Em entrevista ao podcast Resenha Política, ex-senadora critica uso de “veneno” nos alimentos, fala em “preconceito” e “boicote” do setor hoteleiro na COP30 e relaciona agronegócio e meio ambiente
Porto Velho, RO – A ex-senadora Fátima Cleide (PT) participou do podcast Resenha Política com Robson Oliveira em parceria com o Rondônia Dinâmica, onde falou sobre o cenário partidário, a relação entre produção e meio ambiente e sua atuação atual no governo federal. Logo na abertura, o apresentador anunciou a presença da convidada, que afirmou continuar militando no partido, mas fora da direção: “Com certeza, militante hoje, não mais dirigente ocupando cargo de direção”. Ela defendeu renovação interna e explicou: “Você não faz transição geracional se não abrir espaço”.
Fátima relatou que trabalha em Brasília, na Secretaria-Geral da Presidência da República, sob comando do ministro Márcio Macedo, e participa “do grupo de trabalho que está organizando a participação social na COP30”. Ao comentar a situação do PT em Rondônia, admitiu retração política. “Muita divergência interna, eu acredito, e a gente perdeu o rumo da discussão interna. […] Mas eu acredito que o PT ainda é uma força muito potente no Estado. A gente precisa acertar […] e ter unidade programática”, declarou.
Ela afirmou que a comunicação do partido com a sociedade é falha: “Acho que a gente não consegue se comunicar direito com a sociedade. […] A gente é visto como bicho papão.” Questionada sobre uma possível candidatura, respondeu: “Sou. Sou. Ainda precisa definir com o partido que rumo que a gente vai tomar”, e confirmou que o nome está posto “para uma candidatura majoritária”.
Durante a entrevista, a ex-senadora tratou do equilíbrio entre meio ambiente e produção. “Nós não estamos aqui dizendo que somos contra o agronegócio. […] Eu acho que o estado de Rondônia tem espaço para todo mundo”, afirmou, ressaltando limites para a exploração ambiental. “Não há possibilidade de se fazer uma exploração tão devastadora como foi feita até agora. O planeta não aguenta mais.”
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Sobre alimentação e insumos, observou: “Infelizmente, Robson, o que nós comemos hoje é veneno”, e defendeu mudanças no modelo produtivo, citando o papel de conselhos federais ligados à segurança alimentar e à agroecologia. Em seguida, mencionou índices de câncer em Rondônia e sugeriu investigação das causas: “A gente precisa pesquisar por que um estado que é produtor, que é exportador, tem tanto câncer.”
Em relação à COP30, Fátima destacou aumento nos preços de hospedagem e resistência à realização do evento na Amazônia. Disse haver “um grande preconceito” e relatou “ação direcionada pra prejudicar o governo brasileiro”, além de um “boicote do setor hoteleiro para prejudicar o [governo federal]”. Segundo ela, a prioridade é garantir vagas para “os negociadores”, enquanto “a sociedade civil se vira”. Também afirmou esperar que o encontro seja “a COP da implementação”, lembrando que o Brasil “criou o fundo para proteção e para preservação das florestas tropicais” e “já coloca dinheiro”.
Fátima se declarou “quatrocentona de Rondônia” e relacionou a identidade regional à defesa do bioma amazônico. Propôs planejamento de longo prazo para o uso de recursos naturais e defendeu que a população local tenha acesso aos produtos de excelência. “Vamos produzir pra nós e produzir pra exportação. Mas nós devemos ter acesso”, afirmou, acrescentando que órgãos como o Ibama possuem dados sobre uso de produtos químicos.
Ao comentar o comportamento do eleitorado, afirmou que “é rede social”, mas reconheceu que parte das pessoas “quer o olho no olho”. Robson Oliveira ponderou sobre o alcance do chamado “eleitorado orgânico”. O apresentador também mencionou conversa com Zé Dirceu em Brasília sobre coordenação eleitoral; Fátima respondeu: “Sim, a gente conversa sempre. Zé Dirceu é uma espécie de comandante que não esquece de dar bom dia pra gente, boa noite.”
Nos momentos finais, ela apresentou a agenda da semana: “A gente vai ter uma oficina do MROSC […] e a gente vai ter também o fórum, o 36º Fórum Brasileiro, da rede de parcerias do MGI”, onde “será anunciado a resolução de um grande problema […] os transpostos de nível intermediário que foram enquadrados como níveis auxiliares.” No início da entrevista, havia dito que passou a semana organizando os setoriais do partido. A conversa terminou com agradecimentos e convite para uma nova participação.




