Ações ocorreram entre 2 e 4 de setembro e levaram imunização a Santo Antônio, Versalles e Pedras Negras, em São Francisco do Guaporé
Porto Velho, RO – Entre os dias 2 e 4 de setembro, o governo de Rondônia promoveu a campanha Vacinação Sem Fronteira em três comunidades localizadas às margens do Rio Guaporé, na divisa entre Brasil e Bolívia. A ação contemplou Santo Antônio, de origem quilombola, Versalles, na Bolívia, e Pedras Negras, também quilombola. As atividades foram conduzidas por equipes da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa/RO) e da Secretaria Municipal de Saúde de São Francisco do Guaporé.
A estratégia teve como foco a aplicação de vacinas contra o sarampo e outras doenças imunopreveníveis, além de mobilizar moradores e lideranças locais, com o objetivo de fortalecer o bloqueio sanitário na região de fronteira. A distância percorrida pelo trajeto fluvial, entre São Francisco do Guaporé e Pedras Negras, passando por Santo Antônio e Versalles, foi de 145 quilômetros.
Na comunidade de Santo Antônio, composta por cerca de 14 famílias, a vacinação foi realizada em espaço improvisado, sob uma árvore. O presidente local, Aparecido Rodrigues da Silva, morador desde 1988, relatou que muitos só conseguem se imunizar quando a campanha chega. “Muitos moradores só conseguem se vacinar quando a campanha chega. A vinda da equipe nos dá segurança e fortalece a saúde da nossa comunidade”, afirmou.
Na comunidade boliviana de Versalles, onde vivem cerca de 25 famílias, a ação ocorreu com autorização do comando militar da localidade. O sargento Condor Yaramayo Erick destacou: “A saúde não tem impedimento na fronteira. A vacinação é bem-vinda porque protege nossa população e fortalece a união com o Brasil.”
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Já em Pedras Negras, comunidade quilombola formada por 32 famílias, a mobilização buscou superar resistências vacinais ainda existentes após a pandemia da covid-19. A matriarca Aniceta Mendes Pinheiro, de 83 anos, reforçou a importância da iniciativa ao lembrar perdas anteriores em sua família. A professora Irineide Rodrigues, moradora há 14 anos e ex-diretora da escola local, também comentou: “Hoje temos ambulancha e transporte mais ágil, mas seguimos dependendo do rio para chegar até a cidade. A unificação entre saúde, educação, meio ambiente e cultura é essencial para garantir a vida e preservar a história dos povos quilombolas, que também são a história de Rondônia.”
A coordenadora municipal de imunização, Geane Souza Caagna, acompanhou as atividades e destacou que sua equipe atende mais de 5 mil famílias em áreas urbanas e remotas. Segundo ela, a maior dificuldade é o transporte, já que muitas comunidades só são acessíveis por barco. “A presença da Agevisa/RO neste período ajudou a fortalecer o trabalho, isso fortalece nossa equipe, traz estrutura e garante que a vacina chegue até os lugares mais distantes”, disse.
O diretor-geral da Agevisa/RO, Gilvander Gregório de Lima, ressaltou que a atuação conjunta reforça a segurança sanitária da região. “A campanha Vacinação Sem Fronteira garante não apenas a cobertura vacinal, mas também a segurança sanitária em regiões sensíveis, evitando que doenças já eliminadas no Brasil sejam reintroduzidas pela circulação transfronteiriça”, afirmou.
O governador de Rondônia, Marcos Rocha, também se manifestou sobre a importância da iniciativa, que, segundo ele, fortalece o bloqueio sanitário na fronteira do Brasil com a Bolívia.
As ações realizadas entre 2 e 4 de setembro reforçaram a imunização em territórios de difícil acesso, ampliaram a proteção das populações quilombolas e bolivianas e integraram-se ao cronograma da campanha, que segue até 10 de setembro em 13 municípios do estado.