Coluna de Carlos Sperança destaca tensões políticas e novos arranjos eleitorais em Rondônia
Nesta segunda-feira, 20, o jornalista Carlos Sperança aborda o protagonismo do senador Confúcio Moura na solenidade de lançamento da ponte binacional Brasil-Bolívia, em Guajará-Mirim, evento que marcou o auge do movimento Caminhada da Esperança; analisa a fragmentação da direita rondoniense sob o comando do governador Marcos Rocha, dividida entre União Brasil, PL e outras legendas; e comenta as movimentações do ex-governador Ivo Cassol, que, inelegível, projeta os filhos Juliana e Ivo Cassol Junior como possíveis nomes de continuidade para 2026.
Rico futuro
Alguém cair em si e reconhecer erros são obrigações tão óbvias que nem deveriam merecer elogios, mas em tempos de líderes políticos teimosos o presidente Donald Trump merece elogios por se dispor a negociar com o Brasil depois de aplicar tarifas absurdas a uma nação amiga sem superávit comercial com os EUA. Trump não está voltando atrás porque Lula é simpático ou hipnotiza feras: é porque o Brasil é um parceiro histórico que os EUA não podem entregar de mão beijada à China.
Além de o Brasil ser o segundo país com maior potencial de terras raras, tem uma riqueza que no futuro tende a ser ainda mais importante que minerais difíceis de processar: estudos do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará (UFPA) levaram à descoberta do maior aquífero do mundo, o Saga, com potencial para abastecer sozinho o planeta inteiro durante 250 anos.
Brigar com um país de tanto potencial por baixo de seu território seria loucura até por parte de alguém sempre acusado de não agir com racionalidade, como é o caso de Trump. Agora os negociadores vão determinar os próximos passos de um acordo (ou conjunto de acordos) histórico. São diplomatas e empresários, com papel decisivo cabendo à Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), ao demonstrar com dados categóricos que Brasil e EUA são países irmãos. Logo, quem semeia briga entre irmãos não pode ser bom sujeito.
Grande momento
A Caminhada da Esperança, projeto político unificando oito partidos para as eleições em Rondônia, viveu seu grande momento na última sexta-feira em Guajará Mirim, quando foi lançada a obra da ponte binacional Brasil-Bolívia, sobre o Rio Mamoré. Os principais dirigentes partidários da coalizão participaram da solenidade, com o protagonismo do senador Confúcio Moura, (MDD), o grande defensor do empreendimento. Autoridades bolivianas e brasileiras presenciaram o evento, além do ex-senador Acir Gurgacz (PDT), mas com a ausência do atual governador Marcos Rocha. Ocorre que os bolsonaristas não querem proximidade com a esquerda, né?
Direita rachada
Temos a direita rachada em todos os níveis no País. No plano nacional, com várias candidaturas presidenciais, entre elas pelo menos quatro governadores bolsonaristas, como Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás), Ratinho Junior (Paraná) e Romeu Zema (Minas Gerais). Em Rondônia, o União Brasil do governador Marcos Rocha e do seu vice Sergio Gonçalves não se entende com o PL dos senadores Marcos Rogério (Ji-Paraná) e Jaime Bagatoli (Vilhena) e o deputado estadual delegado Camargo (Ariquemes). A direita pode contar até com quatro candidatos ao governo de Rondônia
Facilitando as coisas
AS ÚLTIMAS OPINIÕES
Com até a família Bolsonaro dividida quanto as eleições presidenciais e tantos postulantes rachando o segmento, o grande beneficiado é o atual presidente Lula, que unifica a esquerda, centro esquerda e a esquerda num projeto em franco crescimento. Com a máquina nas mãos – e ele saber usar este instrumento – o atual presidente vai crescendo nas pesquisas e deve conquistar pelo menos uma vaga no segundo turno, em que pese a sua idade já avançada. Em Rondônia, as fissuras entre os postulantes da direita beneficiam na peleja ao governo a candidatura do atual senador Confúcio Moura (MDB) e do ex-senador Acir Gurgacz (PDT) ao Senado. A coalizão ainda não decidiu qual dois será o seu candidato ao governo.
Próximo encontro
O próximo encontro estadual da caminhada da esperança será em Cacoal, no próximo dia 25. Os coordenadores do projeto, Airton Gurgacz, Roberto Sobrinho e Francisco Pantera já estão se movimentando neste sentido. Cacoal e região são território emedebista, e mesmo nos piores momentos do partido o ex-governador Valdir Raupp, a ex-prefeita Sueli Aragão tiveram grandes resultados. O PT também já elegeu prefeitos na região. Por isto, os partidos alinhados a coalizão estão vendo com grande otimismo as projeções de vitória na região do Café e Zona da Mata.
Mais razoável
Acompanhei na coluna de Sergio Pires o provável lançamento da filha do ex-governador Ivo Cassol, a influencer Juliana ao governo de Rondônia. No entanto, vejo como melhor opção do ex-governador nesta empreitada a projeção do seu filho Ivo Cassol Junior, que carrega o nome do pai. Mais fácil de colar no eleitorado de Ivo que deve colocar também a maninha Jaqueline disputando uma cadeira a Câmara dos Deputados. Ivo tem dificuldades em transferir votos para aliados, mas para seu próprio nome na cédula eleitoral as coisas podem funcionar bem. Esta é a grande opção de Ivo, já que ele está inelegível.
Os balões de ensaio
Com pesquisas fajutadas, ocultando nomes de candidatos aos cargos eletivos ao governo estadual e ao Senado em Rondônia e balões de ensaio para todos os lados, temos a largada da corrida sucessória do governador Marcos Rocha e as duas cadeiras ao Senado. Num quadro de indefinições, as coisas vão se arrumando. Mas se vê o ex-prefeito Hildon Chaves num projeto solo, vítima de uma proposta de isolamento dos adversários. O nobre candidato não tem nomes ao Senado, a Câmara dos Deputados e uma chapa expressiva a Assembleia Legislativa. Também o atual prefeito de Cacoal, Adailton Fúria vai ter dificuldades de decolar, já que igualmente não tem chapas ao Senado, nominata razoável a Câmara dos Deputados e ALE. Sem alianças fica difícil de seguirem em frente.
Via Direta
*** No recente episódio da prisão e afastamento de alguns funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa, no qual todos os 24 deputados estaduais foram declarados inocentes, fica uma pergunta sobre mais um grande desvio de recursos: quem contratou os meliantes? *** Se não foi nenhum deputado que contratou os pilantras, que são dirigentes de partidos políticos, quem seriam os contratantes? A Polícia Federal precisa dar os nomes aos bois, aliás, a toda boiada envolvida no caso *** Também é estranha a declaração de inocência do vereador Tessari na Câmara de Vereadores de Porto Velho alvo de acusações sobre a prática de rachadinhas. Sobre sua inocência Como sempre os atingidos pelas investigações alegam perseguição política.
