Panorama político em Rondônia mostra movimentações de pré-candidatos, disputas internas e possíveis rearranjos eleitorais que podem redefinir o tabuleiro estadual.
Na coluna do jornalista Carlos Sperança desta quinta-feira, 04, o comunicador aborda os bastidores da política em Rondônia e no cenário nacional. A análise percorre desde a interiorização da candidatura de Hildon Chaves ao governo estadual até os impactos da possível elegibilidade de Ivo Cassol com a flexibilização da Ficha Limpa, passando ainda pela estratégia de polarização envolvendo o senador Confúcio Moura. O texto também projeta os reflexos no Senado, lista os nomes já ventilados para o Palácio Rio Madeira e expõe as movimentações de Marcos Rogério, Valdir Raupp e Lúcio Mosquini, todos atentos às brechas abertas no xadrez eleitoral rondoniense.
Yes, nós temos terras raras
Manipuladas por robôs e interesses particulares, as bolhas político-eleitorais passaram a ideia de que o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump atendeu a um pedido do irrequieto deputado Eduardo Bolsonaro em sua batalha de ódio contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Na verdade, Trump sempre, e em todos os países, coloca uma faca no pescoço dos governantes em busca de levar vantagem via força bruta.
No caso do Brasil, não há nenhuma justificativa para a violência tarifária, já que os EUA têm um comércio vantajoso. A verdadeira intenção não é libertar o ex-presidente Jair Bolsonaro, preso por conta de badernas praticadas por seguidores enquanto estava fora do Brasil. Se ficar em liberdade será por conta do agravamento de suas condições de saúde, como já ocorre com outro ex-presidente condenado, Fernando Collor, e não por causa dessa chantagem.
Ao explorar as brigas políticas brasileiras os EUA querem fincar no Palácio do Planalto um títere capaz de lhe garantir o controle das terras raras, pois o Brasil possui o segundo maior conjunto dessas reservas no mundo. A Amazônia, aliás, possui muitas terras raras nos mais diversos pontos da floresta. Trump, em desespero por não conseguir assaltar as terras raras da China, mendiga por ímãs que não consegue produzir, por isso a ameaça de pesadas de tarifas. Nada a ver com a família Bolsonaro, que Trump vai abandonar à própria sorte se conseguir o que quer.
A interiorização
Com um grande trabalho desenvolvido a frente da Associação Rondoniense de Municípios-AROM, o ex-prefeito de Porto Velho Hildon Chaves (PSDB) vai interiorizando sua candidatura ao governo de Rondônia. Ele presta assistência a todos os prefeitos rondonienses, independente de cores partidárias e com a experiência que acumulou na prefeitura da capital tem sido importante em destravar recursos para os municípios em Brasília. Hildão tem reafirmado que não vai desistir da candidatura ao Palácio Rio Madeira, sede do governo estadual e já está escolhendo seu vice e definindo suas nominatas ao Senado, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa.
Projeções possíveis
AS ÚLTIMAS OPINIÕES
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Esperando a sanção do presidente Lula ao projeto aprovado no Senado que afrouxou a ficha limpa, o ex-governador Ivo Cassol espera ser liberado pela justiça na condição de elegível. Está nova situação vai virar o cenário político rondoniense de cabeça para baixo. Começa com algumas desistências, já que Ivo traria grandes prejuízos para a candidatura do prefeito de Cacoal Adailton Fúria (PSD), na Região do Café, Zona da Mata e Cone Sul rondoniense. Outro grande prejudicado seria o senador Marcos Rogério (PL) na região central, onde o ex-governador mantém bases sólidas. Acordos preliminares dão conta que com Cassol nas paradas ambos ficam fora da peleja estadual.
Lista de candidatos
Então a lista de possíveis candidatos ao Palácio Rio Madeira pode acabar diminuindo. Com o vice-governador Sergio Gonçalves (União Brasil) como candidato chapa branca, o deputado federal Fernando Máximo (já pulando fora do UB) com a marca bolsonarista na testa, o ex-prefeito de Porto Velho Hildon Chaves (PSDB) meio à deriva por enquanto, mas reafirmando sua postulação, e o senador Confúcio Moura firme e forte. Todo panorama favorecendo a postulação do ex-governador, pois temos três candidatos na capital rachando o eleitorado, uma beleza para Ivo que deve nadar de braçadas em todo o interior do estado.
A polarização
Vejam só. Ivo Cassol ainda poderia se dar ao luxo, sendo realmente candidato, de escolher com quem deseja polarizar. Por uma questão de estratégia evitaria desavenças com os candidatos da direita (Serjão, Máximo e Hildon) e centraria fogo no ex-governador e atual senador Confúcio Moura que é o candidato da esquerda e centro esquerda, enfim, o candidato de Lula em Rondônia. Sendo assim, havendo segundo turno viriam Cassol como antagonista a El Carecón. Imagine um duelo destes nos debates. Confúcio culto e refinado, Ivo com a língua solta e com gana de pegar Confúcio pelo pescoço desde a derrota de João Cahula, seu aliado em 2010.
O congestionamento
E imaginem se o senador Confúcio Moura (MDB) e o deputado federal Fernando Máximo (UB) amarelarem na disputa ao governo estadual com o poderoso Cassol, como ficará congestionada a disputa ao Senado. Entrariam nessa peleja de canibalização, os atuais senadores Marcos Rogério e Confúcio Moura a reeleição, o ex-senador Acir Gurgacz (PDT), a deputada federal Silvia Cristina (PP), o deputado federal Fernando Máximo, o Delegado Camargo e Bruno Scheid (PL). E com Ji-Paraná se fragmentando em quatro postulações. Uma tendência de pulverização de votos na região central e em outras regiões do estado. Identificar quem será beneficiado com este racha com tantos postulantes que é problema.
Via Direta
*** Nos bastidores o discurso do senador Marcos Rogério já e de candidato a governador. Só não se manifestava antes esperando o resultado da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Com ele condenado, estará livre do compromisso de sair numa candidatura ao Senado *** O ex-senador Valdir Raupp começa os primeiros movimentos em torno de uma postulação a Câmara dos Deputados. Ainda não se sabe se continuará no MDB, onde mantém rivalidades tribais com o senador Confúcio Moura *** Na espera da janela partidária de abril, que concede direito aos parlamentares de trocar de legenda sem a punição prevista na atual legislação eleitoral, o deputado federal Lucio Mosquini estaria encaminhando filiação ao Republicanos, cujo controle é do ex-vice-governador Aparício Carvalho.
