Deputada federal por Rondônia falou ao podcast Resenha Política sobre conflitos internos no PP, alianças futuras e sua atuação no Congresso Nacional
Porto Velho, RO – Em entrevista ao podcast Resenha Política, apresentado pelo jornalista Robson Oliveira, a deputada federal Sílvia Cristina (PP-RO) compartilhou suas experiências recentes no cenário político estadual e nacional, relatando situações pessoais vividas no exercício do mandato, bem como possíveis caminhos para o futuro, incluindo uma eventual candidatura ao Senado nas eleições de 2026.
Um dos principais temas da conversa foi sua entrada na presidência estadual do Progressistas. Sílvia afirmou que o convite para assumir o comando do partido em Rondônia partiu da direção nacional. “Recebi três convites do presidente nacional, Ciro Nogueira, até que ele me disse: ‘Não é mais convite, estou te convocando a fazer parte da diretoria e ser presidente do partido’”, contou. Ela acrescentou que, antes de aceitar, procurou pessoalmente o ex-governador Ivo Cassol para conversar. “Fui num sábado à tarde conversar com o ex-governador Ivo Cassol, a quem tenho muita admiração”. Segundo a deputada, a estrutura do diretório estadual foi mantida quase na totalidade. “A diretoria permanece a mesma, com exceção de uma pessoa que não quis participar”. Negou qualquer atitude autoritária na condução do processo. “Não houve caça às bruxas”.
Outro assunto abordado foi o episódio de racismo institucional ocorrido dentro da Câmara dos Deputados. Sílvia relatou constrangimento ao ser questionada três vezes por agentes de segurança mesmo após se identificar como parlamentar. “Três vezes me perguntaram: ‘Aonde a senhora pensa que vai?’. E eu mostrei o broche, sou deputada federal. Pediram desculpas, mas o constrangimento já havia acontecido”. Na avaliação da deputada, esse tipo de conduta reflete um ambiente carregado de preconceitos. “O radicalismo cega”. E acrescentou: “Não é a cor que define o caráter”.
Indagada sobre a possibilidade de se lançar candidata ao Senado em 2026, ela preferiu a cautela, mas reconheceu que tem refletido sobre a ideia, especialmente após ser incentivada por aliados. “Se partir desse grupo, das pessoas, quem nos dá o poder de uma eleição, eu tô pronta, eu posso sim ser candidata lá na frente”. Citou como apoiadores dessa possibilidade o ex-senador Expedito Júnior e o médico Diego Vasconcelos.
No campo das articulações políticas, Sílvia evitou declarar apoio a nomes que já surgem como potenciais candidatos ao governo estadual, como Marcos Rogério e Fúria. “Os dois são bons. O namoro está acontecendo”, declarou. Ela afirmou ainda que mantém diálogo contínuo com lideranças políticas de diferentes espectros, incluindo o senador Confúcio Moura.
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A respeito de sua relação com o governador Marcos Rocha, a deputada reconheceu a ausência de proximidade institucional. “Tenho muito respeito, mas ele se mantém um pouco tranquilo mesmo, não tem muito contato. Política é a arte de conversar”.
O tema da polarização também foi discutido. Para Sílvia, é preciso superar os discursos extremos e promover uma convivência mais equilibrada no ambiente político. “O radicalismo é muito ruim”, disse. Ao comentar sobre sua atuação como mulher negra na política, reforçou o compromisso com a pauta das ações afirmativas. “Sempre vou defender aquilo que realmente estamos sofrendo. Eu, como negra, mostro que temos competência para ocupar qualquer cargo”.
Sobre a transição do PDT para o PP, a parlamentar contou que deixou o antigo partido após conflitos internos relacionados à sua atuação. “Eu votava com meu coração e com a população. O Lupe [Carlos Lupi] não aceitava isso. Fui perseguida dentro do partido”. Segundo ela, no Progressistas encontrou um ambiente com maior autonomia para exercer o mandato. “O Progressistas nos dá muita liberdade. O Ciro Nogueira entende as nossas particularidades”. Acrescentou que mantém boas relações com parlamentares ligados ao campo conservador, incluindo militares e delegados.
Na entrevista, Sílvia detalhou iniciativas voltadas à saúde pública, que considera uma das prioridades de seu mandato. Citou a instalação de Centros de Prevenção e Diagnóstico de Câncer nos municípios de Ji-Paraná e Vilhena, além da obra de um centro de reabilitação em Porto Velho. Segundo a deputada, este último será o maior da América Latina. O projeto conta com R$ 32,5 milhões em investimentos e equipamentos importados da Suíça, Áustria e Chile. “Zeramos a fila de aparelhos auditivos do estado”, afirmou.
Na área rural, destacou o projeto Cidadania Plena, realizado em parceria com o Instituto Federal de Rondônia (IFRO), voltado à mecanização agrícola e capacitação técnica. “Não é só levar o trator, mas também dar o curso de tratorista, com certificado reconhecido pelo MEC”, explicou. Quanto ao trabalho legislativo, preferiu não listar projetos de lei específicos, mas mencionou que encaminha propostas ao Ministério Público como forma de garantir fiscalização. “Faço questão de colocar o MP dentro desses projetos”.
Sobre as perspectivas eleitorais do Progressistas, revelou que o partido mantém tratativas com outras legendas, como os Republicanos. Também mencionou a possibilidade de formação de uma federação com o União Brasil. “Possivelmente, eu e o Fernando Máximo poderemos estar nesse cenário”. Afirmou estar concentrada na construção da nominata que disputará cargos proporcionais em 2026. “Um ano passa muito rápido”.
Ao encerrar a participação, compartilhou um aspecto pessoal ao revelar sua fé católica e reafirmou o compromisso com escuta e empatia. “Pretendo seguir atuando com escuta e sensibilidade”.