ji-Paraná) seria eleito governador confortavelmente por ser o único candidato que reúne os eleitores da direita e da extrema-direita em torno de si, por não existir um candidato de direita rivalizando com Rogério.
Tratou
O prefeito Léo Moraes (Podemos-Porto Velho) trabalha com pesquisas de opinião mensalmente. Analisando números e cenários, já tratou de vencer as rugas que ficaram com o senador Marcos Rogério (PL-Ji-Paraná) nas eleições de 2022 e buscou uma aproximação. Léo não tem nada de bestinha, sabe que Rogério poderá ser o governador ou senador reeleito nas próximas eleições.
Palanque
O prefeito Léo Moraes (Podemos-Porto Velho) sabe que precisa ficar bem com todo mundo para irrigar os cofres da Prefeitura de Porto Velho no sentido de fazer entregas à população da capital, consequentemente, buscar a reeleição para se manter à frente do Prédio do Relógio. Entretanto, Léo não pode ficar neutro no primeiro turno, deverá optar por um palanque vencedor nas eleições do próximo ano.
AS ÚLTIMAS OPINIÕES
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Confirmou
Falando em vencedor, o ex-prefeito Hildon Chaves (PSDB-Porto Velho) jogou a toalha antes da hora. Em telefonema a esse colunista, comunicou a sua desistência de concorrer à sucessão do governador Coronel Marcos Rocha (União Brasil-Porto Velho) nas eleições de 2026. Hildon também trabalha com pesquisas de intenção de voto e o tucano observou que não conseguiria alçar voos maiores se envolvendo na disputa para governador.
Erros
O ex-prefeito Hildon Chaves (PSDB-Porto Velho) cometeu erros estratégicos primários para quem deseja disputar um cargo majoritário. Hildon, como ponto forte, tem partido, boa popularidade, ficou conhecido como tocador de obras e avaliado como um gestor austero e zeloso com a coisa pública. Como ponto fraco, lançou uma pré-candidatura ao governo sem antes organizar as bases partidárias no interior e ficou reduzido à capital. Neste caso, antecipou fatos, como escreveu Max Weber.
Federal
Nas eleições de 2026, o ex-prefeito Hildon Chaves (PSDB-Porto Velho) será candidato a deputado federal. Ele leva vantagem no eleitorado da capital, nunca perdeu uma eleição e poderá seguir o mesmo destino de Mariana Carvalho, Dr. Mauro Nazif e Léo Moraes, ou seja, conquistar uma cadeira na Câmara dos Deputados após disputar a Prefeitura de Porto Velho. Contudo, Vinicius Miguel, Dr. Breno Mendes e Roberto Sobrinho não tiveram a mesma sorte.
Mariana
A ex-deputada federal Mariana Carvalho (União Brasil-Porto Velho) disputou a Prefeitura de Porto Velho em 2012 e ficou de fora do segundo turno. No pleito eleitoral de 2014, ela foi eleita deputada federal com 60.324 votos (7,55%) – terceiro candidato mais votado. Nas eleições municipais de 2024, Mariana chega ao segundo turno disputando novamente a prefeitura da capital, mas perdeu a eleição e poderá disputar uma vaga ao Senado ou voltar à Câmara dos Deputados.
Vence
Léo Moraes (Podemos-Porto Velho) quando disputou a prefeitura de Porto Velho em 2016, perdeu no segundo turno para Hildon. Por conseguinte, Léo foi eleito deputado federal com 69.565 votos (8,88%), sendo o mais votado naquele pleito. Léo disputa o governo em 2022, fica fora do segundo turno, mas vence a disputa pela Prefeitura de Porto Velho em 2024.
Emblemático
O ex-deputado federal Mauro Nazif (PSB-Porto Velho) ganhou a Prefeitura de Porto Velho em 2012. Em 2016, candidato à reeleição, fica fora do segundo turno – um caso emblemático. Depois da derrota eleitoral, Nazif consegue se eleger deputado federal com 30.399 votos (3,88%) no pleito eleitoral de 2018.
Caminho
Diante dos cenários postos, não por questão de ego ou vaidade, mas o ex-prefeito Hildon Chaves (PSDB-Porto Velho), candidato a deputado federal, precisa buscar o caminho para se tornar o deputado mais votado nas eleições de 2026, superando Mariana Carvalho, Léo Moraes e Fernando Máximo nas urnas quando conseguiram conquistar uma cadeira na Câmara dos Deputados.
Pesquisa
O Instituto Brasil Dados divulgou pesquisa com intenções de votos para pretensos pré-candidatos a uma das 24 vagas na Assembleia Legislativa de Rondônia. Segundo a pesquisa, se as eleições fossem hoje, estariam com cadeira assegurada Ribeiro do Sinpol (3,81%), Laerte Gomes (3,45%), Luizinho Goebel (2,27%), Cirone Deiró (1,63%), Alan Queiroz (1,45%), Dr. Luiz Ferrari (1,36%), Alex Redano (1,27%), Marcelo Cruz (1,18%), Cássio Góis (1,09%) e Eyder Brasil (1%).
Entusiasmado
O vereador Gedeão Negreiros (PSDB-Porto Velho) está entusiasmado com a possibilidade de sua esposa e ex-secretária de Educação de Porto Velho, Professora Gláucia Negreiros, se lançar candidata a deputada federal na mesma nominata do ex-prefeito Hildon Chaves (PSDB-Porto Velho) e conquistar uma cadeira na Câmara dos Deputados.
Audácia
Gedeão Negreiros aposta que Hildon será o mais votado para a Câmara dos Deputados no pleito eleitoral de 2026, ou seja, um puxador de votos. Com isso, poderá puxar alguém para a Câmara Federal com pouco voto e Gláucia poderia ser esse alguém. Não falta peso político à família Negreiros para conquistar uma cadeira na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal, falta é audácia.
Respeitará
O vereador Thiago Tezzari (PSDB-Porto Velho) não recorreu da decisão judicial que o afastou do exercício do mandato de vereador, resultado da Operação Ouro de Areia. Tezzari, em resposta à coluna, disse que respeitará a decisão do douto magistrado e continuará lutando para provar a sua inocência dentro do processo resultante da referida operação policial da Draco 2 da Polícia Civil.
Sério
Falando sério, o eleitor brasileiro conseguiu fazer chegar à Presidência da República um representante legítimo do fascismo tropical, estou me referindo ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ). Na Presidência, continuou com o mesmo discurso dos corredores da Câmara dos Deputados, sem o mínimo de ponderação que o rito do cargo exige, portanto, repito, Bolsonaro deixará a extrema-direita organizada e pronta para novos golpes à democracia.









