Em entrevista à Band, chefe do Executivo estadual relata viagem a Israel durante conflito, fala em quebra de confiança e defende legado de exportações e avanços na saúde
Porto Velho, RO – Durante entrevista ao vivo concedida ao programa Band Cidade, da emissora Rondovisão, afiliada da Rede Bandeirantes em Rondônia, o governador Marcos Rocha, do União Brasil, abordou temas ligados à atual conjuntura política do Estado, com destaque para a relação com seu vice, Sérgio Gonçalves. Rocha confirmou sua pré-candidatura ao Senado da República e prestou esclarecimentos sobre a recente viagem oficial a Israel, interrompida por causa do conflito armado no país do Oriente Médio.
No trecho mais emblemático da entrevista, o governador tratou das tensões políticas envolvendo o vice-governador. Ao ser questionado sobre uma possível crise interna, Marcos Rocha afirmou: “A escolha do meu vice-governador foi uma escolha pessoal. Muitos não queriam. Eu confio nele”, disse, ao lembrar da trajetória de Sérgio Gonçalves como superintendente e secretário no governo estadual. No entanto, o governador demonstrou desconforto com uma exigência feita por Gonçalves para a retirada do então chefe da Casa Civil. “Ele tinha que respeitar o meu posicionamento. Existe uma técnica que é usada quando se quer criar atrito para justificar uma separação. Espero que não seja isso que ele esteja fazendo”, declarou.
Rocha também confirmou que ainda não se reuniu pessoalmente com o vice para tratar do tema, mas que pretende promover esse diálogo “no momento oportuno”. “No meu caso, sim [há espaço para conversa]. Mas a gente tem que ver…”, completou, deixando em aberto a continuidade da aliança.
Outro trecho significativo da entrevista abordou a viagem oficial a Israel, que precisou ser interrompida após o início de bombardeios. Rocha viajou ao país como parte de uma missão do Consórcio Brasil Central, formado por representantes dos governos de Rondônia, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins. “Fomos para ampliar as possibilidades de exportação de produtos como castanha e café. Já tínhamos uma cooperação em andamento quando tudo aconteceu”, relatou.
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Segundo o governador, o grupo ficou preso no país após o fechamento do espaço aéreo e foi submetido a uma situação de vulnerabilidade. “Alguns integrantes perguntavam: ‘Como vai meu corpo chegar aos meus filhos?’”, lembrou. “Ali, não se pensa na família, só em sobreviver e proteger os que estão ao seu lado. Eu disse que só sairia junto com toda a equipe de Rondônia. Depois, estendi isso ao grupo do Brasil Central”, completou.
De volta ao Brasil, Marcos Rocha avaliou que a experiência impactou sua perspectiva. “Me fez enxergar como alguns problemas aqui são pequenos. Às vezes as pessoas dão valor a coisas que não valem a pena”, afirmou. Questionado se a fé é o que lhe dá equilíbrio diante das turbulências políticas, respondeu: “É sempre a fé que me move”.
No campo da gestão, o governador destacou números e projetos do Executivo, principalmente na área econômica e da saúde. Ele atribuiu o crescimento do volume de exportações à política de internacionalização adotada desde o primeiro mandato. “Vendíamos US$ 40 mil em café. Hoje são US$ 160 milhões”, exemplificou. Segundo Rocha, o total de negócios fechados durante a Rondônia Rural Show superou os R$ 6 bilhões, número superior ao recorde anterior de R$ 4,4 bilhões.
Em relação à saúde pública, o chefe do Executivo pontuou a municipalização como avanço e mencionou a ampliação da rede hospitalar como prioridade. “Já compramos o Regina Pacis. Agora teremos uma nova unidade em Porto Velho para substituir o João Paulo II. Também assumimos o hospital de Vilhena e teremos unidade estadual em Ariquemes”, garantiu. Rocha afirmou ainda que cirurgias eletivas, criticadas no início do seu governo, foram praticamente zeradas. “Ninguém falava da estrutura física do João Paulo enquanto os procedimentos estavam pendentes. Quando resolvemos, passou-se a apontar para o prédio”, disse.
No encerramento da entrevista, conduzida por Adilson Honorato, o governador respondeu de forma objetiva sobre seu futuro político: “Sim”, declarou, ao ser questionado se é pré-candidato ao Senado da República.
A entrevista foi transmitida pela Band Rondônia e está disponível nas plataformas digitais da emissora.