Descoberto em julho, visitante interestelar se aproxima a 204 milhões de quilômetros do Sol e será monitorado por telescópios e sondas até deixar o Sistema Solar
Porto Velho, RO – O cometa 3I/ATLAS, proveniente de fora do Sistema Solar, atingiu nesta quarta-feira (29) o periélio — ponto mais próximo do Sol em sua trajetória. A distância registrada foi de aproximadamente 1,36 unidade astronômica (cerca de 204 milhões de quilômetros), segundo o Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), da NASA. Neste momento, o corpo celeste recebe a maior incidência de luz e calor, provocando a sublimação do gelo em seu núcleo e formando a coma, uma nuvem difusa de gases e poeira, e a cauda característica.
O objeto foi identificado pela primeira vez em 1º de julho de 2025 pelo sistema de monitoramento Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System (ATLAS), no Chile. De acordo com a agência espacial norte-americana, o cometa apresenta uma órbita hiperbólica, o que confirma sua origem interestelar. Ele é apenas o terceiro corpo desse tipo já detectado, após o asteroide ‘Oumuamua (2017) e o cometa Borisov (2019).
Observações realizadas com o Telescópio Espacial James Webb indicaram uma concentração inédita de dióxido de carbono em sua composição — cerca de oito vezes mais que a quantidade de água. Essa característica química, pouco comum em cometas do Sistema Solar, tem despertado o interesse de pesquisadores que buscam entender as condições de formação de sistemas planetários em outras regiões da Via Láctea.
AS ÚLTIMAS OPINIÕES
Entre os dias 30 de outubro e 6 de novembro, o 3I/ATLAS poderá cruzar o caminho da sonda Europa Clipper, da NASA, que está em rota para Júpiter. Um estudo conduzido por Samuel Grant, do Instituto Meteorológico da Finlândia, e Geraint Jones, da Agência Espacial Europeia (ESA), aponta a possibilidade de a nave atravessar a cauda iônica do cometa — um fluxo de partículas carregadas gerado pela interação com o vento solar. Mesmo com baixo risco de danos, o evento é considerado uma oportunidade científica inédita para coletar partículas de um corpo originário de outro sistema estelar.
Após o periélio, o cometa começará a se afastar gradualmente do Sol. De acordo com o site InTheSky.org, ele voltará a ser visível a partir de 3 de novembro, pouco antes do amanhecer, na constelação de Virgem. Até dezembro, deve ser observado com telescópios de médio porte enquanto cruza as constelações de Virgem e Leão. O brilho, de magnitude 11, tende a aumentar durante o período.
A Agência Espacial Europeia e a NASA continuarão monitorando o cometa com sondas e telescópios. Se mantiver a integridade do núcleo, o 3I/ATLAS seguirá seu trajeto em direção à constelação de Gêmeos em 2026, quando deixará definitivamente o Sistema Solar. A descoberta precoce, feita quando o objeto ainda estava a 4,5 unidades astronômicas do Sol, reforça os avanços nas técnicas de detecção e acompanhamento de corpos vindos do espaço interestelar.




