COLUNA DO SPERANÇA
Sérgio Gonçalves garante que está firme; para bolsonaristas Confúcio é presa fácil; e tucanos sem dentes

🛠️ Acessibilidade:

Análises, bastidores e disputas internas moldam o cenário político de Rondônia rumo às eleições de 2026 em meio a conflitos partidários

Por Carlos Sperança - sexta-feira, 09/05/2025 - 10h18

Conteúdo compartilhado 105 vezes

O círculo quadrado

Duas ocorrências referentes a assuntos importantes levantados recentemente com a marca de pioneirismo ao mesmo tempo informam e preocupam. De um lado, esperava-se algum agito em torno do primeiro leilão de concessão privada de florestas desmatadas no Brasil, realizado no fim de março. De outro, a inauguração pela Embrapa do primeiro Laboratório de Agricultura Digital da Amazônia, em Boa Vista (RR), não teve a repercussão merecida. Talvez no futuro se fale mais sobre isso.

O espaço que a imprensa poderia reservar a essas boas iniciativas e soluções foi ocupado pelas badernas verbais em torno do bate-carteira no INSS e da fracassada anistia. O Centrão e seu departamento de panos quentes tende a trocar está por uma CPI para investigar o que já se sabe há anos: a tunga no INSS.
O leilão teve só uma empresa apresentando proposta: a Systemica, que tem o banco BTG Pactual como sócio. Ela assumiu a responsabilidade de restaurar em 40 anos a área de 10 mil hectares da Unidade de Recuperação Triunfo do Xingu, em Altamira (PA). Já o Laboratório de Agricultura Digital, instalado na Embrapa Roraima, resulta de parceria com a Foxconn, empresa de Taiwan especializada em eletrônicos. A iniciativa é apoiada pelo Comitê das Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento na Amazônia e Suframa. Assuntos sérios deveriam merecer mais atenção que os bate-bocas em torno da quadratura do círculo.

Não depende dele

Refutando os boatos dando conta de sua desistência de disputar o governo de Rondônia, o vice-governador Sergio Gonçalves (União Progressista) garante que está firme e forte na peleja, com apoio (?) do atual governador Marcos Rocha (União Progressista) que vai disputar uma cadeira ao Senado no ano que vem. Ocorre que ele não tem mais controle do novo partido, unindo União Brasil e Progressistas. Por conseguinte, não depende de ele ratificar a candidatura, a não ser que pule para uma outra legenda onde consiga controlar. Para garantir candidatura só tendo controle e apoio dos convencionais dos partidos.

Controle assegurado

Alguns governadoraveis tem o controle dos seus respectivos partidos e com isto não terão dificuldades em serem homologados nas convenções de junho do ano que vem. São os casos do senador Marcos Rogério (PL), do ex-prefeito Hildon Chaves do PSDB gestionando fusão com o Podemos, com o controle dos tucanos. Também estão assegurados com maioria dos convencionais nos seus respectivos partidos, o senador Confúcio Moura (MDB), Silvia Cristina (esta vai na peleja ao Senado). Já, o ex-governador Ivo Cassol (PP) e o deputado federal Fernando Máximo (União Brasil) não controlam suas siglas e dependem da vontade dos seus respectivos diretórios para se candidatarem.

Tucanos sem dentes!

Nos anos 2000 os tucanos conspiraram contra a candidatura ao governo do estado do então ex-prefeito de Rolim de Moura Ivo Cassol, que pretendiam apoiar Natanael Silva. Já tinham até camisetas pintadas nas convenções tucanas apoiando Natanael, quando então Ivo Cassol fez o seu pronunciamento final. Lembrou que a pedido do partido tinha deixado a prefeitura de Rolim de Moura para se candidatar e que se fosse traído do jeito que a coisa estava armada naquele momento, muita gente ia deixar a convenção sem dentes. Diante da fúria de Ivo, nenhum tucano traiu o rolimorense, ele foi candidato ao então Palácio Presidente Vargas e ganhou a eleição. 

 A pior confusão

Mas a pior confusão, maior mesmo do que a dos tucanos, ocorreu na convenção do MDB que acabou encaminhado a candidatura de Confúcio Moura ao Senado. O ex-governador Valdir Raupp farejou perigo na candidatura de Confúcio e queria se livrar dele nas convenções do partido que iriam homologar o candidato ao Senado da legenda. Raupp tinha maioria dos convencionais, o juiz e os bandeirinhas a seu favor e acabou perdendo a parada. Confúcio armou uma confusão dos infernos naquele conclave, virou o jogo, beneficiado pelo punhal da traição de alguns antigos aliados dos Raupp, como Willians Pimentel. Houve empurrões, tabefes e pontapés e ao final de tudo El Carecon levou a melhor.

É osso duro!

Os bolsonaristas acham que o senador Confúcio Moura é uma presa fácil na disputa ao governo estadual em 2026. Mas é preciso cuidado com o veterano emedebista: ele nunca perdeu eleição e ganhou a maioria delas de virada, não sendo favorito em nenhuma destas disputas. Eleição paroquial é diferente das eleições federais, envolvendo disputas a presidência da república. El Carecon farejou uma grande oportunidade para 2026 com o racha, a discórdia e os rancores envolvendo os bolsonaristas em três grandes fatias. Se alcançar o segundo turno com Marcos Rogério, por exemplo, que é o grande favorito da temporada, poderá contar ao seu lado todos aqueles que  odeiam aquele parlamentar de Ji-Paraná.  

Via Direta

*** Depois de alguns dias urrando pelo sumiço do dinheiro na praça, os comerciantes lojistas mostram otimismo em Porto Velho com o Dia das Mães. Segundo eles, o movimento já começou a reagir nas lojas de roupas, celulares e perfumaria *** No meio rural a torcida fica por conta de uma recuperação no preço da soja, cotada em baixa, conforme queixas dos produtores no Cone Sul rondoniense *** Os primeiros protestos contra a administração do prefeito  de Porto Velho Leo Moraes vem da região do bairro Três Marias, tradicionalmente afetada por alagações no inverno amazônico e nuvens de poeira no verão *** Vereadores ovelhas e independentes estão focados em melhorias para aquele bairro. 

 

AUTOR: CARLOS SPERANÇA 





COMENTÁRIOS: