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MOVIMENTO DE MASSA
Cientista político avalia enfraquecimento da onda bolsonarista após condenação

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Gabriel Rezende aponta rearranjo político e descreve fatores que sustentaram o populismo de direita no Brasil

Por Informa Rondônia - domingo, 28/09/2025 - 08h52

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Porto Velho, RO – O cientista político Gabriel Rezende considera que o populismo de direita no Brasil passa por um momento de declínio após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, a conjuntura indica um enfraquecimento da base política que se consolidou a partir de 2016. Doutor pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Rezende lançará em outubro o livro A ascensão do populismo de direita no Brasil, publicado pela Editora Appris, resultado de sua tese de doutorado.

Em entrevista por telefone à Agência Brasil, o pesquisador explicou que crises políticas, econômicas e sociais entre 2013 e 2016 abriram espaço para a ascensão do bolsonarismo. Para Rezende, esse processo formou a “tempestade perfeita” que favoreceu o crescimento do movimento. Entre as principais características, apontou a centralidade de um líder carismático, discursos de antagonismo entre povo e elite, uso de narrativas religiosas e nacionalistas, além da mobilização pelas redes sociais.

O autor contextualiza que o país já viveu quatro ondas populistas: de 1930 a 1960, com líderes tradicionais; nos anos 1990, com o populismo neoliberal de Fernando Collor; no início dos anos 2000, com governos de esquerda, em sintonia com lideranças latino-americanas como Evo Morales, Hugo Chávez e Néstor Kirchner; e, mais recentemente, com o populismo de direita, associado ao bolsonarismo. Em sua análise, a tentativa de golpe de Estado, a atuação do Judiciário e a condenação de Bolsonaro configuram um cenário de perda de força política.

Rezende destacou cinco elementos que sustentaram o movimento. O primeiro foi o apoio da operação Lava Jato, representado pela presença de Sérgio Moro no governo. O segundo pilar foi a aproximação com lideranças evangélicas, mobilizadas por meio de discursos religiosos. O terceiro fator foi o apoio do agronegócio, que ganhou espaço no governo com a presença de Tereza Cristina no Ministério da Agricultura. Outro ponto foi a habilidade no uso das mídias digitais, utilizadas para ampliar a mobilização. O quinto elemento, segundo o cientista político, foi a participação de militares em cargos de relevância no governo.

Ao abordar o papel do Judiciário, Rezende afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) exerceu a função de guardião da Constituição, recebendo demandas que não eram resolvidas pelo Legislativo e Executivo. Na visão dele, a reação da extrema direita com a proposta de anistia e a chamada “PEC da Blindagem” não obteve apoio social, contrariando os próprios discursos de moralidade usados pelos parlamentares que a defenderam.

Sobre o futuro do movimento, Rezende avaliou que a condenação de Bolsonaro enfraquece a articulação política, já que o líder não pode conceder entrevistas. Para ele, esse espaço abre disputas pelo legado entre nomes como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia, os filhos do ex-presidente e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Ao mesmo tempo, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não consolidou um sucessor capaz de aglutinar os princípios de sua base. “O momento é de rearranjo político. Na política, uma semana é um mundo. Podem acontecer mil coisas antes da eleição de 2026”, disse.

AUTOR: INFORMA RONDÔNIA





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