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“Acaba de libertar minha alma”, diz ex-secretário após ser elogiado pelo governador; ele sustenta inocência após prisão de 2024

Ex-titular da Sejucel responde fala do chefe do Executivo em texto publicado nas redes sociais e volta a negar envolvimento com irregularidades nos contratos investigados pelo MP

Por Informa Rondônia - quarta-feira, 02/07/2025 - 14h16

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Porto Velho, RO – Um dia após ser citado durante a entrevista do governador Marcos Rocha (União Brasil) ao podcast Resenha Política, apresentado por Robson Oliveira e transmitido exclusivamente pelo Rondônia Dinâmica, o ex-secretário estadual Júnior Lopes usou as redes sociais para se manifestar. Em carta aberta publicada na quarta-feira (2), ele agradeceu publicamente ao chefe do Executivo pela fala e reforçou que nunca praticou qualquer ato ilícito durante sua passagem pela Secretaria da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer (Sejucel).

A menção de Rocha ocorreu na primeira parte do programa exibido no dia 1º de julho de 2025. Ao comentar a saída de ex-integrantes do governo, o governador classificou Júnior Lopes como “um cara decente” e acrescentou que ele poderia ter assinado documentos sem perceber seu conteúdo, devido à forma como os processos chegam. “Ele pode, na boa vontade, ter assinado alguma coisa que, na verdade, ele não queria, já que vem tudo em bloco. Já viu como é que é? Vem em bloco”, afirmou.

Na carta, Júnior Lopes agradeceu pela manifestação. “Obrigado por ter convicção de quem é o Júnior Lopes, pois no fundo até os maldosos sabem que o que eles falaram contra mim era fruto de uma mentira que eles mesmos não aceitaram no que falam”, escreveu. O ex-secretário afirmou ter vivido “dores enormes que chegaram até o limite” e declarou que, apesar das acusações, está em paz: “Nunca fiz nada de errado, e nunca peguei um centavo de nada”.

Ele foi preso em 13 de dezembro de 2024, durante operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Rondônia (MP-RO), que investiga suspeitas de fraudes e falsidade ideológica em contratos firmados pela Sejucel para eventos culturais. De acordo com o MP-RO, os contratos suspeitos ultrapassam R$ 13 milhões. Lopes foi exonerado no dia seguinte à prisão.

O Tribunal de Justiça de Rondônia concedeu habeas corpus em 23 de dezembro de 2024. A decisão foi assinada pelo desembargador de plantão. O processo tramita em sigilo.

Na mesma carta, publicada nos stories do Instagram, Lopes falou sobre sua trajetória no futebol profissional, onde atuou por 27 anos, e disse que entrou na gestão pública por mérito, e não por motivação política. “Nunca imaginei um dia estar num posto importante dentro de uma gestão pública. Mas eu entrei por méritos, nunca por dinheiro ou politicagem”, escreveu.

Ele ainda dirigiu palavras de reconhecimento ao governador: “Obrigado por tudo que o senhor me ensinou, obrigado pela sua amizade, pela sua confiança”.

Em outro trecho, o ex-secretário afirmou: “Fui um homem íntegro na minha vida pública, governamental e profissional”. A publicação termina com a frase: “Estou conseguindo sorrir novamente e aliviar meu coração […] Obrigado por tudo, @celmarcosrocha, de coração. Estou à disposição.”

Essa não foi a primeira vez que Júnior Lopes escreveu à população. Ainda durante a prisão preventiva, o site Informa Rondônia recebeu, com exclusividade, uma carta escrita por ele no cárcere e enviada pela defesa. O texto de seis páginas foi divulgado no dia 22 de dezembro de 2024, e abordava temas como abandono, racismo e sentimentos de desistência. “Eu desisto de lutar pelo bem, eu desisto de ajudar, desisto de viver”, dizia um dos trechos.

RELEMBRE
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Na carta anterior, Lopes declarou que foi julgado de forma injusta. “Estou sofrendo hoje mais do que quando perdi meu pai, pois lutei minha vida toda para orgulhar ele. Hoje as pessoas julgam e condenam um filho que honrou o pai e a família.” Ele também escreveu: “Todo mundo divulga e acaba com a vida do preto […] Só o preto é acusado. Injustiçado, sendo inocente”.

O conteúdo relatava ainda o impacto emocional causado pela prisão, especialmente sobre a filha do ex-secretário. “O preço que paguei por ser inocente e honesto foi ter minha filha de 6 anos perguntar o que estavam fazendo com o papai”, afirmou.

De acordo com o Ministério Público, a investigação que motivou a prisão aponta suspeitas de direcionamento de recursos públicos para associações sem capacidade técnica, superfaturamento e cobrança indevida de camarotes que deveriam ser gratuitos. O MP-RO também sustenta que houve tentativa de interferência nas apurações por parte dos investigados.

O Governo de Rondônia declarou, em nota, que não compactua com atos de corrupção e reiterou seu compromisso com a transparência.

O advogado Samuel Costa, atuando como defensor legal de Júnior Lopes, afirmou que o trabalho da equipe é voltado a demonstrar a inocência do ex-secretário. “O foco neste momento é desmontar as acusações e demonstrar que houve um erro de interpretação sobre as ações de Lopes enquanto gestor público”, declarou à época.

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