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COLUNA DO SPERANÇA
Rocha e o fortalecimento do clã Carvalho; Acir e a volta às articulações; e Delegado Camargo e a disputa pelo segundo voto

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Movimentações políticas em Rondônia expõem alianças de bastidores, reaproximações estratégicas e a incógnita do segundo voto nas eleições de 2026.

Por Carlos Sperança - sexta-feira, 05/09/2025 - 09h58

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Nesta sexta-feira, 05, o jornalista Carlos Sperança aborda o fortalecimento do clã Carvalho na gestão estadual de Marcos Rocha, após a família política conquistar secretarias estratégicas; a retomada da peregrinação de Acir Gurgacz, livre das amarras da inelegibilidade, em busca de reforçar o PDT e atrair novas lideranças; e a incógnita que ronda o segundo voto para o Senado em 2026, onde nomes como o deputado Delegado Camargo, alinhado à extrema direita, podem alterar o equilíbrio da disputa em regiões estratégicas do estado.

Lição da natureza

O “nacionalismo” do slogan MAGA (Make America Great Again), aplicado pelo presidente Donald Trump, tem a crueldade da força bruta, longe do sentimento patriótico positivo de unidade nacional e valorização das qualidades da nação. Motivada por esse “nacionalismo” violento, a guerra na Ucrânia, que já vai para 1.300 dias de combates, mostra que só a indústria armamentista ganha com as mortes de mais de mil pessoas por dia.

Com a MAGA não haverá tantas mortes diretas, mas milhões de pessoas já empobrecem, não por catástrofes naturais, mas por insensibilidade política. Sensibilidade seria mirar a satisfação do povo, mas a cegueira da guerra não deixa os líderes mundiais entenderem que os céus trazem a lição clara de que trocas positivas e mutuamente vantajosas independem de fronteiras.

No primeiro trimestre de 2025 o Observatório da Torre Alta da Amazônia registrou três eventos intensos de poeira vinda do deserto do Saara. Essa realidade traz uma lição importante da natureza: o potássio e o fósforo da poeira mineral quem vem nessa poeira contribuem, no longo prazo, para a manutenção da fertilidade do solo, que em geral é muito pobre, como avaliou o pesquisador Carlos Alberto Quesada, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia. O deserto do Saara trazendo vida para a nossa floresta ensina que o mundo é um corpo só, impossível de ser dividido em partes que se agridem e se destroem.

Clã poderoso

O clã dos Carvalhos colocou de joelhos a administração estadual do governador Marcos Rocha e em troca de um acordo político ganhou uma carrada de secretarias importantes. A família política trocou de padrinho. Deixou a liderança do ex-prefeito Hildon Chaves – punhal da traição afiado, heim? – para somar força com Marcos Rocha e Sergio Gonçalves. Com isto, parte da máquina administrativa que tocou a prefeitura de Porto Velho a soldo do clã está se transferindo para a esfera estadual, já que eram apadrinhados dos Carvalhos. Com a máquina na mão os manos Carvalhos terão respaldo para suas candidaturas a Câmara dos Deputados e ao Senado.

A bolha persiste

Citado como um dos 13 importantes municípios brasileiros em bolha imobiliária, Porto Velho assiste ainda muitas firmas fechando  as portas em suas principais ruas e avenidas e os negócios imobiliários em baixa. Até o segmento de aluguel está prejudicado depois de um bom período de negócios. Mas é o setor de transações imobiliárias o que mais preocupa. A procura é quase inexistente e ajuda a piorar a situação a questão dos juros altos cobrados para os financiamentos que são efetuados majoritariamente pela Caixa Econômica Federal. Os corretores de imóveis estão urrando e buscando outras atividades.

Livres das amarras

Livre das amarras da inelegibilidade, o ex-senador Acir Gurgacz (PDT) abre sua peregrinação pelo estado para reforçar as paliçadas do seu PDT, partido alinhado aos ideais da Caravana da Esperança. Acir está atraindo novas lideranças políticas para sua aliança, formando nominatas competitivas para Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados. Nos municípios rondonienses o ex-senador acompanha obras oriundas dos recursos de suas emendas parlamentares durante suas duas gestões visitando prefeitos e vereadores. A militância pedetista já está entrando em jogo para as eleições do ano que vem.

O segundo voto

Com tantos candidatos ao Senado nesta temporada na disputa das duas cadeiras em 2026, eis que se busca fazer as contas do destino do segundo voto. Na região de Ji-Paraná, com certeza pelo bairrismo existente, o segundo voto ficará por lá mesmo, já que são quatro candidatos envolvidos na mesma disputa: o senador Marcos Rogério (PL), o ex-senador Acir Gurgacz (PDT), o empresário Bruno Scheidt (PL) e a deputada federal Silvia Cristina (PP). Porto Velho também comparece a disputa com duas fortes candidaturas: o governador Marcos Rocha (União Brasil) e a ex-deputada federal Mariana Carvalho (União Brasil)

Uma incógnita

Mas a escolha do segundo voto é mesmo uma incógnita. O que dizer, por exemplo, do segundo voto ao Senado em Ariquemes e no Vale do Jamari, que tem como seu candidato preferencial o deputado estadual Delegado Camargo, da extrema direita bolsonarista, aquele autor do projeto de lei com moção de repúdio a Lula a Assembleia Legislativa de Rondônia? Lá, o segundo voto é uma incógnita, já que os principais concorrentes daquele parlamentar são bolsonaristas, casos de Marcos Rogério, Silvia Cristina e Bruno Scheidt. Não seria conveniente, por exemplo, os eleitores de Camargo votarem em Marcos Rogério e Silvia Cristina.

Ciência exata

A política realmente não é uma ciência exata e por isto tantas conjecturas. No estratégico Vale do Jamari, por exemplo, o ex-senador Acir Gurgacz pode ser beneficiado com a dobradinha formada a governador com o atual senador Confúcio Moura (MDB) para ganhar o segundo voto. Ambos integram a coalizão de oito partidos da chamada Caravana da Esperança. O que dizer das eleições ao Senado em Porto Velho? Não é da conveniência dos adeptos de Marcos Rocha, por exemplo, cravar o segundo voto em Mariana e vice-versa. Mas para que candidato ao segundo voto seria beneficiado na capital? Decifrar esta equação é que é o caso.

Uma equação

Proponho ao caro aldeão resolver esta equação do segundo voto e com ela chegar à conclusão se o candidato da sua estima tem alguma chance nesta difícil peleja marcada pela pulverização de votos em candidaturas regionalizadas.  Caros, decifrem ou te devoro! Realmente não é fácil, mesmo porque sempre existem as preferências de cada um e aqueles com opiniões Cebolinha. Mas para ajudar seu candidato, mesmo ele sendo um dos favoritos, tem que se estudar bem para quem será destinado o segundo voto. Imaginem o delegado Camargo, considerado o mais fraco na contenda, capturar o segundo voto na capital e na região central e Cone Sul rondoniense? Seria uma cadeira ao Senado garantida e com seu (caro aldeão) candidato perigando tombar gloriosamente.

Fazendo as contas

Aqui no meu escritório, de volta a Duque de Caxias, eu também tenho meus dois candidatos prediletos e faço minhas contas. Pelo histórico dos ex-governadores eleitos ao Senado, casos de Valdir Raupp, Ivo Cassol e Confúcio Moura, vejo o atual governador Marcos Rocha (União Brasil), detentor da máquina a seu favor, com uma cadeira mais ou menos encaminhada. É na segunda cadeira, com o segundo voto que a coisa começa a se embananar. Acredito, que algum favorito 2026 ao Senado, cairá do cavalo por causa do segundo voto. Ainda mais se houver um efeito manada para o segundo voto. A política, repito, não é uma ciência exata e com esta história do segundo voto tudo se danou de vez.

Via Direta

*** Com aprovação de uma anistia geral para os envolvidos nas manifestações de 8 de janeiro já se projetando na Câmara dos Deputados, o governo Lula se arma no Senado para barrar a proposta. A direita também está armada até os dentes para livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro *** Em Rondônia, os cassolistas se animaram com as chances do ex-governador Ivo Cassol disputar as eleições do ano que vem, mas ainda existem alguns percalços pela frente, além da sanção presidencial do projeto que afrouxou a lei da ficha limpa *** Em Rondônia a fartura de candidaturas femininas animam a possibilidades de ampliação da bancada das mulheres na Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados. 

AUTOR: CARLOS SPERANÇA





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