EDITORIAL
A insustentável leveza dos políticos de Rondônia enquanto o estado arde

Confúcio brinca de "Pogobol"; Chrisóstomo e Máximo tietam Trump (de longe); e Cirone Deiró e Delegado Lucas em Las Vegas. É muito bom ser político!

Por Informa Rondônia - terça-feira, 21/01/2025 - 13h42

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Porto Velho, RO – Rondônia queima. Literalmente. Fações criminosas desafiam as forças de segurança, enquanto a sociedade espera medidas concretas para enfrentar a instabilidade. Mas em vez de compromisso, o que se vê é um desfile de escapismo e futilidades por parte de quem deveria carregar o peso do momento.

Na esfera federal, Coronel Chrisóstomo e Fernando Máximo, respectivamente do PL e União Brasil, resolveram voar para se exibir em Washington. Lá, não conseguiram sequer chegar perto de Donald Trump, mas gravaram vídeos em que desfilam em êxtase, verdadeiras celebridades, como se isso trouxesse algum benefício ao estado de Rondônia.

Não trará!

Do lado da posição, ou seja, o aliado governo Lula, do PT, senador Confúcio Moura, do MDB, optou por ensinar seus seguidores como usar um disco de equilíbrio para fazer agachamentos. E por mais que ninguém negue seu direito ao exercício, não deixa de ser uma cena peculiar: em um estado tomado por crises, o representante escolhe o timing perfeito para brincar com algo que remete ao Pogobol do Gugu.

Essa desconexão reflete a falta de solidariedade, discurso e, francamente, bom senso por parte de uma fatia considerável da classe política rondoniense. Se Chrisóstomo e Máximo fogem da realidade para enaltecer um político americano cuja relevância para Rondônia é nula, Moura oferece um tutorial fitness digno de instrutores de academia.

Na Assembleia Legislativa, o descompromisso é ainda mais emblemático. Cirone Deiró e Delegado Lucas decidiram que o momento ideal para visitar uma feira em Las Vegas seria… agora. Claro, com quase R$ 90 mil em diárias, é difícil não ser tentado pela ideia de um tour pela cidade dos cassinos. A população enfrenta insegurança, mas, para eles, o jackpot parece estar garantido: basta que queiram.

O romance A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, ajuda a iluminar esse espetáculo. O autor tcheco explora o vazio existencial que surge quando escolhas são feitas sem um sentido mais profundo. Tomas, por exemplo, busca a liberdade, mas suas ações o deixam aprisionado em um ciclo de frivolidade. É difícil não enxergar um paralelo com os políticos rondonianos: suas “fugas” refletem a mesma ausência de propósito.

No entanto, Kundera também mostra como essa “liberdade” muitas vezes resulta em consequências desastrosas. Rondônia precisa de ação, de presença, de posicionamento. Mas o que recebe são vídeos gravados como se fossem troféus e postagens lúdicas enquanto o estado arde.

E, enquanto os personagens de Kundera pelo menos enfrentam seus dilemas internos, os congressistas de Rondônia preferem fazer agachamentos ou apostar fichas fora do tabuleiro político. No fim, a parvoíce deles faz lembrar que a “leveza”, ou melhor, a folga, quando excessiva, pode ser não apenas insustentável, mas vergonhosa. Como é bom ser político, não?

AUTOR: INFORMA RONDÔNIA





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