Debates sobre alianças, articulações e confrontos políticos movimentam os bastidores das eleições de 2026 em Rondônia.
Nesta sexta-feira, 01, o jornalista Carlos Sperança aborda três movimentos distintos no cenário político rondoniense: a deputada estadual Cláudia de Jesus participa da Caravana da Esperança, iniciativa que reúne partidos de esquerda e centro em encontros regionais para organizar chapas eleitorais; o ex-prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves, enfrenta resistência de outras legendas, que articulam para isolá-lo na corrida ao governo; e o deputado estadual Delegado Camargo intensifica a oposição ao governador Marcos Rocha, adotando postura crítica diante da base governista na Assembleia Legislativa.
O “bem comum”
É obvio que a destruição da floresta está enriquecendo alguém, por isso há uma questão relevante, colocada pelo professor Augusto Barreto Rocha, a ser considerada junto aos problemas ambientais da Amazônia: a quem o desenvolvimento da região serve? Quando havia consenso em que era preciso fortalecer o Estado para disciplinar a sociedade desorganizada, o discurso mantinha a ideia de “promover o bem comum”.
Talvez para não parecer “comunismo”, veio a ideia de diminuir o tamanho do Estado e agigantar a sociedade. O resultado disso não foi, de imediato, a afirmação dos interesses sociais, mas o fortalecimento das corporações que poucos interesses têm em pessoas, que podem ser exploradas de qualquer maneira, desde que proporcionem lucro aos grupos organizados, legais ou não.
“Há um consenso quase uníssono de um Estado cada vez menor e que, cada um por si, devemos nos preocupar e nos encarregar por tudo de nossas existências”, expôs o professor Augusto. “Até o empreendedorismo, que era visto com algo positivo de alguns, foi transformado em uma espécie de subemprego disfarçado, longe das ações inovadoras concebidas na origem do termo”.
É uma questão relevante, na medida em que o crime organizado ataca impiedosamente a sociedade favorecido pelos que gritam furiosamente contra a Justiça depois das condenações aplicadas aos presidentes Lula e Bolsonaro. As pessoas estão indefesas.
Muitos predadores
Os atuais deputados estaduais com base em Porto Velho – uma meia dúzia deles – tem o grande desafio da reeleição no ano que vem as voltas com predadores com garras afiadas e com as estatísticas dos pleitos passados apresentando elevado índice de renovação nos quadros do Poder Legislativo estadual. A capital não perdoa deputado bem votado, como foi Zequinha Araújo o mais votado numa eleição, e que no pleito seguinte cai do cavalo. Tampouco presidentes da casa legislativa foram poupados, caso do ex-deputado estadual Hermínio Coelho. Na temporada, existem predadores com fartura se aproveitando do desgaste de muitos integrantes da Casa de Leis que tornaram a política um balcão de negócios.
Noivas cobiçadas
Como noivas cobiçadas por tantos pretendentes para receber o apoio nas eleições do ano que vem o ex-governador Ivo Cassol (como uma verdadeira Ana Castela…) e o prefeito de Porto Velho Leo Moraes (… uma autêntica Joelma!) as coisas vão fluindo com as primeiras definições para o pleito do ano que vem. Mas para conquistar o coração das “noivas” os pretendentes precisam indicar os candidatos a vices em suas chapas ao governo das suas “amadas” ou compromissos de apoio ao Senado para seus aliados. É como antigamente os árabes faziam as negociações com as noivas, oferecendo camelos as suas famílias…
AS ÚLTIMAS OPINIÕES
Querem isolar
Não querem deixar o ex-prefeito de Porto Velho Hildon Chaves (PSDB) criar asas na peleja ao governo estadual do ano que vem. Existe um projeto dos demais partidos envolvidos no pleito para o isolamento do tucano. Hildão tem dificuldades em alicerçar alianças, formar chapas competitivas a Assembleia Legislativa para a Câmara dos Deputados e ao Senado. Para eleger deputados estaduais e federais os tucanos necessitam de firmar coligações e elas até agora não saíram da mesa de negociações. A articulação tucana se espicha para fechar acordos. Ao mesmo tempo a passarada ficou mais otimista com Ivo Cassol (PP) fora da disputa o que animou a militância.
MDB otimista
Mesmo perdendo quadros nos últimos anos e participação pífia nas últimas eleições municipais, o MDB est otimista com relação as eleições do ano que vem e vai montando chapas competitivas para os cargos da Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados. O partido que já elegeu o maior número de governadores no estado, Jeronimo Santana (Porto Velho, Valdir Raupp (Rolim de Moura) e Confúcio Moura (Ariquemes), também contou com um governador nomeado, o deputado estadual Ângelo Angelim (Vilhena). As lideranças históricas do partido apostam na ressurreição do MDB, que se recupera sempre após ás derrotas, como uma fênix.
Caravana da Esperança
Com calendário de eventos nos principais polos regionais do estado, a Caravana a Esperança, que forma uma federação com a presença de nove agremiações partidárias de esquerda e de centro, já manteve encontros em Porto Velho, Ariquemes e neste sábado em Ji-Paraná. As principais lideranças da federação, casos do atual senador Confúcio Moura (MDB), o ex-senador Acir Gurgacz (PDT), a deputada estadual Claudia de Jesus (PT), o dirigente Francisco Pantera (PC do B), entre outros nomes são presenças marcantes nos encontros cujo objetivo comum é a formação de as chapas de candidatos às eleições de 2026 em todos os níveis.
Oposição prá valer
Na falta de petistas e emedebistas para fazer oposição ao governo Marcos Rocha (União Brasil) em Rondônia, eis que o Delegado Camargo já faz oposição sistemática ao atual governo que aí está. Numa Assembleia Legislativa, formada majoritariamente pela base do Palácio Rio Madeira, lotada de ovelhas chapas brancas que raramente fiscalizam obras públicas, ou denunciam o caos da saúde e o colapso na segurança pública, Camargo tem aprofundado denúncias e fiscalizado in locco as mazelas ocorrendo no Pronto Socorro João Paulo II. Bolsonarista, ele é inimigo número 1 da administração Marcos Rocha, também bolsonarista.
Via Direta
*** As rachadinhas voltaram a protagonizar denúncias na ALE. A coisa aumenta de legislatura em legislatura*** Sem Ivo Cassol (PP) nas paradas, vetado por Lula, o senador Marcos Rogério (PL) é considerado uma espécie de herdeiro dos seus votos conservadores na disputa do Palácio Rio Madeira *** No entanto, o recado transmitido pela ex-primeira dama Michele Bolsonaro em recente encontro em Ji-Paraná é claro: Jair Bolsonaro quer Marcos Rogério e Bruno Scheidt disputando as duas cadeiras ao Senado *** O deputado federal Coronel Chisostomo (PL-RO) quer formar reduto eleitoral em União Bandeirantes, liberando recursos de emendas para pavimentação das ruas.
