Ex-governador é vetado da corrida estadual, governador projeta candidatura ao Senado e prefeito lida com desafios na capital rondoniense
Nesta quarta-feira, 1º de outubro, o jornalista Carlos Sperança aborda três temas centrais da cena política e social: a saída de Ivo Cassol da disputa pelo governo de Rondônia em 2026 e os reflexos dessa decisão nas articulações eleitorais; a movimentação do governador Marcos Rocha, que desponta como favorito a uma das vagas ao Senado nas próximas eleições; e as dificuldades enfrentadas por Porto Velho sob a gestão de Leo Moraes, diante da crise econômica que afeta o comércio local e agrava os desafios de infraestrutura e serviços básicos.
Alguém vai lucrar
Engana-se quem acha que os assuntos da COP30 se limitam a lamentar a piora do clima ou propor medidas que protejam melhor ar, terras, águas, fauna e flora ameaçadas. Haverá muito dinheiro sobre a mesa e ao redor dela será decidido o que fazer com um montante que já sobe a cerca de um trilhão de dólares por ano.
Esse ponto foi levantado por Oscar Lopes, do Neo Mondo, ao sugerir que a conferência não vai só discutir o clima, mas mudar o fluxo do dinheiro global apresentado como “capital verde”. E pergunta: “Quem vai lucrar – e quem vai ficar para trás?” Vai lucrar quem está focado em ideias e projetos que possam se adequar às metas propostas. Bancos multilaterais, como BID e Banco Mundial, veem na COP30 uma vitrine para novos modelos de financiamento climático e fundos soberanos e gestoras globais querem diversificar portfólios com ativos sustentáveis.
Terá como interessados empresas de energia limpa em busca de concessões e incentivos fiscais, com a mesa aberta para startups e hubs de inovação que apostam em soluções para monitoramento florestal, cadeias produtivas de baixo carbono e pagamento por serviços ambientais, como avisa Lopes. Vai ficar para trás quem joga contra a COP30 e não percebe que ela não vai entregar tudo que os mais otimistas anseiam, mas também não vai passar em branco: muito do que for levantado nela será discutido e terá consequências por anos a fio.
Fora da peleja
Com o ex-governador Ivo Cassol (PP), agora definitivamente fora da peleja pelo Palácio Rio Madeira, sede do governo estadual, as eleições 2026 tomam novas feições. O veto sofrido por Ivo é comemorado pelos concorrentes e todos se voltam agora à mesa das negociações para a formação de chapas competitivas. Todos candidatos – menos Confúcio Moura – correm em busca do apoio de Cassol, que é a noiva mais cobiçada para casamento, esquecendo que o ex-governador não tem conseguido repassar votos para seus aliados. Mas um sobrenome Cassol numa chapa, como vice, com certeza é um baita reforço.
PVH em festa
O município de Porto Velho comemora neste 2 de outubro seus 111 anos de criação com os olhos voltados para o futuro e na luta por bandeiras como saneamento básico, ampliação da cobertura de água tratada e rede de esgotos. A capital rondoniense está na rabeira no que se refere ao saneamento básico no Brasil, com índices terceiro-mundistas. Não bastasse, padece com a saúde, com a segurança pública, enfrenta dificuldades na mobilidade urbana e tem como um dos seus grandes desafios a regularização fundiária. Mais de 100 mil propriedades aguardam regularização nas áreas urbana e rural.
Facções criminosas
AS ÚLTIMAS OPINIÕES
Com a sua economia padecendo, com fechamento de lojas para todos os lados, dezenas de pontos comerciais para alugar e muitas famílias migrando para outros estados, Porto Velho ainda se vê pela frente com as facções criminosas avançando, envolvidas desde o tráfico de drogas, na política e em grandes empresas para lavagem de dinheiro. A situação é tão grave que num importante distrito de Porto Velho, quando o morador é assaltado ou tem sua casa arrombada, ele recorre ao chefe da facção local para recuperar seus pertences. Já estamos quase parecidos com o Rio de Janeiro.
Como entender?
Entender a situação econômica de Porto Velho é um desafio. Principal alavanca da economia local, o funcionalismo público – são mais de 50 mil entre municipais, estaduais e federais – recebe seus salários religiosamente em dia. O que seria da capital se o governador Marcos Rocha, o presidente Lula, o prefeito Leo Moraes, o presidente da Assembleia Legislativa Alex Redano atrasassem os vencimentos do funcionalismo? A capital entraria num buraco negro, em completo colapso. Com tudo em dia, mesmo com os pagamentos atualizados, o comércio está chiando pela falta de dinheiro na praça.
As motivações
Conversando com alguns comerciantes, eles opinaram sobre o que ocorre com a combalida economia da capital. Constataram que o real perdeu o valor, o poder aquisitivo da população sofreu grande desgaste, o índice de endividamento dos portovelhenses é elevado, o uso do cartão de crédito tem afundado muita gente com os juros altos, as compras pela internet também influenciam. Também responsabilizam a situação atual pela prática de juros altos pelo Banco Central, inibindo novos investimentos. E existe uma percepção de um cenário de incertezas. Como consequência, quarteirões inteiros de lojas fechadas podem ser vistos na Zona Leste e no próprio centro histórico da capital. É coisa de louco!
Disputa ao Senado
Os atuais governadores de Rondônia, Marcos Rocha, do Acre, Gladson Cameli, e do Amazonas, Wilson Lima, vão ponteando as pesquisas eleitorais às duas cadeiras ao Senado em disputa em seus estados. Todos eles estão deixando os governos estaduais para seus vices completarem os mandatos, mas usando a máquina a seu favor. No Acre, o ex-governador Jorge Viana (PT) ressurge no estado podendo conquistar a segunda cadeira. No Amazonas, o senador Eduardo Braga (MDB), disputando a reeleição, aparece com grandes chances para ocupar a segunda vaga. Em Rondônia é difícil qualquer previsão em vista da indefinição de várias postulações para se avaliar o quadro. Mas acredita-se que o governador Marcos Rocha (UB) leva uma cadeira.
Portas fechadas
Esta má performance do comércio lojista em Porto Velho também atinge cidades mais importantes no País e com economias mais ajustadas. Falo dos casos de municípios de Campinas (SP), com economia pujante, e de Goiânia, grande centro médico por excelência, polo universitário do Centro-Oeste e também do ramo atacadista, além de polo de confecções. Os sacoleiros rondonienses que têm conexão com Goiânia têm constatado o fechamento de dezenas de lojas, como ocorre em nossa capital em avenidas e ruas importantes. Em muitas capitais também se vê a degradação dos centros históricos, como também ocorre em Porto Velho.
Via Direta
*** Entre idas e vindas os partidos se preparam para as definições de suas chapas para as disputas eleitorais do ano que vem. Acredita-se mais uma vez numa baita renovação dos cargos na Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados. *** O vice-governador Sergio Gonçalves (União Brasil) anda meio manco nas pesquisas eleitorais na disputa pelo CPA, mas está otimista porque contará com a máquina do governo estadual a seu favor. *** Com grande desempenho à frente da Associação Rondoniense dos Municípios – AROM, o ex-prefeito de Porto Velho Hildon Chaves (PSDB) segue angariando apoios dos prefeitos do interior para sua campanha visando o Palácio Rio Madeira.
