Apesar de sua rica história e resiliência, Porto Velho completa 110 anos enfrentando desafios sociais, econômicos e políticos que exigem liderança e ação efetiva para reescrever sua trajetória.
Porto Velho chegará aos seus 110 anos de instalação no proxímo dia 24 de janeiro, uma data que deveria ser de celebração, mas nos convida à reflexão. Apesar de sua rica história e do potencial gigantesco de sua gente, nossa cidade ainda enfrenta desafios gritantes que mancham seu desenvolvimento. Ser listada entre as 100 piores cidades do Brasil e carregar o título de capital com o pior indicador social, segundo o Instituto Trata Brasil, é um reflexo de décadas de negligência, má gestão e falta de políticas públicas efetivas.
Ao longo dos anos, nossa capital tem sido um símbolo de resistência, mas também de descaso. A evasão escolar, a precariedade da atenção básica à saúde e a ausência de justiça social não são problemas isolados, mas sintomas de uma estrutura política ineficiente. Para romper com esse ciclo, é preciso coragem, planejamento e, sobretudo, liderança. Somente um estadista — alguém com visão, estratégia e compromisso verdadeiro com o povo — será capaz de elevar a autoestima dos porto-velhenses e pavimentar o caminho para um futuro digno.
Mas liderança por si só não basta. O desenvolvimento de Porto Velho exige recursos federais. Estamos em um estado com baixa arrecadação e dependente de transferências, o que torna essencial o fortalecimento da nossa articulação política em Brasília. Projetos estruturantes precisam sair do papel e transformar vidas. Não há mais espaço para promessas vazias; é hora de resultados concretos.
A evasão escolar é uma ferida aberta que compromete o futuro de milhares de crianças e jovens. O combate a esse problema deve ser prioritário. Investir em infraestrutura escolar, formação de professores e programas de inclusão são passos básicos, mas indispensáveis. Além disso, políticas que integrem a educação ao mercado de trabalho podem oferecer perspectivas reais de um futuro melhor.
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A atenção básica à saúde é o pilar de um sistema eficiente. Porto Velho precisa de mais unidades de saúde, profissionais capacitados e medicamentos disponíveis. Mas além disso, é preciso humanizar o atendimento e fortalecer ações preventivas, evitando que problemas simples se transformem em tragédias.
A desigualdade social em Porto Velho é gritante. Precisamos de políticas habitacionais, saneamento básico universal e geração de emprego e renda. A justiça social não é um privilégio, mas um direito que deve ser garantido a todos.
Porto Velho não merece ser lembrada apenas pelas suas dificuldades. Nosso povo é forte, resiliente e cheio de vontade de mudar. Que este aniversário de 110 anos seja um marco, não apenas de memória, mas de ação. Está na hora de reescrever a história da nossa cidade, e isso só será possível com união, trabalho e, acima de tudo, esperança em um futuro melhor.
Samuel Costa é portovelhense, advogado, jornalista e especialista em Ciência Política
AUTOR: SAMUEL COSTA