Crescimento no interior e aliança com Hildon Chaves podem impulsionar candidatura, mas resistência do grupo palaciano e concorrência de Marcos Rogério complicam o cenário
Porto Velho, RO – A possível candidatura de Adaílton Fúria (PSD) ao Governo de Rondônia em 2026 surge como uma alternativa promissora, mas repleta de desafios. Prefeito reeleito de Cacoal e figura em ascensão na política estadual, Fúria pode ter ao seu lado o ex-prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), caso a federação entre os partidos se concretize. A aliança representaria a junção de forças entre capital e interior, estratégia defendida pelo presidente estadual do PSD, Expedito Júnior.
Porém, o caminho até o Palácio Rio Madeira não será simples. O atual grupo governista, liderado pelo União Brasil, tem nomes fortes na disputa, como o vice-governador Sérgio Gonçalves e o deputado federal Fernando Máximo. Além disso, o senador Marcos Rogério (PL), aliado de Jair Bolsonaro, planeja tentar novamente o governo, enquanto outras figuras políticas, como Lúcio Mosquini (MDB) e Marcelo Cruz (PRTB), também surgem como postulantes ao cargo.
A federação entre PSD e PSDB tem potencial para fortalecer ambos os partidos, ampliando suas bancadas no Congresso e garantindo competitividade eleitoral. Para Expedito Júnior, a união entre Hildon e Fúria poderia resultar em uma chapa com ampla capilaridade no estado. “Se conseguirmos juntar a capital e o interior, teremos uma chapa muito competitiva”, afirmou o dirigente partidário.
Embora a experiência administrativa de Fúria em Cacoal seja um trunfo, sua viabilidade eleitoral ainda depende de um fator essencial: a aceitação do eleitorado em outras regiões do estado. Sua popularidade no interior pode não ser suficiente para superar a influência de políticos com maior penetração na capital e no eixo Porto Velho-Ji-Paraná.
Além disso, Fúria precisará superar a resistência de setores políticos que veem sua candidatura como uma alternativa ainda imatura. Diferentemente de Hildon, que governou Porto Velho por dois mandatos e consolidou uma imagem de gestor técnico, Fúria precisará ampliar sua base de apoio para convencer o eleitorado de que tem condições de governar Rondônia.
Outro grande obstáculo para uma eventual candidatura de Fúria é o poder do grupo político atualmente no comando do estado. Sérgio Gonçalves, vice de Marcos Rocha, é apontado como o sucessor natural do governo e, embora ainda trabalhe para ampliar sua visibilidade, conta com um fator de peso: a máquina pública.
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Governos historicamente utilizam sua estrutura administrativa para consolidar candidaturas, e Rondônia não costuma fugir à regra. Se Sérgio Gonçalves não decolar nas pesquisas, o União Brasil pode lançar Fernando Máximo, deputado federal mais votado em 2022 e nome de forte apelo popular. Máximo já demonstrou capacidade eleitoral, o que dificultaria ainda mais o avanço de Fúria na corrida.
Além disso, há o peso da governabilidade. Caso o grupo de Marcos Rocha consiga manter o controle da Assembleia Legislativa e obter o apoio de prefeitos e lideranças locais, a candidatura de Sérgio ou Máximo pode ganhar ainda mais força, dificultando a penetração de adversários.
A presença de Marcos Rogério (PL) na disputa deve adicionar mais um complicador para Fúria. Em 2022, o senador tentou o governo, mas acabou derrotado por Marcos Rocha. Mesmo assim, ele segue como um dos principais expoentes da direita bolsonarista no estado e tem base eleitoral consolidada.
A divisão do eleitorado conservador entre Rogério e o candidato do União Brasil pode favorecer adversários, mas não necessariamente beneficiaria Fúria diretamente. Isso porque o PSD, ainda que aliado ao PSDB, não é um partido que se encaixa na linha ideológica bolsonarista. Uma possível federação pode agregar votos, mas a ausência de um alinhamento direto com Jair Bolsonaro pode dificultar a conquista de parte do eleitorado mais fiel ao ex-presidente.
Além disso, a eventual candidatura de Lúcio Mosquini (MDB), caso se confirme, fragmentaria ainda mais o cenário e dificultaria a formação de alianças no segundo turno. Mosquini, que deve deixar o MDB, pode atrair votos de setores da centro-direita e do agronegócio, área na qual Fúria ainda precisa ampliar sua inserção.
A candidatura de Adaílton Fúria ao governo de Rondônia em 2026 tem potencial, especialmente se a federação entre PSD e PSDB se consolidar e a chapa com Hildon Chaves se concretizar. No entanto, a força da máquina pública estadual, a presença de Marcos Rogério e a fragmentação do cenário político tornam o caminho tortuoso.
Para ser competitivo, Fúria precisará ampliar sua base eleitoral, conquistar apoios fora de sua zona de conforto e, principalmente, apresentar um projeto de governo que dialogue com as principais demandas do estado. A disputa está longe de ser definida, mas se há uma certeza, é que a eleição de 2026 promete ser uma das mais acirradas da história política de Rondônia.

AUTOR: INFORMA RONDÔNIA