Com uma gestão marcada por resultados expressivos na assistência social e programas de alto alcance popular, a primeira-dama de Rondônia passa a ser alvo de críticas — sinal de que seu nome ganhou força real no tabuleiro eleitoral
Porto Velho, RO – Quando Luana Rocha fala sobre pobreza, não está emprestando um discurso; está lembrando. Filha de garimpeiros, criada no interior de Rondônia, ela sabe o que é faltar comida em casa. Vendeu açaí pelas ruas, trabalhou como empregada doméstica, foi ajudante de pedreiro. Muito antes de cruzar os salões do Palácio Rio Madeira ou de ser anunciada como secretária de Estado, ela conheceu a vulnerabilidade do lado de dentro. E talvez por isso seja tão difícil dissociar sua história pessoal da forma como comanda a assistência social em Rondônia desde 2019.
À frente da Secretaria de Estado da Mulher, da Família, da Assistência e do Desenvolvimento Social (Seas/RO), Luana construiu uma gestão de resultados robustos, com base territorial ampla e uma linguagem direta com a população pobre. Sem slogans, sem platitudes. O Prato Fácil, por exemplo, já distribuiu mais de 4,3 milhões de refeições por R$ 2, alcançando 91 mil pessoas em situação de risco alimentar. O programa, que começou tímido, se transformou numa referência nacional e opera com 25 restaurantes credenciados em cidades-polo como Porto Velho, Ji-Paraná, Ariquemes e Guajará-Mirim.
Outro programa com impacto concreto é o Meu Sonho, voltado à habitação. Com subsídios de até R$ 30 mil por família, já beneficiou cinco mil núcleos familiares em todos os 52 municípios rondonienses. Mais de 100 mil pessoas se inscreveram, e R$ 147 milhões foram injetados pelo Estado para viabilizar o acesso à casa própria. Os dados falam por si — e explicam por que o nome de Luana passou a circular em rodas políticas como potencial candidata à Câmara dos Deputados em 2026.
Na outra ponta, voltada à formação e geração de renda, o Programa Vencer capacitou mais de 10 mil rondonienses, oferecendo cursos, kits e auxílio financeiro. Na segunda edição, em 2025, foram abertas mais 3 mil vagas em 20 municípios. Já o Mulher Protegida, que acolhe vítimas de violência doméstica, prestou apoio psicológico e financeiro a cerca de mil mulheres. E o Mamãe Cheguei, com mais de 8.500 gestantes atendidas, tornou-se um símbolo de cuidado pré-natal e respeito à maternidade no contexto da pobreza extrema.
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A própria estrutura da assistência foi reforçada. Sob sua gestão, a Seas/RO entregou três novos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS )em Porto Velho e iniciou a construção de outros 20 em 18 municípios, com investimento estadual de cerca de R$ 1 milhão. O Rondônia Cidadã, por sua vez, levou atendimento itinerante a mais de 121 mil pessoas, emitindo documentos, ofertando assistência jurídica e ampliando o contato direto do Estado com os distritos mais isolados.

Essa dedicação sem alarde tem moldado o perfil de uma figura política que cresce em silêncio. Luana não se ocupa em defender-se nas redes sociais ou em alimentar conflitos públicos. Mesmo após o rompimento entre o governador e seu vice, Sérgio Gonçalves, ela manteve-se à margem dos embates. Quando questionada sobre traições no grupo político, respondeu apenas: “Quem trai, trai. Não sou eu que tô traindo.” Foi o suficiente.
Mas a tranquilidade da fala não tem sido suficiente para conter os ataques. Nas últimas semanas, reportagens críticas — em geral oriundas de setores tradicionais da imprensa local — passaram a circular com mais frequência. Textos que antes ignoravam completamente a pauta social do Estado agora a tratam com suspeição. Há críticas de tudo quanto é jeito, especialmente agora, em decorrência da visibilidade crescente de Luana.
Em silêncio, ela segue.
Mas o cronômetro político é claro: faltam poucos meses para a abertura oficial do calendário eleitoral, e é inevitável que uma mulher que construiu resultados, território e identidade pública comece a sofrer as primeiras pedradas. Isso, na política, costuma ser termômetro. Os ataques não vêm porque ela tropeçou — mas porque ela chegou. O fato de ter entrado no radar dos opositores revela mais do que incômodo: indica o potencial real que a primeira-dama carrega de chegar ao Poder. Afinal, em política, ninguém desperdiça munição com quem não representa risco.
