O estado precisa romper com o imediatismo e investir em soluções inovadoras e sustentáveis
Rondônia é um estado de contrastes. De um lado, carrega um potencial imenso na produção agropecuária, na biodiversidade e no setor energético. De outro, continua refém de gargalos históricos que emperram o crescimento e condenam o desenvolvimento a ser cíclico, desigual e pouco inovador.
As rodovias esburacadas e a ausência de alternativas logísticas encarecem o escoamento da produção. A industrialização engatinha, o que nos mantém na condição de exportadores de matéria-prima barata, enquanto empregos de qualidade são gerados em outros estados. A energia abundante das hidrelétricas não se traduz em tarifas mais justas nem em atratividade para indústrias. E nas cidades, o crescimento desordenado avança sem planejamento, pressionando serviços públicos que já não dão conta.
O modelo atual mostra sinais de esgotamento. Rondônia precisa pensar além do imediatismo eleitoral e buscar soluções capazes de gerar emprego, renda e prosperidade de forma sustentável. Há caminhos possíveis e viáveis:
Agroindústria e agregação de valor: transformar o que hoje sai do estado em grãos ou em boi vivo em produtos industrializados, fortalecendo cadeias produtivas locais.
AS ÚLTIMAS OPINIÕES
Energia renovável descentralizada: explorar o potencial solar e do biogás, reduzindo custos e democratizando o acesso.
Logística moderna e competitiva: integrar rodovias, hidrovias e, a médio prazo, ferrovias, tornando Rondônia mais competitiva no mercado global.
Economia da floresta em pé: apostar na bioeconomia, no turismo ecológico e no mercado de carbono como alternativas reais de desenvolvimento.
Educação e inovação tecnológica: formar jovens para ocupar postos de trabalho em setores de futuro, como tecnologia, biotecnologia e startups do agronegócio. Enquanto insistirmos na lógica do improviso e da dependência exclusiva da agropecuária extensiva, Rondônia seguirá perdendo oportunidades. O desafio é político, mas também de visão estratégica. O futuro não pode ser a repetição do passado.
Samuel Costa
Rondoniense, advogado, professor e especialista em Ciência Política
