Comissão de Meio Ambiente da Alero acompanha o início do ciclo reprodutivo e reforça ações de proteção e monitoramento das praias usadas pelos quelônios.
Porto Velho, RO – Após mais de dois meses de espera, as tartarugas-da-Amazônia voltaram a desovar nas praias do Vale do Guaporé, marcando o início de mais uma temporada de reprodução. O fenômeno, acompanhado por equipes da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Rondônia (Alero), mobiliza órgãos ambientais, pesquisadores e voluntários que atuam para garantir a preservação da espécie.
As primeiras semanas foram de movimentação reduzida, com um número menor de fêmeas subindo para desovar. Aos poucos, porém, a atividade se intensificou, e os ninhos começaram a se espalhar por toda a extensão do rio, inclusive em áreas antes não utilizadas. A retomada do ciclo reprodutivo ocorre após o atraso provocado por variações climáticas registradas na região.
Segundo o ambientalista José Soares Neto, conhecido como Zeca Lula, fundador da Associação Comunitária e Ecológica do Vale do Guaporé (Ecovale), o fenômeno é resultado de uma adaptação natural. “O rio encheu mais tarde, o calor se espalhou diferente, as chuvas se confundiram com o verão, além de vários outros motivos que atrasaram por mais de 70 dias o início da desova das tartarugas. Estamos em alerta para ver como vai ser o comportamento este ano, pois com esse atraso, na época do nascimento das tartarugas, o rio já vai estar mais elevado”, explicou.
O trabalho de monitoramento e proteção começou antes da chegada das tartarugas às praias e seguirá até o nascimento dos filhotes. O período de incubação dura cerca de dois meses, tempo em que o calor da areia assegura o desenvolvimento dos embriões. Com o atraso, porém, os ambientalistas preveem desafios adicionais, já que o nível mais alto do rio pode dificultar a saída dos filhotes em direção à água.
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Para o biólogo Deyvid Muller, é fundamental ampliar a atuação durante a eclosão dos ovos. “A gente não vem só olhar, vem cuidar. Esse processo todo da desova das tartarugas, o período de maturação dos ovos e depois, no momento da eclosão, a gente precisava de muito mais gente para conseguir fazer ser bem efetivo. Ainda mais pelo que aconteceu ano passado e que a gente sabe que vai acontecer esse ano. Morreu demais! Todo mundo ficou com muita dó do que tava acontecendo, mas não conseguia fazer mais”, afirmou.
A rede de proteção é composta por membros da Ecovale, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam), Polícia Militar Ambiental, empresas parceiras e dezenas de voluntários. O grupo atua em turnos noturnos, fiscalizando as praias e garantindo que o ciclo de reprodução ocorra de forma segura.
A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Alero, por sua vez, acompanha de perto o cenário e desenvolve ações voltadas à preservação do Vale do Guaporé. Entre as iniciativas, está a atualização do Zoneamento Socioeconômico e Ecológico de Rondônia, ferramenta essencial para planejar o uso sustentável do território e proteger ecossistemas sensíveis, como as áreas de desova dos quelônios.
O presidente da Comissão, deputado Ismael Crispin (Sem Partido), destacou o papel do zoneamento na preservação dos recursos naturais. “O zoneamento é mais que um mapa técnico, é um instrumento de equilíbrio entre o homem e a natureza. Ele mostra até onde podemos avançar e onde precisamos preservar. Quando olhamos para o Vale do Guaporé e vemos as tartarugas desovando, entendemos que proteger esse ciclo é também proteger o futuro de Rondônia”, declarou.
A Comissão mantém ainda ações de educação ambiental, fiscalização e incentivo ao turismo sustentável, fortalecendo o compromisso do Legislativo com políticas públicas que garantem a conservação da fauna, a valorização das comunidades ribeirinhas e o equilíbrio ambiental em Rondônia.




