Não podemos esquecer que todos nós temos direito a descanso e existe vida além do trabalho.
Chegou o penúltimo mês do ano comprovando que estamos cansados. Seja por causa da correria diária ou pelo esgotamento que vamos sentindo nessa época, novembro chegou apontando canseira coletiva. Mais cansado ainda é quem tem direito apenas uma folga por semana. Que tem de escolher entre descansar, passar um tempo com a família, cuidar de si, se divertir ou cuidar das tarefas de casa que não terminam nunca.
Nessa semana uma proposta de Emenda Constitucional apresentada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) que reduziria a jornada de trabalho legal sem redução salarial ganhou a atenção da internet e atraiu 1,5 milhões de assinaturas. A iniciativa do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), do vereador eleito carioca Rick Azevedo (PSOL) está na boca do povo e do Plenário da Câmara.
Isso porque essa é a realidade da metade da produção brasileira que trabalha em uma escola 6×1, ou seja, quando trabalham seis dias na semana e folga um. As mulheres que têm dupla jornada trabalham fora e cuidam da casa dos filhos são as mais prejudicadas. Com um sistema de transporte público precário elas passam a maior parte do tempo se deslocando até o trabalho chegando em casa apenas para dormir e repetidamente no dia seguinte trabalhar.
Acontece que algumas entidades empresariais e parlamentares estão criticando a proposta, pois segundo eles acarretaria prejuízos e aumento de desemprego. O mesmo discurso aconteceu quando surgiu o direito do décimo terceiro do trabalhador, férias anuais remuneradas, previdência social entre outros. Parece que condições mínimas de qualidade de vida do trabalhador aborrecem os patrões.
AS ÚLTIMAS DO INFORMA RONDÔNIA
++++ Café de Rondônia bate todos os recordes de vendas e atinge ápice em 2024
++++ Prefeitura de Porto Velho inaugura nova rodoviária no dia 20 de dezembro
Enquanto isso o trabalhador beira o esgotamento, a jornada exaustiva diminui a produtividade e aumenta a rotatividade de funcionários da empresa, pois é difícil suportar essa batida de oito horas de trabalho que acontece na maioria das vezes de segunda a sábado. O fim da escala 6×1 é a oportunidade de o trabalhador descansar, estudar, se aperfeiçoar e se qualificar profissionalmente. O término da jornada pesada evita problemas de estresse e ansiedade entre os profissionais. Melhora o relacionamento familiar de milhares de crianças que não tem tempo com os pais.
E não adianta dizer que no nosso país não funciona. Entre as empresas que implantaram a semana de quatro dias por aqui, 60% dos funcionários aumentaram o engajamento e 71% apresentaram maior produtividade. Já em termos financeiros, as empresas que participaram do teste comprovaram crescimento na receita certificando que a nova escola pode ser economicamente executável.
E para quem continua com o discurso da onda de demissões e preços mais altos de produtos de serviços vamos pensar no consumo que aumenta nos dias de folga no comércio e no turismo.
Processos históricos são necessários para mudar nossa cultura, o esgotamento e número de doenças mentais são prova de que precisamos de uma mudança de rotina. A tecnologia avançou e ainda trabalhamos exaustivamente. Essa conta não faz mais sentido. Não podemos esquecer que todos nós temos direito a descanso e existe vida além do trabalho. Como no trecho da música do Titãs; “A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte. A gente quer dinheiro e felicidade. A gente quer inteiro e não pela metade”.
Como vamos ser contra ao descanso de um trabalhador ou trabalhadora que precisa passar mais tempo com a família? Já é uma questão de sensibilidade e boa vontade reduzir o esgotamento de milhares de chefes de famílias e de gerações que estão por vir. Se o caminho não está dando certo vamos buscar outra alternativa, a vida é mais que trabalho e já estamos todos cansados de viver só para trabalhar.
AUTOR: LARINA ROSA