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Brasil em Choque: o despertar para a história oculta e a luta de classes 

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Sem consciência de classe, trabalhadores seguem explorados, enquanto elites se protegem com poder e dinheiro,

Por Samuel Costa - quinta-feira, 27/03/2025 - 08h49

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O Brasil vive uma crise de memória e de consciência de classe. A primeira se reflete na falta de conhecimento sobre a própria história, o que nos condena a repetir os mesmos erros. A segunda é o reflexo de um país onde os trabalhadores, muitas vezes, não percebem que fazem parte de um embate permanente entre quem detém o poder e quem sustenta a economia com seu suor.

Memória seletiva e justiça desigual

O caso dos atos golpistas de 8 de janeiro expõe essa desigualdade. Enquanto centenas de manifestantes muitos levados pelo discurso de um “patriotismo” manipulado amargam prisão e até alegam envenenamento nas celas, Jair Bolsonaro (PL), gastou R$ 8 milhões com advogados para defendê-lo. O ex-presidente, que passou anos insuflando sua base contra as instituições, agora busca escapar das consequências, enquanto seus seguidores enfrentam a dureza da lei.

A história está repleta de exemplos parecidos. Líderes políticos usam a massa trabalhadora como escudo para seus interesses, mas, na hora da queda, abandonam aqueles que os seguiram cegamente. Isso aconteceu na República Velha, no golpe de 1964 e na Ditadura Militar, e segue acontecendo hoje.

O trabalhador e a luta de classes

A classe trabalhadora precisa entender que seus desafios não se resolvem com discursos vazios de “amor à pátria” que só beneficiam os donos do poder. A luta de classes é uma realidade histórica: os trabalhadores sempre tiveram que se organizar para conquistar direitos, desde a jornada de 8 horas até o direito a férias e aposentadoria. Hoje, com a precarização do trabalho e a retirada de direitos, essa luta se torna ainda mais urgente.

Mas o que vemos? Um Brasil onde boa parte da população é levada a acreditar que os ricos e poderosos estão do seu lado, enquanto políticas públicas são desmontadas e a desigualdade cresce.

O Brasil precisa olhar para sua história e enxergar que os trabalhadores só avançam quando se organizam e compreendem seu papel. Não há “herói” político que resolverá os problemas do povo sem que o próprio povo tome consciência de seus direitos e lutas.

Enquanto a elite protege seus interesses, a classe trabalhadora segue iludida por promessas vazias e distrações que só a enfraquecem. O despertar para a realidade da luta de classes é urgente. Sem isso, continuaremos a repetir os erros do passado, sempre pagando o preço mais alto.

O risco silencioso dos jogos online

Enquanto a elite move as peças do tabuleiro, um novo problema afeta a classe trabalhadora: o endividamento e os transtornos causados pelos jogos online. Plataformas de apostas, disfarçadas de entretenimento, viciam jovens e adultos, levando muitos à ruína financeira. O apelo da “fácil riqueza” prende trabalhadores já explorados em um ciclo de perdas e frustrações.

Aqui também há um reflexo da luta de classes: empresas de apostas lucram bilhões enquanto o pequeno apostador perde o pouco que tem. Enquanto isso, transtornos como ansiedade, depressão e compulsão por jogos crescem sem que o Estado tome medidas eficazes.

Samuel Costa é rondoniense, advogado, professor e jornalista com especialidade em Ciência Política

AUTOR: SAMUEL COSTA





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