EDITORIAL
Máximo se vingou do União Brasil, mas pode se prejudicar em 2026 “flertando” com Bolsonaro e Marçal ao mesmo tempo

Deputado federal foi o grande vencedor de 2024: entenda por quê

Por Informa Rondônia - segunda-feira, 10/03/2025 - 15h23

Conteúdo compartilhado 1872 vezes

Porto Velho, RO – Fernando Máximo não precisou fazer nada. Sem discursos agressivos ou contestações públicas, ele apenas assistiu enquanto o União Brasil seguia seu caminho eleitoral sem ele. A legenda garantiu o maior número de prefeituras em Rondônia, mas perdeu o que realmente importava: a capital do estado.

A disputa pela Prefeitura de Porto Velho era estratégica. Enquanto o União Brasil apostava em um nome “alienígena”, ao patriar a ex-deputada Mariana Carvalho, ex-Republicanos, Máximo ignorou a escolha e apoiou o adversário da sigla no segundo turno. No palanque do agora prefeito eleito, marcou presença sem receio de represálias. O resultado: o partido venceu no interior, mas falhou onde precisava consolidar sua força, enquanto Máximo emergia ainda mais fortalecido.

Sua popularidade já havia sido comprovada em 2022, quando foi o deputado federal mais votado de Rondônia. O União Brasil optou por outro nome na disputa majoritária e pagou o preço. Agora, com a vitória de Léo Moraes, Máximo colhe os frutos sem precisar atacar ninguém. Sem dúvidas, foi o grande vencedor de 2024. Mais até do que Léo Moraes, já que é sempre mais vantajoso influenciar o poder do que exercê-lo diretamente. Quem governa lida com cobranças, desgastes e crises diárias, enquanto quem se mantém nos bastidores pode colher os frutos da vitória sem arcar com seus ônus.

O único inimigo de Fernando Máximo é ele mesmo

Se há um ponto de vulnerabilidade em sua trajetória, ele vem de sua gestão como secretário de Saúde do Estado (Sesau/RO), especificamente na compra de testes rápidos para COVID-19. O tema voltou à tona recentemente e foi abordado no podcast Resenha Política, do jornalista Robson Oliveira, veiculado exclusivamente no Rondônia Dinâmica. Na prévia lançada nesta segunda-feira (10), questionado sobre o assunto, Máximo afirmou: “Eu não sou investigado, não fui indiciado.” A íntegra vai ao ar amanhã, dia 11.

Se decidir disputar um cargo majoritário em 2026, adversários certamente usarão essa questão contra ele. Ainda que não haja investigações formais, qualquer dúvida pode ser transformada em ataque político.

A touquinha cirúrgica e o marketing da identidade política

Fernando Máximo construiu uma identidade visual peculiar na política local. Assim como Ivo Cassol foi o Homem do Chapéu e Jerônimo Santana o Homem da Bengala, ele aposta na touquinha cirúrgica como marca registrada. No entanto, enquanto esses símbolos tinham uma conexão prática com suas trajetórias, o adereço médico de Máximo parece mais um artifício de campanha.

A estratégia pode funcionar a curto prazo, mas, para se consolidar como um líder incontestável, ele precisará provar que é mais do que apenas um personagem político, muito além da caricatura.

O aceno a todas as direitas possíveis

O parlamentar busca influência nacional e tenta abranger diferentes setores da direita brasileira. Em seu Instagram, aparece ao lado de Jair Bolsonaro para garantir o eleitorado bolsonarista, enquanto posa com Pablo Marçal para se aproximar de um segmento mais alternativo. Essa tentativa de conciliação acontece em meio a uma cisão crescente na direita nacional – ainda sutil, mas já evidente nas farpas trocadas entre Bolsonaro e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).

Esse jogo estratégico diferencia Máximo de outros parlamentares de Rondônia, como Chrisóstomo, cujo foco está quase exclusivamente nos Estados Unidos e Donald Trump. Enquanto Chrisóstomo se limita a um nicho específico, Máximo intercala simbolismo com atuação parlamentar, tentando se consolidar em diversas frentes.

No entanto, esse sorriso aberto para todos os lados pode gerar uma crise de identidade com o eleitorado rondoniense, que, ao menos até agora, permanece majoritariamente bolsonarista e pouco disposto a abrir mão dessa lealdade.

O futuro de Fernando Máximo

Se conseguir equilibrar sua trajetória entre o político sério e o personagem de redes sociais, Máximo pode se tornar um nome difícil de ser batido em 2026. Mas se exagerar na autopromoção e perder o foco, pode ver sua ascensão se tornar errática.

Por enquanto, ele segue intocável, colhendo os frutos de sua aposta política e ignorando qualquer tentativa de seu partido de limitá-lo. Se continuar nesse ritmo, não será surpresa vê-lo disputar voos ainda mais altos no cenário rondoniense.

AUTOR: INFORMA RONDÔNIA





COMENTÁRIOS: