Cícero Moura denuncia o uso político dos combustíveis no Brasil, tema recorrente em campanhas eleitorais que sempre termina em promessas não cumpridas
Na coluna desta segunda-feira, 06, Cícero Moura aborda a politização dos combustíveis no Brasil, apontando que o preço da gasolina, do álcool, do diesel e do gás sempre foi usado como ferramenta de campanha e manipulação eleitoral. Ele descreve o ciclo de promessas e frustrações que se repete a cada eleição, em que governantes anunciam reduções de preços que nunca chegam às bombas. O colunista destaca ainda o impacto direto sobre a população rondoniense, que convive com valores altos e poucas alternativas de abastecimento, e conclui que a única coisa realmente abundante nas bombas brasileiras é a descrença do povo diante de tantas promessas vazias.
FATO
A realidade, no entanto, é cruel: a bomba de combustível não entrega só litros de energia para os carros, entrega também litros de decepção para um povo constantemente enganado.
BALELA
Não é de hoje que a população escuta discursos inflamados sobre “preço acessível”.
LULA
O atual presidente, assim como tantos outros que o antecederam, prometeu tornar os combustíveis mais baratos.
SÓ CONVERSA MOLE
Mas basta olhar para os postos para perceber que a promessa evaporou mais rápido que gasolina no asfalto quente.
CONFORMADO
O povo, já cansado de tanto engodo, parece anestesiado: não questiona mais, apenas se conforma.
ALTERNATIVA
O caso do álcool é emblemático. Criado para ser a alternativa limpa e barata, hoje chega a custar apenas míseros cinquenta centavos a menos que a gasolina em muitas cidades, e olhe lá.
CUSTO BENEFÍCIO
A diferença é tão pequena que já não compensa, levando em conta o menor rendimento nos motores.
MAIS BARATO
O gás, que surgiu como opção ainda mais em conta, seguiu pelo mesmo caminho: onde há gás natural, os preços subiram a tal ponto que instalar o kit gás deixou de ser vantagem — o investimento não se paga mais.
SEM OPÇÃO
Em Rondônia, o cenário é ainda mais limitado. Não há gás natural à disposição, restando ao cidadão a escolha entre gasolina e álcool, ambos com preços abusivos.
NADA DE OFERTA
Mas há outro detalhe ainda mais escandaloso: o preço do óleo diesel.
ERA A OPÇÃO
Historicamente, o diesel sempre foi mais barato, justamente por ser o combustível que movimenta o transporte de carga e o agronegócio, setores fundamentais para a economia nacional.
CENTAVO A CENTAVO
No entanto, nos postos rondonienses, ele parece disputar a igualdade de valor com a gasolina — e em alguns casos, chega a ultrapassá-la.
VERGONHA
AS ÚLTIMAS OPINIÕES
Um contrassenso tão grande que desafia a lógica e expõe o total descompasso entre promessa política e realidade econômica.
CASCATA
Ora, se o diesel, base da logística nacional, atinge patamares tão altos, o efeito em cascata é inevitável.
CASCATA 2
O transporte encarece, o frete dispara, e a comida na mesa do trabalhador fica mais cara.
MESMO DE SEMPRE
O custo recai, como sempre, sobre quem já não aguenta mais pagar a conta.
ELEIÇÃO
E, daqui a nove meses, com o início da próxima campanha presidencial, a pergunta se impõe.
FARSA
Qual será a nova mentira a ser contada? Qual será a promessa mirabolante de vez?
FARSA 2
Talvez a promessa de carros elétricos subsidiados? Ou quem sabe a invenção de um “combustível verde”, que, na prática, custará ainda mais caro?
FARSA 3
Não importa. O roteiro é previsível: prometer o céu, entregar o inferno.
RESIGNAÇÃO
Infelizmente, o cidadão comum pouco pode fazer além de se indignar no balcão do posto e se resignar ao sistema.
IMPOTÊNCIA
A sensação de impotência só cresce, e a confiança nos políticos se dissolve a cada reajuste.
NINGUÉM MAIS ACREDITA
Resta o combustível da descrença: esse, sim, cada vez mais abundante.
OPINIÃO
No fim das contas, abastecer no Brasil é mais do que encher o tanque. É abastecer também a paciência e a esperança de que um dia a promessa vá valer o preço.
OPINIÃO 2
Até lá, seguimos rodando — e sendo enganados — com a certeza de que, quando o assunto é combustível, a mentira nunca acaba.
FRASE
O povo vive sendo feito de bobo por político, acreditando em promessas ensaiadas, enquanto eles ensaiam novas formas de enganar.
