Data reforça importância da arborização urbana, do Zoneamento Socioeconômico-Ecológico e do envolvimento de instituições, entidades e comunidades na conservação ambiental.
Porto Velho, RO – O Dia da Árvore, celebrado em 21 de setembro, remonta ao evento Arbor Day, criado em 1872 nos Estados Unidos pelo jornalista e político Julius Sterling Morton, quando mais de 1 milhão de árvores foram plantadas em Nebraska. No Brasil, a iniciativa começou em 1902, em Araras (SP), com o professor João Pedro Cardoso. Oficialmente, a data foi instituída em 1951, coincidindo com o início da primavera no Hemisfério Sul.
Em Rondônia, a Assembleia Legislativa (Alero) destaca que as florestas contribuem para a qualidade de vida em áreas urbanas e rurais, reafirmando os princípios de educação e conscientização ambiental. A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS), presidida pelo deputado Ismael Crispin (MDB), incluiu o tema nos debates sobre a atualização do Zoneamento Socioeconômico-Ecológico do estado, em vigor há 25 anos.
Entre os símbolos da preservação está a castanheira centenária localizada em frente ao Estádio Aluízio Ferreira, em Porto Velho, considerada patrimônio cultural e de memória coletiva. O professor João Herbert Peixoto ressaltou que a árvore representa tanto um bem material, por sua existência física, quanto um bem imaterial, pela carga simbólica. “A preservação daquela castanheira, registrada como patrimônio cultural, simboliza o chamamento para proteger a história em construção e conservar a Amazônia. Sem a Amazônia, não há rios voadores; sem rios voadores, não há Amazônia”, afirmou.
O engenheiro florestal Ari Valdir Lebkuchen Júnior, coordenador de Floresta Plantada da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam), destacou que as árvores contribuem para a qualidade do ar, reduzem o calor nas cidades e funcionam como barreiras naturais contra ruídos e enchentes. Segundo ele, “elas melhoram a qualidade do ar, atuando como filtros naturais que absorvem o gás carbônico, responsável por contribuir para o aquecimento global. Os troncos e folhas funcionam como barreiras contra o barulho. Além disso, ajudam a evitar enchentes: com suas raízes profundas, permitem que a água penetre no solo”.
Entre os desafios da preservação ambiental estão as mudanças climáticas, a perda da biodiversidade, o desmatamento, a degradação do solo, da água e do ar, além das dificuldades financeiras e tecnológicas para a execução de ações necessárias. Para enfrentar esses obstáculos, a Assembleia Legislativa de Rondônia tem aprovado recursos e destinado emendas voltadas ao setor.
AS ÚLTIMAS OPINIÕES
++++
O ambientalista Edjales Benício citou o Programa Restaura Amazônia, que já lançou três editais voltados para unidades de conservação, assentamentos rurais e terras indígenas. Em Rondônia, entidades como Rio Terra, Kanindé, Ecoporé, Raiz Nativa e Terra Cura desenvolvem projetos comunitários de restauração ecológica e reflorestamento. “São muitos projetos puxados pelo terceiro setor, vários deles com apoio governamental, em âmbito federal, estadual e até municipal. Mas, como digo, ainda há espaço para fazer mais”, disse.
Marcelo Ferronato, diretor-presidente da Ecoporé, mencionou exemplos de união entre comunidade, poder público e organizações, como o Espaço Gaia Amiga, em Rolim de Moura, e o projeto Viveiro Cidadão, desenvolvido pela Ecoporé com patrocínio da Petrobras. “Esses exemplos reforçam que, quando comunidade, poder público e organizações se unem, os resultados são duradouros e capazes de inspirar outras cidades do estado”, observou.
A representante do Projeto Terra Cura, Luana Lopes, relatou a experiência dos mutirões permaculturais iniciados em 2020, durante a pandemia, com plantios de árvores em áreas degradadas e ações em parceria com moradores de Porto Velho. Ela defende maior apoio do poder público a projetos já existentes, incluindo editais para entidades e comunidades indígenas e ribeirinhas.
O Departamento de Proteção e Conservação Ambiental (DPCA) da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema) planeja o plantio de árvores entre outubro e dezembro de 2025 e de março a maio de 2026, priorizando áreas identificadas como ilhas de calor. Além disso, o viveiro do Parque Natural de Porto Velho distribui mudas de espécies nativas, entre elas castanheira, seringueira, copaíba e samaúma. A Sema administra quatro parques na cidade: Ecológico, Skate Park, Circuito e Águas.
Na capital, o Parque da Cidade é apontado como espaço de convivência e contato com a natureza. A assessora da administração local, Giulina Mirana, comentou: “É maravilhoso termos, entre ruas asfaltadas, essa pequena floresta com lago. Você consegue caminhar, descansar e, em breve, teremos o redário. Não há nada melhor do que deitar debaixo de uma árvore e sentir a brisa, mesmo que não seja vento de praia, é um alívio diante do calor”.
A visão de jovens também foi destacada. A estudante Eloá Cristine, da Escola Estadual Murilo Braga, defendeu campanhas educativas e ações contínuas: “Devemos celebrar não apenas o dia 21 de setembro, mas vários dias dedicados ao meio ambiente. É preciso desenvolver consciência ética e ambiental, promover o uso racional de recursos como água e energia, e ampliar campanhas educativas com palestras, cartazes e publicações em redes sociais”. Já Levy Santana, aluno do 6ºD, ressaltou: “É necessário criar consciência ética, responsabilidade individual e coletiva, incentivar práticas sustentáveis, a participação cidadã e a preservação da biodiversidade. Precisamos compreender a ligação entre o bem-estar humano e a saúde do planeta”.