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Léo acerta com “Páscoa no Parque”; senador vira alvo; e Papa Francisco recebe homenagens

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Papa Francisco era um líder que ousou amar sem fronteiras e sem preconceito

Por Herbert Lins - terça-feira, 22/04/2025 - 11h01

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CARO LEITOR, a coluna hoje homenageia o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, membro da Companhia de Jesus (Jesuítas), por ter sido o primeiro Papa da América Latina, do Hemisfério Sul e o primeiro pontífice não europeu em mais de 1.200 anos e o que representou em vida e o legado deixado para as próximas gerações. Escolheu o nome de um santo pobre, Francisco, para lembrar à Igreja o que deveria ser para os pobres e para o meio ambiente; já o luxo, segundo ele, sempre será um escândalo. Neste caso, o Papa Francisco, durante os seus 12 anos de papado, buscou despertar a consciência adormecida da Igreja Católica Apostólica Romana e do mundo para temas de inclusão, solidariedade, compreensão, cooperação, acolhimento, ecumenismo, respeito ao diferente e à tolerância. No seu jeito diferente de ser, preferiu ser o Papa da sinceridade, em vez de ser um líder religioso omisso e conivente com o silêncio. Não foi perfeito, nenhum Papa é. Não relativizou a fé, mas humanizou a Igreja no exemplo e na prática, levando-a aos pobres, refugiados e às minorias sociais. O Papa Francisco foi profundamente necessário para lembrar aos católicos que o Evangelho é um verbo vivo e a Igreja deve ser austera, por sua vez, servir aos mais pobres e aos descartados pelo sistema.

Brasil

A primeira viagem internacional do Papa Francisco foi ao Brasil no ano de 2013 por ocasião da 28ª Jornada Mundial da Juventude, realizada na praia de Copacabana, cidade do Rio de Janeiro. O evento reuniu mais de 3,5 milhões de pessoas e foi um marco importante para a Igreja Católica no Brasil e no mundo.

Francisco

O Papa Francisco visitou o Santuário Nacional de Aparecida no estado de São Paulo e diversos pontos do Rio de Janeiro, como a favela da Varginha e um hospital de dependentes químicos. Ele se reuniu com indígenas da etnia pataxó, recebeu líderes religiosos neopentecostais e de matrizes africanas.

Praça I

Na pandemia do covid-19, quando o medo tomou conta do mundo, o Papa Francisco caminhou sozinho sob chuva pela imensidão vazia da Praça de São Pedro e rezou pelo mundo. Uma imagem que marcou a história da humanidade.

Praça II

A missa do Papa Francisco na praça vazia mostrou para o mundo um pastor carregado de fé diante do sofrimento coletivo da humanidade. Ali, mais do que nunca, ele representou o Evangelho de Cristo, a esperança que resiste e o amor que não abandona.

Hipócrita

O Papa Francisco certa vez disse: “É melhor ser ateu do que um católico hipócrita”. Ele disse por saber que a fé sem coerência é teatro. Missa sem compaixão é encenação. Doutrina sem misericórdia é opressão e exploração.

Enfrentou

O Papa Francisco abriu portas de palácios, enfrentou muros e castelos, foi ecumênico, principalmente com a Igreja Católica Ortodoxa e os muçulmanos. Dialogou com gays e ainda disse: “Se uma pessoa é gay, busca o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”

Firmeza

O Papa Francisco pediu perdão pelos erros da Igreja, denunciou a pedofilia clerical sem meias palavras. Chamaram-no de comunista, de herege e de populista por suas posições austeras, progressistas e também conservadoras. Ele respondeu com oração, silêncio e, quando necessário, ainda mais com firmeza.

Legado

Num mundo doente de vaidade, individualismo, egoísmo, ostentação e ódio, o Papa Francisco pregou a fé, o amor, a compreensão e o cuidado. Num tempo de obscurantismo, pregou a solidariedade, fez de muros, pontes para se chegar ao consenso. Num século de algoritmos, insistiu no valor do abraço. Francisco partiu, mas deixou um legado de fé, solidariedade, cooperação, compaixão e misericórdia.

Cobertura

A morte do Papa Francisco é ignorada pela TV Record, enquanto canais do mundo inteiro deram cobertura completa. O canal de televisão pertence à Igreja Universal do Reino de Deus do autodenominado “bispo” Edir Macedo.

Hierarquia

Vale lembrar que a hierarquia da igreja teve origem com o Papa no topo como sucessor de São Pedro e líder supremo, seguido por cardeais, arcebispos, bispos, padres, diáconos, presbíteros, vigário-geral, monsenhor, cônego e membros leigos – freis, freiras e monges.

Testamento

Ontem (23), O Jornal Nacional fez uma cobertura extraordinária. O apresentador Willian Bonner leu o testamento do Papa Francisco seguido de um respeitoso silêncio. Foi emocionante identificar a simplicidade e a humildade de Francisco como líder supremo da Igreja Católica Apostólica Romana.

Lula I

O presidente Lula (PT), em pronunciamento à nação, lembrou dos seus encontros com o Papa Francisco e o seu legado em defesa da paz, do diálogo, do meio ambiente, das minorias, dos pobres, refugiados, de uma igreja inclusiva, da sua alegria e da paixão pelo futebol. Lula lembrou que Francisco defendia para sermos todos irmãos em comunhão, livres do preconceito e do ódio.

Lula II

No seu pronunciamento, o presidente Lula (PT) disse: “Francisco foi o Papa de todos, principalmente dos mais pobres, dos injustiçados, dos imigrantes e dos que não têm voz, vítimas da fome e do abandono.”

Estranheza

Causa-me muita estranheza que governadores, senadores, deputados federais, deputados estaduais, prefeitos e vice-prefeitos, além de vereadores, cristãos, mas pertencentes a outras denominações religiosas, a exemplo das igrejas evangélicas neopentecostais, não tenham lançado uma nota fúnebre em relação ao falecimento do Papa Francisco. Neste caso, não dialogam e não reconhecem, mas querem o voto na urna dos cristãos católicos.

Confúcio

O senador Confúcio Moura (MDB) publicou nas suas redes sociais uma postagem fúnebre do falecimento do Papa Francisco. Na postagem fúnebre a Francisco, Confúcio escreveu: “Francisco foi um homem de fé profunda, coragem serena e generosidade rara. Tocou o mundo com sua simplicidade, com suas palavras sempre voltadas ao amor, à empatia e ao cuidado com os que mais sofrem.”

Rogério I

O jornal eletrônico Rondôniadinamica identificou que o senador rondoniense Marcos Rogério (PL) publicou em seu perfil no Instagram uma nota destacando o legado de Francisco como líder espiritual da Igreja Católica, com ênfase em sua “notável sensibilidade pastoral, firmeza moral e espírito de serviço”.

Rogério II

A postagem do senador Marcos Rogério (PL) não foi bem recebida por parte do seu próprio público. Comentários como “Papa comunista! De santo não tinha nada!” e “Nunca foi sucessor de Pedro” invadiram a publicação oficial do senador. A manifestação de pesar acabou se tornando alvo de militantes da extrema-direita, que transformaram o espaço virtual em arena ideológica, ignorando qualquer sentimento cristão de compaixão ou fraternidade. Ele excluiu a postagem.

Silvia

A pré-candidata ao Senado e deputada federal Silvia Cristina (PP), como católica, publicou postagem fúnebre nas suas redes sociais enaltecendo as qualidades do Papa Francisco, em especial, o “pontificado marcado pela simplicidade”.

Maurício

O deputado federal Mauricio Carvalho (União Brasil) postou nas redes sociais uma postagem fúnebre ao Papa Francisco, que, por sua vez, o reconheceu como “um líder espiritual que marcou o mundo com sua humildade, coragem e compromisso com a justiça social”.

Chrisóstomo

O deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL) postou nas suas redes sociais uma mensagem fúnebre ao Papa Francisco. Na postagem, Chrisóstomo enfatizou que “o mundo perdeu um líder espiritual importante” e desejou que “o próximo Papa também seja compromissado com a agenda de vida”, ou seja, contra o aborto.

Cristiane

A deputada Cristiane Lopes (União Brasil), evangélica neopentecostal, postou mensagem fúnebre pelo falecimento do Papa Francisco. Cristiane demonstrou maturidade cristã, respeito e tolerância religiosa para com todos da religião católica em Rondônia.

Ausência I

Os senadores Jaime Bagatolli (PL) e os deputados federais Eurípedes Lebrão (União Brasil), Lúcio Mosquini (MDB), Thiago Flores (Republicanos) e Fernando Máximo (União Brasil), até o fechamento da coluna, identificamos a ausência de notas fúnebres referentes ao Papa Francisco nas suas respectivas redes sociais.

Ausência II

Falando em ausência, também identificamos nas redes sociais do governador Coronel Marcos Rocha (União Brasil) e do vice-governador Sérgio Gonçalves (União Brasil) ausência de nota fúnebre ao Papa Francisco. A equipe de marketing político de ambos precisa assimilar os dados do último censo do IBGE de 2022, que revelou: 46% da população rondoniense se declara católica.

Léo

O prefeito Léo Moraes (Podemos) homenageou o Papa Francisco nas suas redes sociais, afirmando que ele “nos ensinou com gestos simples o poder da fé, da humildade e do amor ao próximo”. Inclusive citou o versículo bíblico 2 Timóteo 4:7.

Linda

Falando em Léo Moraes (Podemos), prefeito de Porto Velho, está de parabéns e toda a sua equipe envolvida na realização do evento “Páscoa no Parque”. Deram um show de organização e a encenação da Paixão de Cristo no Parque da Cidade foi linda, emocionando todos os presentes.

Vereadores

Poucos foram os vereadores da capital que postaram mensagens fúnebres nas redes sociais ao Papa Francisco. Contudo, destaco as postagens a Francisco realizadas pela vereadora Sofia Andrade (PL) e pelos vereadores Thiago Tezzari (PSDB), Dr. Breno Mendes (Avante), Dr. Júnior Queiroz (Republicanos), Márcio Pacele (Republicanos) e Gedeão Negreiros (PSDB).

Sério

Falando sério, o Papa Francisco nunca viajou à Argentina durante seu papado, mas sempre deixou claro que estava ciente do que estava acontecendo em seu país de origem. Contudo, a Igreja se despede de um Papa que não teve medo de ser controverso — porque foi, acima de tudo, profundamente cristão e amou quem crê no Evangelho livre de dogmas.

AUTOR: HERBERT LINS





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