De investigações espetaculares à presidência da Assembleia, Marcelo Cruz reflete sobre trajetória política
Porto Velho, RO – O podcast “Resenha Política”, apresentado pelo jornalista Robson Oliveira, recebeu o deputado Marcelo Cruz para uma entrevista sobre a política em Rondônia e os acontecimentos nacionais. Cruz, que já presidiu a Assembleia Legislativa , foi descrito por Robson Oliveira como sinônimo de “esperteza” e “competência”.
A carreira política de Marcelo Cruz teve início em 2016, com sua eleição como vereador em Porto Velho. Sua ascensão foi notável, tornando-se deputado estadual em pouco mais de um ano. Um marco significativo foi a coordenação da campanha do deputado Laerte para a presidência da Assembleia Legislativa, o que lhe conferiu destaque. Contudo, essa projeção também trouxe desafios, como a “inveja” e as “falas” maliciosas.
Marcelo Cruz revelou que, ao se candidatar à presidência da Assembleia Legislativa, enfrentou comentários de que seria “preso” e que transformaria a Assembleia “como no passado”. Essas preocupações chegaram até sua família, que questionou a viabilidade de sua presidência. Em resposta a essas adversidades, Marcelo Cruz afirmou: “Eu sei quem eu sou, eu preciso provar que eu não sou isso que as pessoas estão falando”.
O deputado abordou diretamente as “dificuldades” enfrentadas em seu primeiro mandato, iniciado em 2019. Ele confirmou que foi alvo de “duas operações da Polícia Civil na minha casa” , mas ressaltou que “provei minha inocência. Não tenho mais nenhum processo, graças a Deus”. Apesar de considerar a situação “muito constrangedora” , ele expressou confiança na justiça do Estado, acreditando que as adversidades foram “permissão de Deus na minha vida para me tornar mais forte”.
A experiência de Marcelo Cruz como presidente da Assembleia Legislativa foi um período de intenso aprendizado. Ele relatou que, em decorrência das acusações e do “estereótipo” criado , ele lia “o documento” antes de assinar seu nome. Sua principal preocupação era evitar erros causados por terceiros, como assessores, que poderiam comprometer sua gestão. Para isso, cercou-se “realmente dos técnicos que são capacidade de pessoas realmente da minha confiança”. Essa abordagem, segundo ele, permitiu-lhe “conseguir ultrapassar essa presidência em paz”. Robson Oliveira inclusive reconheceu que Marcelo Cruz surpreendeu positivamente, afirmando que “não teve nada que desabone” sua presidência.
Perspectivas futuras e questões cruciais para Rondônia
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Marcelo Cruz foi especulado como candidato a prefeito de Porto Velho, mas considerou que “não era o momento”. Contudo, a possibilidade “continua no radar” devido ao seu amor pela cidade e pelo estado. Para as eleições de 2026, ele pretende buscar a reeleição como deputado estadual e não concorrerá a deputado federal ou senador. Ele está focado na construção de um partido, o PRTB, visando formar uma “nominata sólida” que possa eleger “no mínimo aí quatro deputados estaduais” em 2026. Marcelo Cruz mencionou o sucesso do partido em eleições anteriores, elegendo “dois vereadores, elegemos um prefeito pelo PRTB” em Brasilândia, o único prefeito do PRTB no Brasil.
Sobre o cenário político para 2026, Marcelo Cruz vê “muita briga”. Ele considera o senador Marcos Rogério “muito forte” para a disputa, crescendo “naturalmente” e sem forçar. O deputado também mencionou o prefeito de Cacoal, Fúria, como uma surpresa para quem é da capital, destacando sua ousadia, discurso e habilidade política.
Ainda sobre as eleições, Marcelo Cruz revelou a intenção de lançar seu pai, um pastor evangélico de 70 anos e atual vereador em Porto Velho, como candidato a deputado federal. Ele destacou a força do segmento evangélico na política de Rondônia, especialmente a Assembleia de Deus, que possui “mais de 100 mil membros” no estado, e em Porto Velho, “tem uns de 25 a 30 [mil membros]”.
Ambiental, Segurança Pública e Infraestrutura
Marcelo Cruz abordou a questão da legislação ambiental, muitas vezes declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Ele defende uma abordagem mais sensível às necessidades dos pequenos produtores rurais, que dependem da terra para sustentar suas famílias. Para ele, o “afrouxamento” das leis visa beneficiar esses produtores já estabelecidos. O deputado sugeriu que as autoridades, incluindo o Tribunal de Justiça, Ministério Público, Tribunal de Contas, Assembleia Legislativa e Governo do Estado e Federal, deveriam visitar assentamentos como Rio Pardo ou Buritins e Jacimópolis para entender a realidade local.
Em relação à segurança pública, Marcelo Cruz expressou preocupação com o avanço das organizações criminosas na capital. Ele tem investido em recursos, destinando cerca de “3 milhões de investimentos no total” em emendas parlamentares para a segurança pública, especialmente para o 5º Batalhão da PM, focando em inteligência e equipamentos. Para o deputado, o problema da segurança pública “não é somente do Brasil”, e a solução exige uma ação conjunta e um planejamento estratégico que envolva todos os poderes, identificando os “cabeça” das organizações e buscando soluções que impeçam que continuem a comandar de dentro dos presídios. Ele lamentou a falta de vontade e planejamento para resolver o problema.
Sobre a privatização da BR-364, Marcelo Cruz se posicionou contra o modelo atual, que, segundo ele, “meterá mais uma vez a mão no bolso do contribuinte”. Ele reconheceu que as mortes na BR sempre aconteceram, inclusive envolvendo políticos , mas questionou a solução de pedágios, que considera “não é uma coisa bacana”. O deputado criticou a falta de investimentos federais em Rondônia, comparando com outros estados que recebem bilhões. Ele questionou a ausência de grandes articuladores políticos que tragam recursos para o estado, alertando que a “briga” política atual prejudica a população.
A mobilidade em Porto Velho, especialmente com o tráfego de caminhões, também foi um ponto de discussão. Marcelo Cruz mencionou a construção de um traçado para desviar o fluxo de caminhões , mas lamentou a morosidade e o abandono de obras por empresas contratadas, o que impede a solução do problema.
Ao final da entrevista, fica evidente que o deputado Marcelo Cruz, apesar das controvérsias passadas e da ascensão rápida na política, demonstra uma preocupação com a imagem pública e a necessidade de comprovar sua integridade por meio de ações. Sua visão para Rondônia, pautada pela fé e pela experiência como empresário , busca soluções para problemas crônicos, embora a efetividade dessas propostas dependa de uma articulação política mais ampla e da superação de obstáculos que, como ele mesmo aponta, muitas vezes se resumem à falta de vontade e planejamento por parte dos atores políticos. A entrevista revela um político que, ciente das “ranhuras” em sua imagem, busca ativamente reconstruir sua credibilidade, ao mesmo tempo em que se posiciona sobre temas cruciais para o desenvolvimento do estado.
