Em entrevista ao SIC News, Elias Rezende afirmou que seu futuro político será definido pelo grupo liderado pelo governador Marcos Rocha e que não descarta disputar cargos como deputado federal ou vice-governador.
Porto Velho, RO – O secretário-chefe da Casa Civil e titular da Secretaria de Obras e Serviços Públicos (Seosp), Elias Rezende, foi ao SIC News, da SIC TV (afiliada da Record), na noite de segunda-feira, 29, para tratar de obras, saneamento, articulação política e cenário eleitoral. Ele assumiu a Casa Civil “num momento conturbado” e relatou ter “trocado bastante peças” na equipe. “A Casa Civil é um espaço estratégico de articulação política do governo”, disse, ao explicar que o objetivo é “fazer com que o ambiente de governança seja perfeito para que o governador Coronel Marcos Rocha consiga entregar tudo aquilo que se propôs a entregar”. O programa é conduzido pelo jornalista Everton Leoni.
Questionado sobre a “maior tormenta” enfrentada pelo governo, com referência direta ao episódio em que “o vice-governador chegou a pedir para o governador a sua exoneração”, Rezende respondeu: “Eu também fiquei sem entender”, e emendou que a gestão segue “pautada na serenidade” e no “respeito”. “Nós não temos tempo e nem disposição para ficar entrando em contendas”, afirmou. Ele reforçou que, diante de divergências, a orientação é voltar “para a mesa e conversar”, repetindo que “a política é conversa”.
Na relação com a Assembleia Legislativa, Rezende descreveu uma rotina de proximidade para acelerar tramitações de mensagens do Executivo. “Segunda e terça-feira, basicamente, eu fico por conta da Assembleia. Tenho levado o parlamentar comigo e acompanhado agendas no interior”, disse. Segundo ele, o entendimento com os 24 deputados tem permitido pautar e aprovar projetos “muitas das vezes sem pedido de vista”, com atuação do presidente Alex Redano, do líder do governo Jean Oliveira e do vice-líder Ribeiro. “A coalizão é o melhor caminho”, resumiu.
Ao abordar atrasos de obras e cobranças da população, o secretário declarou que encontrou “diversas obras paralisadas” e que a orientação foi retomar e concluir. Ele concentrou a maior parte do tempo em saneamento e água.
Para Porto Velho, afirmou que todos os cinco contratos de expansão de rede de água tratada seriam entregues “já este ano”, detalhando o pacote técnico: nova Estação de Tratamento de Água com “capacidade de mil litros por segundo” já operada pela Caerd; reforma da antiga ETA “de 600 litros por segundo”, a ponto de elevar a capacidade total “para 1.600 litros com perfeito funcionamento”; adutora acoplada na barragem de Santo Antônio de “1.400 milímetros” em cerca de “1.130 metros”, além de novas adutoras de “1.000 mm, 900 mm e 800 mm”; e aproximadamente “500 quilômetros de rede de água”, restando “em torno de 40 quilômetros” para conclusão.
“Porto Velho não terá mais problema com o abastecimento de água. A água vai chegar em todos os bairros”, disse. Ao justificar cortes no asfalto, afirmou que redes de água e esgoto “são subterrâneas” e criticou “videozinhos sensacionalistas”, cobrando recomposição adequada pelas empreiteiras.
Rezende listou reservatórios e estruturas em implantação: “a Zona Leste já recebeu um reservatório com mais de 2 milhões de litros; estamos concluindo mais 7 milhões de litros no Três Marias; na Zona Norte, no Nacional, um reservatório elevado de 250 mil litros; e mais 3 milhões de litros no Caladinho”.
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Para além da capital, apresentou números de Ji-Paraná — “quase 300 milhões de reais” em esgotamento e água, “oito lagoas prontas” (quatro anaeróbicas e quatro facultativas), desarenador e linha de recalque praticamente concluídos e “mais de 200 quilômetros de rede prontos”, além de nova ETA de “120 litros por segundo” — e citou entregas como a ETA de “30 litros por segundo” em União Bandeirantes, que, segundo ele, passou de “zero água tratada” a “100% do núcleo urbano atendido”, e uma ETA de “15 litros por segundo” em Alvorada do Oeste.
Em Jaru, disse que a ETA de “60 litros por segundo” está em operação e que a obra de esgotamento, ao fim, deixará “70% do núcleo urbano” atendido. Ele atribuiu parte da complexidade a contratos federais antigos: “Temos obras de 2010… com realinhamento e reequilíbrio aumentou o custo, e quem está colocando recurso para concluir é o Tesouro estadual”.
Na frente de infraestrutura urbana e prédios públicos, citou projetos como o portal de Rolim de Moura, iluminação na RO-383, parque linear em Alta Floresta e intervenções em vias e praças. Mencionou ainda “um prédio inacabado” ao lado do CPA em Porto Velho, “em processo licitatório”, com “celeumas” superadas para conclusão.
Sobre rodovias e pontes, relatou ações na RO-386, entre Espigão do Oeste e o distrito de Pacarana. Segundo ele, “quatro pontes foram eliminadas” com tubos metálicos e a “ponte do rio Ribeirão, de 50 metros de vão livre em concreto e aço”, foi executada “em praticamente seis meses”, restando “a dos Três Cachoeiras”, planejada pelo DER.
A entrevista também percorreu a situação da Emater. Diante de mensagens de servidores que reclamavam de “quase 90 dias sem o presidente”, Rezende respondeu: “Não tá sem comando. A vice-presidente, Renata, assume na ausência do presidente”. Disse que a escolha do novo titular “exige muita responsabilidade”, está sendo feita “com cautela”, ouvindo “setores técnicos” e alinhada ao planejamento. Segundo ele, a definição ocorrerá “logo, logo”.
Rezende comentou ainda demandas do público por reparos de rede de água rompida em bairro de Porto Velho, afirmando que casos assim podem ocorrer “porque temos redes antigas”, e que é “preciso dar resposta no tempo hábil”. Ele encaminhou a situação à equipe técnica, pedindo “serenidade” e recomposição adequada quando rompimentos decorrem de obras de pavimentação.
No bloco final, o secretário tratou do próprio destino eleitoral e do do governador. “Politicamente, estou à disposição do nosso líder político maior, o governador Coronel Marcos Rocha”, disse. Sobre Marcos Rocha, afirmou que “no futuro” seria “um excelente candidato ao Senado”, mas condicionou a decisão ao próprio governador. Quanto a si, declarou não ter “ego de ter que ser candidato”, mas que está “pronto” para o que o grupo decidir, seja “deputado federal” ou “vice-governador”. “Eu tô fardado… O que nós não podemos é perder tempo com promessa. Precisamos estar no canteiro de obras”, afirmou.
Ao longo da entrevista, Rezende repetiu que trabalha por uma “gestão de ganha-ganha” entre Executivo, Legislativo e órgãos de controle, insistindo na pauta de retomada e entrega de contratos de saneamento e na condução “sem contendas” de crises políticas internas. Em sua narrativa, as polêmicas — do pedido de exoneração envolvendo o vice-governador às críticas sobre cortes de asfalto e atrasos — foram respondidas com a defesa de “conversa”, “harmonia” e metas de obra com números, prazos e capacidades específicas.