Crítica às relações com Israel expõe contradições religiosas, políticas e geopolíticas envolvendo judeus, cristãos, bolsonarismo e o conflito no Oriente Médio
O Estado de Israel, criado em 1948 pela ONU, é um país de ampla maioria formada por judeus. Penalizados na época com o massacre do Holocausto perpetrado pelos nazistas, a maioria dos países vencedores da Segunda Guerra Mundial resolveu, com a ajuda do Brasil, “empurrar de goela abaixo” ao restante do mundo a criação do Estado judeu numa terra que, embora “prometida” a eles por Deus, estava há mais de dois mil anos sendo habitada por palestinos. E não precisa seguir nenhuma religião para saber o óbvio: foram eles, os judeus, há mais de dois mil anos que prenderam, torturaram e depois crucificam Jesus Cristo. Os judeus só toleram, porém nunca reconheceram e nem reconhecem Cristo como sendo filho de Deus. Hoje, mais de 70% dos israelenses são judeus. Uns 18% são muçulmanos e bem menos de 2% são cristãos na “terra de Cristo”.
Mas, como via de regra, quem tem uma religião geralmente segue somente os seus líderes sem se importar com a verdadeira história da sua própria fé, muitos cristãos brasileiros tecem loas a Israel, como na Marcha para Jesus, sem perceber que Israel moderno nada tem a ver com aquele Israel da Bíblia. A nação dos judeus hoje é um Estado fantoche criado e financiado pelos interesses das potências ocidentais para tomar de conta do petróleo produzido em partes do Oriente Médio. Na última reunião do G-7, por exemplo, os países participantes foram unânimes em afirmar, mais uma vez, que na atual guerra entre Irã e Israel os judeus têm todo o direito de se defender. Não observaram, no entanto, que foi Israel quem atacou primeiro. Logo, são os iranianos que têm esse direito, uma vez que foram atacados na surdina e sem que tenha havido uma declaração de guerra.
AS ÚLTIMAS OPINIÕES
Portanto, ao se enrolar em uma bandeira sionista, como fazem muitos dos bolsonaristas evangélicos, pode ser uma burrice sem tamanho. É o desconhecimento total da história das religiões. O sujeito “mata e morre” defendendo Jesus Cristo a vida inteira e, quando pode, homenageia publicamente e sem conhecimentos, aqueles que no passado mataram o Messias que é motivo maior de sua crença. Realidade: apesar de Israel ser signatário da Agência Internacional de Energia Atômica nunca assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear, o TNP. Por isso, fala-se que esse país possui entre 70 e 300 ogivas nucleares. Apesar de os judeus não permitirem nenhuma inspeção em seu programa nuclear, já determinaram que o Irã não pode ter uma só bomba atômica. Ao contrário, os iranianos, que foram atacados agora, são signatários da AIEA e também assinaram o TNP.
Aplaudir Israel e seus símbolos é compactuar com as atrocidades do atual governo sionista contra todo o povo palestino. Milhares de velhos, crianças e mulheres, todos desarmados, estão sendo submetidos às mesmas monstruosidades que Hitler impôs aos próprios judeus durante o Holocausto com o silêncio e a complacência das grandes potências mundiais. Israel, claro, se defende dessa desumanidade que está praticando na Faixa de Gaza dizendo que “quem não o apoia” é antissemita. Parece até que ao atacar o Irã, o governo israelense desvia a atenção do mundo para a perversidade que está fazendo com os palestinos em Gaza. Por tudo isso, o governo brasileiro devia rever as relações diplomáticas com Israel, mesmo sabendo que não são os judeus, de um modo geral, que estão levando o mundo para uma possível Terceira Guerra, mas o governo de extrema-direita de Netanyahu. Enquanto isso, os bolsonaristas põem é mais lenha na fogueira!
*Foi Professor em Porto Velho.
