Parlamentar insiste em acusações falsas contra Dilma Rousseff, já desmentidas pela imprensa e Justiça, enquanto o ex-presidente busca acalmar tensões e evitar condenações
Porto Velho, RO – A 211ª Sessão Legislativa da Câmara dos Deputados, realizada em 27 de novembro de 2024, trouxe à tona declarações controversas do deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO). O parlamentar utilizou seu tempo na tribuna para resgatar uma alegação desmentida há anos, envolvendo a ex-presidente Dilma Rousseff no atentado que matou o soldado Mário Kozel Filho em 1968. Em um contexto político já inflamado, a fala contrasta com o discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, dias antes, apelou ao Supremo Tribunal Federal (STF) por anistia aos envolvidos na tentativa de golpe de Estado, sob o argumento de “pacificar o Brasil”.
Um discurso inflamado, uma acusação desmentida
Durante a sessão, Chrisóstomo afirmou que Dilma “assassinou um soldado do Exército na frente do quartel” durante o período militar, discurso que ecoa alegações disseminadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Contudo, as declarações do deputado foram amplamente refutadas por verificadores de fatos e pela imprensa. Segundo apuração do Estadão, Dilma Rousseff nunca integrou o grupo Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), responsável pelo atentado, e sequer estava em São Paulo à época.
Além disso, um processo judicial de 2021 determinou que uma usuária de redes sociais, que propagou a mesma acusação, indenizasse Dilma em R$ 30 mil por danos morais, destacando que a liberdade de expressão não pode violar a verdade ou desonrar terceiros.
Bolsonaro e o clamor pela anistia
Enquanto aliados reacendem polêmicas, Bolsonaro segue uma abordagem distinta. Em entrevista à Revista Oeste, o ex-presidente apelou diretamente aos ministros do STF e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por uma anistia que incluiria investigados pela tentativa de golpe de Estado e pelos ataques às sedes dos Três Poderes em janeiro de 2023. Bolsonaro, que já foi indiciado pela Polícia Federal como líder de uma organização criminosa voltada à desestabilização do Estado Democrático de Direito, disse: “Para nós pacificarmos o Brasil, alguém tem que ceder […] Eu apelo aos ministros do Supremo Tribunal Federal, por favor, repensem, vamos partir para uma anistia.”
Sua postura reflete um momento de tensão pessoal e política. A Polícia Federal detalhou o papel de Bolsonaro no planejamento de um golpe de Estado, incluindo a elaboração de uma minuta de decreto que previa a prisão de ministros do STF e a decretação de estado de defesa. Ele também foi implicado em planos que incluíam o assassinato de autoridades como Lula e Geraldo Alckmin.
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A contradição estratégica
Enquanto Bolsonaro tenta evitar novas condenações e busca apaziguar tensões, Chrisóstomo adota uma retórica que “joga gasolina” no debate. Seu discurso não apenas resgata uma fake news amplamente desmentida, mas também contraria os esforços do ex-presidente de construir uma narrativa de pacificação. Para o deputado rondoniense, “está na hora de pensarmos no Brasil, nos brasileiros, nos que estão presos sem dever nada”. Ainda assim, suas palavras serviram mais para reacender divisões do que para resolver os impasses nacionais.
Impactos políticos e jurídicos
A insistência na narrativa falsa pode trazer repercussões não apenas para Chrisóstomo, mas para a já combalida base bolsonarista. Em 2020, a disseminação dessa mesma fake news foi alvo de checagens da imprensa e da Justiça, demonstrando que acusações infundadas possuem limites jurídicos. A reiteração de tais declarações em plenário reacende debates sobre a responsabilidade de parlamentares na disseminação de informações falsas e seus impactos sobre o discurso público.
Enquanto isso, a tentativa de Bolsonaro de negociar uma anistia enfrenta resistência, tanto de setores do Judiciário quanto da sociedade civil, que veem no gesto uma tentativa de apagar crimes graves contra a democracia. Ainda que o ex-presidente insista na necessidade de “zerar o jogo”, os desdobramentos das investigações indicam que o cenário pode ser mais adverso do que ele espera.
No momento em que a política nacional demanda responsabilidade e diálogo, discursos como o de Chrisóstomo evidenciam a dificuldade de superar narrativas polarizadoras. A pacificação do País, pregada por Bolsonaro, parece ainda distante, especialmente quando seus próprios aliados optam por alimentar antigas disputas e polêmicas infundadas.
AUTOR: INFORMA RONDÔNIA