COLUNA DO SPERANÇA
Rondônia perdendo a guerra contra as drogas; a “petização” do Planalto; e Dino contra a farra das emendas

Do impacto das bactérias amazônicas na ciência ao cenário político brasileiro, uma análise sobre nacionalismo, segurança pública e manifestações

Por Carlos Sperança - quarta-feira, 12/03/2025 - 10h02

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Amazônia microscópica

Crítica ao nacionalismo extremado válida também para as atuais “bolhas” das redes sociais, o romance As Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift, expõe ao ridículo as posições políticas radicais baseadas em preconceitos. O autor jogou um ser humano comum em uma ilha (Liliput) na qual as pessoas eram muito pequenas e ele parecia um gigante e outra (Brobdingnag) em que era muito pequeno frente ao gigantismo das pessoas.

Swift morreu mais de um século antes que a Amazônia fosse conhecida, mas ele teria muito a escrever diante do gigantismo de uma sucuri ou da extensão de um angelim-vermelho e seu contraste com seres microscópicos que tendem a se tornar gigantes quando estudados para fins de cura e proteção à saúde humana.

Este é o caso de bactérias só encontradas em solo amazônico. Para estudar seres tão minúsculos, uma operação gigantesca foi encetada. Como só existem na Amazônia, especificamente no Parque Estadual do Utinga, para estudá-las seria necessário dispor na floresta de um conjunto laboratorial do tamanho de um estádio de futebol, que no Brasil só existe em Campinas (SP).

A solução foi transportar cuidadosamente pedaços do solo amazônico até o laboratório, onde é possível fazer até 10 mil testes em um dia. Os primeiros resultados mostraram que os benefícios encontrados nas raras bactérias amazônicas valem mais que ouro e já pagaram todo o volumoso investimento feito no estudo.

A petização

Visando reagir à queda de aceitação neste governo, depois de ter sido um recordista de popularidade nos seus primeiros dois governos nas décadas passadas, o presidente Lula, visando a reeleição no ano que vem, desenvolve um processo de “petização” no Palácio do Planalto. Foi o que se viu com as posses da Ministra Gleisi Hoffmann para melhorar seu relacionamento no Congresso Nacional e Alexandre Padilha visando melhorar a aflitiva situação da saúde em todo o País.

Esqueceu ainda, nas suas mudanças, de outro calcanhar de Aquiles de sua gestão, que é a segurança pública, que vai de mal a pior em todo território nacional.

Quem manda!

Tem uma outra situação que fica difícil de mudar no País e que não tem sido alterada desde os governos anteriores de FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro. Todos ficaram de joelhos para o Congresso. Ora, quem manda no país, de fato, é o Congresso Nacional, com seus deputados federais e senadores, que rapinam muito os recursos públicos através do fundão eleitoral e emendas parlamentares. Apoiam os presidentes desde que seja de sua conveniência e presidentes impopulares são descartados. Já ocorreu isto, por exemplo, com Dilma Rousseff, que se negou a abrir o erário para os parlamentares.

Crime organizado

Como se sabe, o crime organizado tem estendido seus tentáculos em Rondônia com filiais dos cartéis de drogas da Bolívia, Peru e Colômbia. Agora também existe a suspeita do envolvimento das facções nas constantes fugas de presos no estado, cujos presídios estão abarrotados de traficantes.

Rondônia está perdendo a guerra contra as drogas e um combate mais eficiente exige esforços e mais recursos da União. Também falta estratégia e gestão da segurança pública rondoniense, que, afinal de contas, não pode ficar dependendo da força nacional para segurar a criminalidade. Daqui algum tempo a guarda vai embora e o caos volta a se estabelecer.

Cabos elétricos

Com força nacional e tudo mais reforçando a segurança pública de Porto Velho, o roubo de cabos elétricos continua prosperando, ao ponto de até órgãos públicos, como a Caerd, serem prejudicados na distribuição de água à população em vista da ação de vândalos.

Passados os primeiros momentos de medo da força nacional, a bandidagem voltou a agir. Rouba-se fios elétricos nas casas, nas ruas e avenidas; arromba-se estabelecimentos comerciais nas principais avenidas. No centro histórico, uma aliança entre mendigos, ladrões e arrombadores faz a festa na capital. É coisa de louco!

A manifestação

O próximo dia 16, domingo, será palco de uma grande manifestação pela anistia dos vândalos que depredaram o Congresso Nacional, Palácio do Planalto, Esplanada dos Ministérios, Supremo, etc.

O ato público principal vai acontecer na praia de Copacabana, sob o comando do ex-presidente Jair Bolsonaro. Todas as capitais se preparam para o evento com manifestações locais, como é o caso de Porto Velho, na região do Espaço Alternativo. Como Lula anda mal das pernas, torna-se uma presa fácil para os conservadores em 2026, mas ninguém fala em impeachment, mesmo porque o “Centrão” está recebendo o pix em dia…

Via Direta

  • A logística tem sido um baita entrave para o escoamento da soja em Rondônia, com centenas de carretas buscando o embarque nas barcaças e os caminhoneiros obrigados a encarar longas filas nos portos da capital.
  • Finalmente, o orçamento 2025 da União entra em votação na próxima semana. Antes, deputados e senadores cobraram o pagamento dos recursos das emendas parlamentares, aquelas que têm sido alvo de maracutaias por todo o Brasil.
  • Parlamentares, prefeitos e empreiteiras fazem a festa com emendas parlamentares nos municípios.
  • O ministro Flavio Dino é o único que tenta moralizar essa situação de balcão de negócios.

AUTOR: CARLOS SPERANÇA





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