Produtora de conteúdo move ação contra Igreja de Porto Velho; ela alega que foi expulsa do culto por causa da roupa

Jéssica Araújo e seu namorado, Thiago Tabosa, registraram Boletim de Ocorrência (BO) e moveram ação contra a entidade pentecostal Deus é o Amor

Por Informa Rondônia - terça-feira, 05/11/2024 - 10h28

Porto Velho, RO – Tramita no 4º Juizado Especial Cível de Porto Velho, sob os autos de nº 7054532-70.2024.8.22.0001, uma ação movida pelo casal Jéssica Araújo (@jessica.araujom), modelo e produtora de conteúdo adulto, e Thiago Tabosa, investidor, contra a Igreja Pentecostal Deus é Amor. A primeira audiência do caso está marcada para o dia 21 de novembro. Eles pedem à Justiça R$ 19,5 mil em indenização por danos morais.

Relato do casal sobre os fatos

De acordo com a peça inicial apresentada pelo casal, os eventos que motivaram a ação ocorreram no dia 3 de outubro de 2024. Naquela data, Jéssica e Thiago compareceram ao culto da tarde na sede da Igreja Pentecostal Deus é Amor, como de costume, antes de seguirem para a academia. Durante o culto, Thiago foi abordado por uma membra da igreja que sugeriu que Jéssica deveria se vestir com mais “respeito”.

Thiago, conforme relatado na inicial, questionou a membra e a desafiou a mostrar uma passagem na Bíblia que condenasse o uso de roupas de academia. “E Thiago entra em confronto com a membra, desafiando esta a mostrar-lhe na Bíblia o versículo que condenava as vestes de academia de Jéssica”, descreve o documento.

Jéssica Araújo trabalha divulgando a própria imagem nas redes sociais / Reprodução

O pastor Renato Lemos, responsável pela sede, que, segundo o relato, já havia enfrentado confrontos anteriores com Thiago, interveio na situação. “E Renato, o pastor da sede, que perseguia Thiago, mandando obreiros o intimidar dentro do banheiro, para que a multidão não visse, e ameaçando registrar Boletim de Ocorrência contra Thiago, foi intervir no confronto”.

Renato teria apoiado a membra e instruído que Thiago e Jéssica deixassem o templo caso continuassem a questionar. Thiago, por sua vez, insistiu que o pastor mostrasse na Bíblia ou no regimento interno da igreja algo que justificasse a condenação das vestimentas. “Mas Thiago não cedendo a ameaça de Renato, pois Thiago sabia que estava em seu direito de expressão de pensamento, continuou a confrontá-lo”.

Página 1 do Boletim de Ocorrência registrado pelo casal contra o pastor Lemos / Reprodução
Página 2 do Boletim de Ocorrência registrado pelo casal contra o pastor Lemos / Reprodução



Reação dos fiéis e intervenção dos seguranças

A discussão atraiu a atenção dos fiéis presentes, estimados em cerca de 50 pessoas. Parte da congregação teria se manifestado contra a conduta do pastor Renato, afirmando que todos deveriam ser aceitos na igreja independentemente de suas vestes. A crescente tensão levou o pastor a acionar os seguranças do templo.

“E Renato, percebendo o grande alvoroço dentro da igreja, vendo fiéis levantarem de seus lugares, para discordarem de sua conduta, chamou os dois seguranças da igreja, para expulsar Thiago e Jéssica”. Os seguranças se aproximaram e, portando cassetetes, pediram que o casal deixasse o local de forma pacífica. Thiago recusou a sair, afirmando que desejava assistir ao culto. Entretanto, a possibilidade de acionar a polícia foi levantada pelos seguranças, levando o casal a deixar o templo.

“E os dois seguranças da igreja chegam e ficam bem próximos de Thiago, o fechando, e cada um segurando em seu cassetete, para intimidá-lo”, prossegue o relato.

Conversa com pastora e decisão de ação judicial

Ainda segundo a peça inicial, após o casal ser expulso, uma pastora conhecida do casal tentou mediar a situação. “E […], pastora da igreja, que conhecia Thiago e Jéssica de muitos cultos, foi até eles, para entender melhor o porquê do profundo alvoroço”. Thiago questionou a pastora: “Quantos cultos você já viu a gente ir com roupa de academia? Mais de 20!”, ao passo em que ela teria confirmado com um gesto de concordância.

Os autores da ação alegam ter sofrido “graves transtornos emocionais” em decorrência do ocorrido e, por isso, optaram por mover a ação por danos morais.

“Busco a Igreja como cura, remédio da alma. E lá fui tratada desse jeito, expulsa. É humilhante”, concluiu a modelo.

O Informa Rondônia tentou contato com o pastor Renato Lemos, mas, até o fechamento da reportagem, não obteve êxito. O espaço está aberto para eventuais manifestações.

AUTOR: INFORMA RONDÔNIA





COMENTÁRIOS: